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Quarta-feira,
21/6/2006
Making it new
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 284 >>>
Enquanto alguns poetas ainda tentam conquistar, com manifestos, os meios de difusão de massa – em termos de poesia, uma das investidas mais equivocadas –, o professor João Adolfo Hansen inaugura, na Casa do Saber, uma espécie de Sociedade dos Poetas Mortos. Claro que sem o emocionalismo fácil do filme e sem os olhos para sempre marejados de Robin Williams. Com poesia de verdade, quero dizer. Falando para gente interessada. (Poetas que querem mais do que isso é porque não entenderam nada.) Em 2005, o professor Hansen, oriundo da faculdade de Letras da USP, perscrutou os poetas modernos brasileiros (atenção, poetas novos do século XXI, eles não são muitos: Bandeira, Drummond, Murilo e Cabral). Neste ano, por sugestão de Mario Vitor Santos, diretor da Casa, Hansen resolveu encarar os Pais Fundadores da poesia moderna no globo: Baudelaire, Rimbaud, Mallarmé, Eliot, Pound e Rilke (ei, autores novos: dá dois ou três por século, mais ou menos). Embora não tenha incluído os Irmãos Campos no seu cânone de brasileiros, João Adolfo Hansen se serviu bastante deles quando a leitura demandava traduções (ou “transcriações”). E, como que nesse impulso, um dos pontos altos do curso foi Mallarmé; outro foi Pound. Baudelaire, eternamente magnífico, à forma não apela tanto hoje – porque era alexandrino, e porque Cabral, aqui, lamentou, por exemplo, que o “dodecassílabo”, de tão nocivo, devia estar na nossa constituição. A linguagem como um mundo fechado em si mesmo ainda impressiona, mas, em Hansen, o que vale é a erudição. (A capacidade de cruzar informações as mais variadas.) Com Mario Vitor, ele agora trama um curso de poetas clássicos... Quem seriam? Homero, Virgílio, Dante e Shakespeare? Seja lá quem for, está nos salvando da banalidade do hoje.
>>> Casa do Saber
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Julio Daio Borges
Editor
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