DIGESTIVOS
Sexta-feira,
18/11/2005
Digestivo
nº 253
Julio
Daio Borges
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+ 1 Comentário(s)
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Música
>>> Cosmonauta
Juarez Maciel vem, com fôlego, gravando um álbum por ano. Não é à toa que, recentemente, desovou os dois melhores discos de sua produção. No ano passado, Novecores, com letras e canções; este ano, Objeto Sonoro, instrumental, mas uma vez com o Grupo Muda. É muito provável que o último seja uma obra-prima. Acontece que a música de Juarez Maciel segue inclassificável. E os resenhistas – todo mundo sabe – quando não conseguem classificar, fogem e alegam qualquer motivo menor. Pedro Alexandre Sanches, uma vez, alegou a Leandro Carvalho não ter como avaliá-lo. Mas podia, ainda assim, divulgá-lo. Ou não? A imprensa foge; a imprensa tem verdadeira ojeriza ao novo. E Juarez Maciel, dos “novos compositores populares”, é talvez o mais ambicioso. Depois do irmão Pedro Maciel, e do defunto-autor Waly Salomão, anuncia uma parceria com nada mais nada menos que Fabrício Carpinejar. Sim, o maior poeta de sua geração. Agora também “poetinha”? Objeto Sonoro – vamos tentar classificar – é minimalista. Juarez Maciel, ao piano, é minimalista. Juarez acredita que, depois de gente como Joseph Beuys, não há como se derramar sobre as teclas pretas e brancas. Estuda os mestres como qualquer músico sério, mas não acredita em arroubos à la Lizst e – para usar um exemplo mais pedestre – Yamandú Costa. E um dos maiores prazeres, fora ouvir Juarez Maciel tocando, é conversar com Juarez Maciel sobre música. Ouviu tudo; sabe de tudo. Desde a singela última briga de Caetano com Paulinha até os segredos íntimos daquela banda dos Estados Unidos que ensinou o bê-á-bá a Los Hermanos. Acompanha diagonalmente o noticiário de música brasileira, comme il faut. E não manda notas comezinhas, dá apenas recados essenciais. Taí: talvez seja uma boa definição. Escute, ouça e tire a sua própria conclusão.
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>>> Objeto Sonoro - Juarez Maciel
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Gastronomia
>>> O Conselheiro também bebe (e não dorme)
Quem conhece a rede DPaschoal – aquela, animada no comercial, um tempão atrás, pelo Nestor – não pode imaginar que seu dono, Luís Pascoal, seja também um empresário finíssimo do ramo do café. E, além de finíssimo, simpaticíssimo, envolvente e incapaz de aceitar um “não” como resposta. Pois com a mesma tenacidade que Luís Pascoal parece ter erguido a marca que leva seu nome, ele está conduzindo agora uma porção de iniciativas louváveis em torno do café brasileiro, do nosso café. Pascoal é cafeicultor, proprietário da Fazenda Daterra, cuja produção já foi premiada com todos os selos possíveis e imagináveis no que diz respeito a Coffea arabica: “Excellence in Quality and Sustainable Agriculture” (da Rainforest Alliance); quinto lugar no concurso de café sustentável da Speciality Coffee Association of America; e responsável por 100% do blend do vencedor do Concurso Mundial de Baristas em Seatle. Mas Luís quer mais: quer mudar a mentalidade do brasileiro em relação a café. Através de um empreendimento pioneiro, quer consolidar, no Brasil, o conceito de café especial ou café gourmet. Por meio do Ateliê do Café, que tem uma base moderníssima na internet, quer fazer a ponte entre os produtores e os consumidores desse tipo de café. Quem participou de uma de suas degustações, sabe quão ambicioso é o projeto de Luís Pascoal: por meio do Ateliê do Café, ele não quer apenas funcionar como uma “cooperativa”, reunindo grãos especiais e apresentando-os a um público seleto, ele quer transformar a própria cultura do café. Talvez, por isso, tenha publicado já seu próprio Guia Prático para Apreciadores de Café, pela Editora Fundação Educar Dpaschoal. E a julgar pelo otimismo e pelo carisma de Luís Pascoal, ele vai chegar lá.
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>>> Fazenda Daterra | Ateliê do Café | Editora Fundação Educar DPaschoal
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Internet
>>> Sem Fronteiras
Cada dia pede uma música diferente? Pode ser. É o que parece nortear Edgard Costa e seu podcast, GavezDois. Direto de Sintra, Portugal, podemos imaginar ele acordando de manhã, tendo alguma inspiração, selecionado e mandando bala no repertório... Todo dia tem programa novo no site; nunca falha. Ele começou com essa brincadeira em agosto e, até agora, são 64 programas. Ops: 65, 66, 67, 68... É o podcaster mais prolífico da internet. Edgard, na verdade, é um brasileiro que saiu do Brasil. Está em Portugal mas também não explica por quê. Não gosta de falar de si. Quando cansa de falar no podcast, por exemplo, manda uma outra pessoa. Às vezes liga pra alguém, no ar, quando sente solidão. Muito raramente conta das festas que animava quando – no seu português de Portugal – era “discotecário”. Ganhou muita grana, conta, embalando as festinhas dos amigos todo final de semana. Ganhou mas também gastou: em equipamentos; em música. Claudia Assef devia tê-lo incluído na sua compilação Todo DJ Já Sambou. Talvez numa próxima edição... – sobre podcasters DJs. (Claudia, quando sai?) Edgard Costa toca de tudo. Mas não é um eclético xiita e chato, que se justifica na própria falta de gosto. Tem dia em que manda Bach; tem dia em que manda seleções do Trama Virtual. Tem dia em que manda Philip Glass; tem dia em que ataca de rock progressivo. Tem dia em que descola um samba; tem dia em que apela pra trilhas. É um melômano. Acompanhá-lo e, ao mesmo tempo, percorrer todo seu arquivo é impossível. Se continuar nesse ritmo, vai entrar pra História; se não continuar, também vai.
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>>> GavezDois
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>>> EVENTOS QUE O DIGESTIVO RECOMENDA
>>> Palestras
* Mundo Sustentável – Abrindo espaço na mídia para um planeta em transformação - André Trigueiro
(Seg., 21/11, 21h00, VL)
>>> Noites de Autógrafos
* Bivar na Corte de Bloomsbury - Antônio Bivar
(Ter., 22/11, 18h30, CN)
* Muitas vidas, uma só alma - Brian Weiss
(Ter., 22/11, 19h30, VL)
* Turismo de Aventura - Ricardo Ricci Uvinha (Org.)
(Qua., 23/11, 18h30., VL)
* Calentura - Teresa Cristófani Barreto
(Qui., 24/11, 18h30, CN)
* Campeões de Vendas - Glauber Robson
(Qui., 24/11, 19h00, CN)
>>> Shows
* O Choro e sua história - Izaías e Israel Bueno de Almeida
(Qui., 24/11, 19h30., VL)
* Chicago Breakdown - Traditional Jazz Band
(Sex., 25/11, 20h00, VL)
* Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos (VL): Av. Nações Unidas, nº 4777
** Livraria Cultura Conjunto Nacional (CN): Av. Paulista, nº 2073
*** a Livraria Cultura é parceira do Digestivo Cultural
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Julio Daio Borges
Editor
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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
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21/11/2005
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19h33min
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Mas, Julio!!! Quem culpado é pelo triste inclassificavelismo (rs) senão os próprios compositores, intérpretes, que atualmente, quando se reunem, é para desfiar estratégias marketeiras, táticas de ganhar espaços e etcéteras (com algumas mesas de excessões)? Pound falou: "the best criticism comes from the man who makes the nest job". E Baudelaire, em quem Ezra jamais se apoiou: "a humanidade caminha da experiência para o conhecimento". Falta uma distinção óbvia de termos, no que concerne à crítica e à erudição. É fatalmente indispensável o gênio erudito de um Otto Maria Carpeaux, mas para compilar a essência do que formos "classificando", em deliciosas cervejas, regadas à música, poesia, sexo e conversas outras, que até admitem, algum palpite mercadológico. E baccios do Mário a todos.
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