Digestivo nº 106 | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

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DIGESTIVOS

Quarta-feira, 6/11/2002
Digestivo nº 106
Julio Daio Borges
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Imprensa >>> Fama e fortuna
Economia do Entretenimento. Trata-se de um novo termo cunhado por John Gray, professor da London School of Economics e autor de "Straw Dogs: Thoughts on Humans and Other Animals" (Granta Books, 2002, 240 págs.). Segundo o mesmo, períodos de estabilidade econômica seriam os mais propícios para o florescimento da chamada indústria do entretenimento. É o que nos conta Gianni Carta, em Carta Capital. Assim, desde o cinema, a música, a literatura até estultices como o culto à celebridade e os alardeados reality shows dependeriam de uma paz relativa, de uma certa tranqüilidade, de alguma bonança ou talvez mesmo prosperidade econômica. É uma boa explicação, provavelmente, para a Inglaterra. Mas e o Brasil, que mal viveu seu decênio de estabilidade e já desponta como um celeiro de ídolos de araque e beldades de uma semana? A culpa recai, facilmente então, sobre o Governo, e volta, mais uma vez, o eterno argumento da falta de educação (não só de modos). Outro dia, no Roda Viva da TV Cultura, um professor da FGV discutia com um Prêmio Nobel de Economia que, no Brasil, é mais eficiente um supletivo do que uma educação de base (leia-se "1º grau"). O Nobel, um norte-americano, recusava-se a acreditar mas, temos de convir, o professor da FGV há de ter razão. Juntando essa "falta de base" com a ausência quase completa de uma "cultura geral", tem-se, voilà, um cérebro praticamente entregue às boçalidades da mídia atual. É muito fácil, portanto, culpar o Governo. Em países como o nosso, no entanto, em que cidadãos atingem a maioridade semi-analfabetos, é responsabilidade da mídia, sim, completar sua educação. Jornalistas, em geral, são mestres em arranjar bodes expiatórios, mas, desta vez, têm de assumir sua parcela de culpa. Tirando o recorrente blablablá de "objetividade", "isenção", "ética jornalística", cada um já pensou no que está efetivamente fazendo pela formação (e não informação) do brasileiro? [Comente esta Nota]
>>> Na teia da fama
 



Música >>> Roots, bloody roots
Praticamente em silêncio, o que seria no mínimo contraditório para um disco do Sepultura, chegou às lojas "Under A Pale Grey Sky". A banda, que se separou há quase seis anos (data dessa última gravação, ao vivo na Brixton Academy), abriu mão da promoção em favor da gravadora. Max Cavalera, ex-vocalista, foi cuidar de seu novo conjunto, o Soulfly (já no terceiro álbum, portanto muito ocupado para qualquer "revival"); já Andreas, Igor e Paulo, que tentaram reestruturar o Sepultura com Derrick Green, encontram-se fechados em estúdio (compondo também para o seu terceiro disco, só que sem Max). É uma pena que, por disputas pessoais, eles venham a renegar um de seus melhores trabalhos. "Under A Pale Grey Sky" é o registro que faltava. Feito no momento em que o Sepultura vivia seus dias de glória: a turnê do álbum "Roots". Lançado naquele mesmo ano (1996), a versão em estúdio venderia mais de um milhão de cópias só nos Estados Unidos e marcaria indelevelmente a História do Rock. A mistura de guitarra, baixo e bateria com percussão e ritmos legitimamente brasileiros influenciaria toda uma geração de músicos. Do "Roots" original, estão presentes: "Roots Bloody Roots", "Attitude", "Cut-Throat", "Ratamahatta", "Breed Apart", "Straighthate", "Spit", "Dusted", "Born Stubborn", "Endangered Species" e "Itsári". Ou seja, tudo o que há de mais relevante. Isso basicamente dá conta de um CD. O outro fica reservado para covers, jams, homenagens e faixas dos álbuns "Chaos A.D." (1993), "Arise" (1991), "Beneath The Remains" (1989), "Morbid Visions" (1986) e "Bestial Devastation" (1985). Do primeiro, por exemplo, a quase fossilizada "Necromancer" (ainda do tempo em que o Sepultura dividia espaço em disco com o Overdose). Não falta também a menção honrosa a Chico Science ("Monólogo Ao Pé Do ouvido"), nem a devida apropriação de hits como "Polícia" (Titãs) e "Orgasmatron" (Mortorhead). Outras incursões instrumentais não ficam de fora ("We Who Are Not As Others" e "Kaiowas"); nem as clássicas mais pedidas ("Troops of Doom", "Innerself", "Arise" e "Territory"). Irretocável, "Under A Pale Grey Sky" chegou para vingar o fã que ainda não fez sua opção partidária (nem pelo Soulfly, nem pelo recauchutado Sepultura). [Comente esta Nota]
>>> Under A Pale Grey Sky - Sepultura - Roadrunner
 



Teatro >>> Baixarias
Jonas Bloch, Rogério Cardoso e Flávio Galvão. Três Homens Baixos. Um elenco e um título que impõem certa respeitabilidade. Ou não? Entre os atores: o primeiro é pai de Debora Bloch; o segundo, quase um espécime em extinção, da escola de Grande Otelo; o terceiro, praticamente sinônimo de televisão brasileira. E "Três Homens Baixos" evoca, em princípio, as "Três Mulheres Altas", de Edward Albee. Pois é. Mas nem tudo o que "parece", efetivamente, "é". Infelizmente, a montagem "Três Homens Baixos" descamba para o besteirol, para a chulice e para o humor rasteiro, que envergonhariam qualquer dramaturgo com um mínimo de amor-próprio (quanto mais um com pretensões a Albee). E para um trio tão experimentado, quanto Jonas, Rogério e Flávio, não é exatamente um desafio, muito menos um jeito de ganhar dinheiro, tampouco uma forma de atrair a atenção da mídia. O que é então? Fica a pergunta. A história é óbvia: a dos três amigos de escola que marcam encontros anuais sempre no mesmo bar. A estrutura, manjadíssima: força um "efeito catártico", de modo que cada personagem vai se abrindo para as demais. As revelações, antiqüíssimas: um é, lógico, "bicha"; o outro é, não muito difícil de adivinhar, "brocha"; e o último, qualquer um imaginaria, "corno". A partir daí, insere-se uma porção de "situações engraçadas" que, supostamente, prendem o público. Nada contra ser pouco original. Mas apelar para a mesmice a ainda descer ao nível dos piores humorísticos da tevê? Rogério Cardoso não precisava se fantasiar de Carmen Miranda; Flávio Galvão não precisava posar de rapazola viril; e Jonas Bloch não precisava reproduzir trejeitos e afetações típicas. Para completar, o Teatro Bibi Ferreira está muito sujo e descuidado. Que os encenadores e realizadores tenham mais respeito e atenção com o espectador da próxima vez. [Comente esta Nota]
>>> "Três Homens Baixos" - Teatro Bibi Ferreira - Av. Brigadeiro Luis Antonio, 931 - Tel.: 3105-3129
 



Internet >>> Noviças do vício
Na confusão das últimas manchetes, falou-se muito em viciados na internet. É preciso separar as coisas. O "gancho" foi certamente a World Wide Web, mas os jovens que "partiram desta para uma melhor" eram jogadores compulsivos de computador e não exatamente internet maníacos. Fora que a sua realidade era a da Coréia do Sul (e não a brasileira). Enfim, cabe aqui uma explicação. Kim e Lien Wen-cheng, as duas vítimas fatais dos "games" de computador, passaram respectivamente 86 e 32 horas jogando sem parar. Ou seja: Kim entrou numa sexta-feira à noite e saiu numa terça-feira de manhã, de uma "LAN house"; enquanto que Lien entrou numa quinta-feira de manhã e saiu num sábado também de manhã. Embora estivessem todo esse tempo na frente de computadores pessoais, e efetivamente trocassem a vida pela realidade virtual, a "culpa" por suas mortes não pode ser atribuída unica e exclusivamente à internet. Claro que a WWW também produz seus viciados, mas em outro nível. Os estudiosos de "e-behavior" ("e-comportamento", isso existe) costumam separá-los em duas categorias. As mais óbvias (por sexo): os homens, que procuram estímulos visuais (fotos, filmes, câmeras); e as mulheres, que buscam novos relacionamentos (chats, e-mails, ICQ). Os "dependentes" geralmente não conseguem passar muitas horas longe da Web; checam seus e-mails incontáveis vezes ao dia; e quase sempre são repreendidos por familiares e amigos que cobram sua presença (física). Existem inclusive testes para medir o grau de dependência de um internauta ou usuário de internet. Que se saiba, porém, ainda não foi noticiada nenhuma "vítima fatal". É certo que o ciberespaço funciona como uma forma de escapismo para sociopatas notórios; e é certo também que o "universo paralelo" está cada vez mais presente em nossas vidas. Acontece que isso não deve ser motivo para alarmismo; principalmente porque ainda não se conhecem os efeitos (positivos ou negativos); sem falar que existem outras formas de fugir da realidade (tão graves quanto, ou mais). [Comente esta Nota]
>>> O lado negro da banda larga | Symptoms of Internet Addiction | Internet Addiction Survey | Virtual-Addiction.com
 



Cinema >>> Cinema de Poesia
É famosa a frase de Wittgenstein em que ele afirma que se um leão falasse não seríamos capazes de entendê-lo. Em "Uccellacci e Uccellini" (1966), de Pier Paolo Pasolini, Totò e Ninetto Davoli, atendendo a um pedido de São Francisco de Assis (em pessoa), passam meses em meditação e finalmente se entendem com as grandes aves e os passarinhos. Pasolini, um dos grandes homenageados pela 26ª Mostra BR de Cinema, acreditava que o cinema era importante porque antecedia toda linguagem: comunicando por imagens - como a vida. Ao mesmo tempo, acreditava que sua "pesquisa cinematográfica" acontecia no campo da linguagem ("corporal", quem sabe?) e que, por isso, também no campo da filosofia. No documentário "Pier Paolo Pasolini e a Razão de um Sonho" (2001, de Laura Betti, igualmente na "Mostra"), o cineasta explica que uma pessoa é mais do que aquilo que fala, escreve, transmite através da linguagem; é também um modo de andar, um jeito de sorrir, uma presença e uma maneira de fazer-se presente na memória (quando parte, por exemplo). Pasolini foi um dos últimos grandes diretores a ter uma sólida formação literária, um apego à "palavra escrita", que as novas gerações simplesmente aboliram do currículo. Por isso, a sua obsessão em filmar os clássicos, como "O Evangelho Segundo Mateus" (1964), "Édipo Rei" (1967), "Medéia" (1970), "Decameron" (1971), "Os Contos de Canterbury" (1972) e "Saló - 120 Dias de Sodoma" (1975). E Pasolini, claro, foi poeta; não apenas da Sétima Arte, mas poeta de escrever poesia, com livros publicados, antes de sucumbir ao cinema e se lançar como roteirista de Frederico Fellini. É comum, hoje em dia, relativizar sua obra e destacar seu lado "agitador": comunista, homossexual, intelectual, etc. O paralelo que se traça com o Brasil remonta a Glauber Rocha, outro gênio da película e da polêmica. Nem sempre compreendidos por todos, embora de inteligência vibrante, dentro e fora do cinema. [Comente esta Nota]
>>> Retrospectiva Pier Paolo Pasolini | Pier Paolo Pasolini e a Razão de um Sonho
 

 
Julio Daio Borges
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