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Segunda-feira,
23/1/2006
Fotografia
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 263 >>>
Pasolini afirmava que o cinema era a arte mais próxima da representação da vida, porque era a única que poderia retratá-la em três dimensões. De fato, Vinicius de Moraes vem sendo homenageado desde 2003, ocasião de seus 90 anos, mas pouco espaço a ele havia sido dedicado em matéria de sétima arte (descontando-se, talvez, Orfeu (2000), de Cacá Diegues, no conjunto mais uma adaptação questionável). Vinicius, de Miguel Faria Jr., preenche bem essa lacuna. Primeiro, porque é um documentário, em que o próprio Vinicius de Moraes ganha destaque. Segundo, porque é enriquecido com depoimentos de ilustres convidados. E terceiro, porque a música de Vinicius, a trilha sonora do filme, continua uma das mais representativas do Brasil do século passado. Não existem grandes novidades, ou teses reveladoras, nesse Vinicius – até porque, como falou Mauro Dias, a vida de Vinicius de Moraes era praticamente pública. Esteticamente (ou artisticamente) falando, para ser mais exato, não encontra surpresas quem já conhece a obra. É na esfera da intimidade – nem sempre 100% pública, aliás – que estão os achados desse documentário. Desde os mais prosaicos, como a revelação de Chico Buarque de que, mesmo depois de nove mulheres (oficiais), o Poetinha ainda se importava – do ponto de vista anatômico – com sua performance sexual... até a constatação da própria decadência física (generalizada), revelação feita por Edu Lobo, a quem o Poeta&Diplomata, nos últimos anos, desconcertantemente perguntou: “Você está com dó do seu Parceirinho, não está?”. No fundo, é o que mais toca no documentário: Vinicius de Moraes caminha, lenta e inexoravelmente, para o suicídio etílico. Sim, ele não caberia no Brasil de hoje, como diz o autor de “A Banda” – mas talvez o mundo de hoje não fosse tão leniente, quanto o foi o outro, com a sua degradação.
>>> Vinicius
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Julio Daio Borges
Editor
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