DIGESTIVOS
Sexta-feira,
4/11/2005
Digestivo
nº 251
Julio
Daio Borges
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+ 3 Comentário(s)
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Literatura
>>> Um expurgo
Com exceção talvez do Rascunho, publicações, suplementos e cadernos literários sofrem com a praga de apresentar sempre os mesmos nomes. Nada contra os mesmos nomes, mas eles acabam produzindo resenhas, críticas e colunas altamente previsíveis a longo prazo. A desculpa, por parte desses nomes, é a baixa remuneração. Ganham pouco, então têm de estar em todos os lugares ao mesmo tempo, para ganhar alguma coisa. E quem fica com o prejuízo, na verdade, é o leitor. Corajosamente, o Suplemento Literário de Minas Gerais – até há pouco mais um “pouso certo” para as nossas unanimidades literárias – conseguiu quebrar esse ciclo. Foi na gestão de Camila Diniz Ferreira (editora) e Eleonora Santa Rosa (secretária da cultura), a partir de julho deste ano. Tiraram o pó de Affonso Romano de Sant’Anna, e dum conselho editorial desse mesmo naipe, e estão publicando pessoas de quem aparentemente nunca se ouviu falar. Corações ao alto! E o resultado tem sido excelente. Não só por esse fator, mas por sentirmos o frescor das idéias novas (coisa rara nas revistas e nos jornais). Em agosto, eles tiveram a desfaçatez de publicar Pascal Quignard e, em setembro, Mary Woodbury. Em agosto, de novo, Arturo Carrera e, em setembro, Ildeu Brandão. Fora isso, o Suplemento está descaradamente mais moderno, em sua programação visual, – novidade – sem gastar rios de dinheiro. Publicando, além de poesia de qualidade (ainda existe?), trabalhos muito delicados de artistas plásticos (não tinham ido todos virar instalação?). Agora, afora o Rascunho, temos outro suplemento literário legível e aproveitável, o de Minas Gerais. Vamos ver quanto tempo eles resistem à invasão da Geração 90 e da, ainda incipiente (mas já “atuante”), Geração 00. Como se disse de Paulo Roberto Pires, via No Mínimo, eles querem acabar com a nossa (parca) literatura...
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>>> Suplemento Literário de Minas Gerais | The back of my hands | Ato falho | Suicídio da razão
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Gastronomia
>>> O Conselheiro também bebe (e come)
Ao contrário da maior parte das empresas de bebida no Brasil, a Bier&Wein nunca se contentou em fazer o velho jogo do “marketing” em relação a estabelecimentos e consumidores. Pois, como sabemos, a estratégia, das majors de bebidas (você sabe quais), para com bares e restaurantes, é instaurar o monopólio e/ou criar a dependência econômica-financeira; já, para com os consumidores, é sufocá-los à base de garotas-silicone, num mau gosto típico dos cartazes de borracharia e oficinas mecânicas (nada contra borracheiros e mecânicos). Assim, em 2004, a Bier&Wein, introdutora da Erdinger no Brasil, inovou com o Circuito Erdinger Kiss FM, percorrendo uma série de bares e, em alguns meses, arregimentando um pequeno exército de apreciadores de cerveja de trigo, de bons pubs e do glorioso classic rock. Agora, em 2005, o foco da Bier&Wein é a Warsteiner. A importadora planeja, para o dia 24 de novembro, uma bela festa em comemoração aos 252 anos da bebida. Com o conceito “Open mind, open bar e open show”, o marketing da Bier&Wein deseja introduzir, mais uma vez, novas idéias, numa “Open Fest”, em que o chope Warsteiner será gratuito, em suas versões claro e escuro, no embalo de uma trilha sonora especial – The Mother Funkers, Tatá Aeroplano (Jumbo Elektro) e Naná (Coletivo Virtual) –, em pleno Espaço 220, próximo ao Tom Brasil Nações Unidas. Para ter acesso à Open Fest, basta consumir o mesmo chope Warsteiner e colecionar tulipas ou “WS coins”, em estabelecimentos credenciados – como Rey Castro, Ton Ton Jazz, Cantina do Piero e Folha de Uva (a lista completa está no site) – já desde 24 de outubro. São 25 tulipas ou WS coins (cada tulipa equivale a um chope), para ingressar na Open Fest de graça. Você há de concordar que é muito mais inteligente do que afogar o consumidor com caras&bocas de aspirantes à capa da Playboy – ou não? Ah, e tem a promoção da rádio Eldorado.
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>>> Warsteiner Open Fest - Bier&Wein
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Música
>>> Oh, vê como o universo resplancede!
Para quem evita o Theatro Municipal a todo custo, vale lembrar que o acesso a ele melhorou muito. Pelo menos nos eventos do Mozarteum Brasileiro, em que é possível usufruir de um serviço de valet parking (que vale!) logo na porta do teatro e retirar, na saída, o carro no mesmo lugar. Antes, nem pensar: era preciso disputar a tapa espaços na calçada do Municipal, enquanto “guardadores de carro” colecionavam notas de “dez real” sem a menor responsabilidade de estar lá, algumas horas depois, quando o espetáculo se encerrava (aliás, como é praxe). Com essa tranqüilidade, foi possível “fruir” a apresentação do Trio Jean Paul, pela Temporada 2005 do Mozarteum. Como se não bastasse, ouviu-se nada mais nada menos que o Trio para piano e cordas nº 1, op. 49 em ré menor, de Mendelssohn-Bartholdy, considerado “o mais belo trio já composto”, na época de sua primeira audição. E o Trio Jean Paul encarou o desafio do mestre Beethoven, logo de saída, ao executar justamente seu Trio para piano e cordas nº 2, op. 70 em mi bemol maior. E teve como intermediário, entre Mendelssohn e o gigante de Bonn, Frank Martin, falecido em 1974, para dar aquele toque necessário de modernidade. Eckart Heiligers, ao piano, inclusive deu bastante trabalho a seu auxiliar, um jovem aspirante que virava atentamente, da partitura, as folhas. O sincronismo com Ulf Schneider, ao violino, e Martin Löhr, ao violoncelo, esteve mais que perfeito. Surpreendendo mesmo àqueles que já viram a cena milhares de vezes: por que os músicos eruditos não precisam contar antes do primeiro compasso – como os populares, no seu conhecido “1, 2, 3, 4” – e, mesmo assim, nunca erram o andamento (nem se atrapalham)? É uma questão pueril talvez para o Trio Jean Paul. E mesmo que o Theatro Municipal não tivesse mostrado a receptividade (leia-se a infra-estrutura) de agora, tudo teria sido compensado.
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>>> Trio Jean Paul - Mozarteum Brasileiro
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>>> EVENTOS QUE O DIGESTIVO RECOMENDA
>>> Palestra
* II Semana de Moda e Cultura - Marketing e comunicação de moda / Reflexões sobre a moda - João Rodolfo / João Braga
(Seg., 07/11, 19hs., CN)
>>> Noites de Autógrafos
* O Valor do Amanhã - Eduardo Giannetti da Fonseca
(Seg., 07/11, 18h30, CN)
* Cultura & Elegância - Jaime Pinsky (Org.)
(Qua., 09/11, 18h30, CN)
* Meu Querido Vlado - Paulo Markun
(Qua., 09/11, 19hs., VL)
* Segurança Corporativa e Estratégica - Marcos Mandarini
(Qui., 10/11, 18h30, CN)
* Natureza Jurídica dos Fundos de Investimento - Ricardo Freitas
(Qui., 10/11, 18h30, VL)
>>> Shows
* Blues II - Traditional Jazz Band
(Sex., 11/11, 20hs., VL)
* Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos (VL): Av. Nações Unidas, nº 4777
** Livraria Cultura Conjunto Nacional (CN): Av. Paulista, nº 2073
*** a Livraria Cultura é parceira do Digestivo Cultural
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Julio Daio Borges
Editor
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
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28/10/2005
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16h04min
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Julio: não é que alguns leitores não são civilizados (rs), é que alguns editores não se vingam, não fecham... então, como eles, leitores, iriam perceber a selvageria? Ficaram raivosos por não terem agradado o suficiente... Mas, valeu! Assim teremos mais espaço. Abraços.
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4/11/2005
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12h03min
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A resenha de Julio Borges, "Um expurgo", em parte pode ser considerada verdadeira. Por um lado, de fato temos sentido a ausência de novos nomes e experimentações no cenário das publicações litetárias. Por outro, não é verdade a máxima, conforme o autor quer fazer crer, de que somente a partir de julho o Suplemento Literário de Minas Gerais começou a experimentar coisas novas e com qualidade. Acompanhei, como já venho fazendo há um tempo, a gestão do poeta e escritor Fabrício Marques à frente da publicação. Pude constatar que o seu trabalho seguia uma linha original, na qual tanto os já conhecidos nomes do mundo literário quanto os autores novos, bem como experimentações, foram contemplados. Apenas faço esse registro para que as letras desse breve artigo não cometam uma grande injustiça.
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4/11/2005
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17h08min
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Julio, por favor, diga-me, como puder, um jeitinho de descolar um Suplemento Literário de Minas Gerais, edição de Agosto, sobretudo pelo Pascal Quignard, autor que me é indispensável desde "Todas as manhãs do mundo", roteiro para o filme do Alain Corneaux e "Ódio à Música", um dos mais intensos e belos livros sobre música que encontrei. Não exercendo o jornalismo, tenho a felicidade de me aproximar dessas publicações por puro prazer, e constato algumas efemérides de rara beleza, como em julho de 2003 no Rascunho, onde uma luminosa matéria sobre a poesia de Jorge Guillém me deixou sonhando até hoje, e na Cult de janeiro, quando Maria Aparecida Barbosa causou maravilhoso assombro numa introdução de Hoffmann. Quero esse Pascal Quignard. Como o encontro? Baccios.
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