DIGESTIVOS
Quarta-feira,
10/12/2003
Digestivo
nº 152
Julio
Daio Borges
+ de 6300 Acessos
+ 3 Comentário(s)
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Imprensa
>>> Lounge cerebral
Na Fnac de Pinheiros, a revista estava lá atrás. Não chamava a atenção. Será que porque era bimestral? Ou porque se situava entre a “revista” e o “jornal” (como, por exemplo, a “Caros Amigos”)? Junto com publicações acadêmicas, títulos excessivamente “elevados” e aqueles lançamentos que “morrem” logo no primeiro ou no segundo número (como “O Nó Górdio”, por exemplo). (O pessoal da loja não deve ter entendido...) Era a “Argumento”, uma “livraria em revista”. Com recheio de Sérgio Augusto, Ruy Castro, Sérgio Cabral e Luis Fernando Verissimo. (Tamanha negligência só pode ser explicada por quem não abriu a revista.) Afinal, a “Argumento” tem uma história. Surgiu em 1973 como uma forma de “resistência” (o adágio é de Paulo Emílio Salles Gomes: “Contra fato, há Argumento”); foi perseguida e virou livraria – uma das mais célebres do Leblon. Voltou agora; como “revista”. Ao lado dos citados “cobras”, em colaborações inéditas, estão documentos de época, como uma carta de Ênio Silveira (o fundador da editora Civilização Brasileira) e um artigo bombástico de Antonio Callado (o “mais inglês dos ingleses”, segundo Nélson Rodrigues; também autor de “Quarup”). Uma “orelha” de Millôr Fernandes (para o “Jornal Dobrabil”, de Glauco Mattoso) e um texto de Heloísa Fischer (editora do guia “VivaMúsica!”; correspondente, no Rio, da Rádio Cultura) convivem harmonicamente. Do mesmo jeito: uma “memória” de Moacir Werneck de Castro (sobre Vinicius de Moraes) e uma crônica de Scarlet Moon (a irmã do Roniquito de Chevalier; a mulher do Lulu Santos). A lista de nomes fala por si. Mas a família Gasparian (Laura, Eduardo e Marcus – editores e “publishers”) não descansa. Para o próximo número (de dezembro/janeiro) a surpresa fica por conta de Lúcia Guimarães (a mesma do Manhattan Connection) – escrevendo sobre “blogs”. A essa turma, que fez miséria no reino das letras brasileiras, só podemos desejar “boa sorte”. Lembrando, porém, do conselho do mesmo Guru do Meyer: – Para preparar os melhores pratos, é preciso mais que os melhores ingredientes; é preciso, também, o melhor cozinheiro.
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>>> Argumento
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Literatura
>>> O herói devolvido?
Para quem não sabe, Marcelo Mirisola é considerado uma das revelações da nossa literatura. É difícil dizer quem o referendou; existe uma história (recente) da proteção fornecida por Manuel da Costa Pinto, quando tentaram censurá-lo na “Cult”; também a polêmica reportagem da “Trip”, que, como Millôr Fernandes fez com Woody Allen, chamou-o de “loser” (ou “nerd”, tanto faz) que deu certo. Mirisola é ainda amigo de Mário Bortolotto, o homem de teatro por trás do vanguardista “Cemitério de Automóveis”, que andou adaptando suas obras. Mas será que isso tudo basta para uma “consagração”? Para terminar, Mirisola proclama que vive “sem grana”, que o tempo de hoje não é o da literatura e que Big Brother é “Dostoiévski sem cérebro” (apud Pedro Bial). Pode até parecer interessante para uma “personalidade”, mas seus livros – que deveriam justificar toda essa “promoção” – não o são. Pelo menos, não esse “Bangalô” (2003): 125 páginas de confissões. Mirisola é, no máximo, um cronista – daqueles que destilam suas misérias. Dá muitas voltas para (não) falar de si próprio – e está lá em todas as folhas. Se fosse autodestrutivo, romântico e trágico, talvez desse uma versão anos 2000 para Carlinhos Oliveira, o “Órfão da Tempestade” – que não rendeu literatura (só crônica), mas que cresceu em função do folclore. Há, porém, uma contradição flagrante. Se os bêbados míticos do jornalismo brasileiro viveram demais e escreveram de menos, a geração “Mirisola” escreveu demais e viveu de menos. São montanhas de orgias, drogas, barbarismos e excrementos. No papel. Na realidade, o sujeito continua o mesmo gordinho bonachão de sempre. Uma persona literária altamente inverossímil, portanto. Parece querer usar seus escritos para “comer” quem não “comeu”, “tomar” o que não “tomou”, “agredir” quem não “agrediu”... E lamentavelmente não são poucos os “Mirisolas”. Qualquer um que já teve algum contato com o “métier”, deve ter topado com aquele tipinho clássico: entre 30 e 40 anos, “artista”, vociferando contra o mundo, enquanto se esconde debaixo da saia da mamãe (não necessariamente a genitora). Certamente um excelente caso para a psicanálise; mas não para a literatura.
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>>> Bangalô - Marcelo Mirisola - 125 págs. - Editora 34
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Internet
>>> Cybercrime Lab
E para quem já se sentia derrotado na guerra contra o spam, parece ter surgido uma ferramenta. Não é nova. Já havia sido divulgada na revista “Carta Capital” (enquanto os outros veículos preferem perpetuar o mal...). Trata-se do “MailWasher”, de Nick Bolton. Em realidade, como software é bastante óbvio, e surpreende que a Microsoft não tenha incorporado suas funcionalidades na nova versão do Outlook Express (será igualmente conivente com a praga do spam?). Funciona da seguinte maneira: o MailWasher, depois de instalado, gerencia uma ou mais (na versão paga) contas de e-mail direto no servidor. Ou seja: não faz o “download” das mensagens; apenas dos cabeçalhos, das 20 primeiras linhas e de mais alguma informação (se for o caso). Assim, o usuário (ou a vítima) pode identificar o agressor antes que ele aporte na sua caixa postal. Além de “deletá-lo”, é possível inscrevê-lo na “blacklist” (que filtra os e-mails entrantes). A “novidade”: fora a lista de “maus elementos”, o cliente pode ainda criar uma lista de “amigos” – de modo que não precisa misturá-los com spam. Soa confuso, mas é terrivelmente simples. E até lúdico. O MailWasher, além de varrer o spam, devolve uma mensagem de erro – de modo que o remetente (ou agressor) considera isso uma prova de que o e-mail (da vítima) não existe. É a solução final para o problema do spam? Provavelmente não. Erradicar o mal depende de iniciativas de empresas, não de indivíduos – como eu, você e Nick Bolton. O consumidor se defende, mas não tem poderes de polícia – apesar do “SpamCop” e do “Firetrust” (ambos parceiros do MailWasher). Ainda mais no Brasil, em que a legislação de internet engatinha (malgrado o livro de Patrícia Peck). Já somos o segundo país em produção de hackers; que não o sejamos também em matéria de spam.
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>>> MailWasher | SpamCop | Firetrust
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>>> EVENTOS QUE O DIGESTIVO*** RECOMENDA
(CN - Conjunto Nacional; VL - Shopping Villa-Lobos)
>>> Noites de Autógrafo
* Procurar Emprego Nunca Mais! - Marco Roza (2ª f., 8/12, 18h30, VL)
* Ser longe - Fernando Moreira Salles (2ª f., 8/12, 19hrs., CN)
* Boca do Lixo - Silvio de Abreu (3ª f., 9/12, 18h30, CN)
* Coleção MAC Collection - Teixeira Coelho e Martin Grossmann (4ª f., 10/12, 18h30, CN)
* Os 50 Melhores Artigos - Stephen Kanitz (4ª f., 10/12, 19hrs., VL)
>>> Palestras
* Ooó Do Vovô: Correspondência De João Guimarães Rosa, Vovô Joãozinho, Com Vera e Beatriz Helena Tess - José Mindlin, Antonio Candido, Vera Tess e Beatriz Helena (5ª f., 11/12, 19hrs., VL)
* Mínimos, Múltiplos, Comuns - João Gilberto Noll (Sáb., 13/12, 17hrs., VL)
>>> Shows
* Música das Nações - Olga Kopylova, pianista titular da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) (2ª f., 8/12, 20hrs., VL)
* Big Jam - Traditional Jazz Band (6ª f., 12/12, 20hrs., VL)
* Música Brasileira de Compositores Vivos - Grupo AUM (Dom., 14/12, 18hrs., VL)
** Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos: Av. Nações Unidas, nº 4777
** Livraria Cultura Conjunto Nacional: Av. Paulista, nº 2073
*** a Livraria Cultura é parceira do Digestivo Cultural
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Julio Daio Borges
Editor
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
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5/12/2003
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08h30min
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Olá, Julio, tenho sempre que posso visitado o Digestivo Cultural e sempre divulgado no VMD/Nascente. Aprecio bastante seu trabalho e gosto demais. Agora vou linká-lo no Guia de Poesia, na próxima atualização. Quando estiver atualizado, aviso. Parabéns e um abração fraterno Luiz Alberto Machado
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5/12/2003
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09h30min
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Parabéns pelo site, sou estudante de jornalismo e costumo visitá-lo com freqüência, aprecio o conteúdo de ótima qualidade e o layout bem organizado e de fácil acesso.
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21/8/2005
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17h23min
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Quando vi (li) Mirisola na Cult, tomei conhecimento de que estava em um "mundo pornográfico meio Caio Fernando Abreu", mas sem a poesia necessária que o autor gaúcho sempre teve, sem os blues, as citações literárias. O que sobrou então foram as drogas misturadas com Silvio Santos em seu Show do Milhão e talvez, quem sabe nas entrelinhas, ainda com o Show da Xuxa adicionado levemente com direito a paquitas de short –taração pedófila?– e tudo mais. A imagem de uma falida classe média, aparentemente retratada no livro... Só poderia sobreviver com alguns vídeos pornôs e algum tipo de droga, qualquer uma que faça efeito durante o fim de semana, por favor.
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