DIGESTIVOS
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Terça-feira,
11/7/2006
Con molto sentimento d’affetto
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 287 >>>
Para o leigo que observa a série de concertos de música clássica na cidade como um bloco fechado, não parece haver diferença entre as temporadas. A olho nu, a Sociedade de Cultura Artística se confunde com o Mozarteum Brasileiro, enquanto que a Osesp, polarizada pela figura de John Neschling, parece correr por fora – por serem “os nossos músicos” tocando... Não é nada disso; são, sim, orquestras em muitos casos, mas a análise concerto a concerto prova que, mesmo dentro de uma única temporada, pode haver enorme variedade. Nesse contexto, mesmo para quem não separa conteúdo de forma, a temporada de Concertos BankBoston se destaca – por ser, sempre, uma atração mais intimista, de música de câmara. A exemplo do que aconteceu em meados de junho, com o brasileiro José Feghali, ao piano, e a violoncelista norte-americana Alisa Weilerstein, de apenas 24 anos. Embora cronologicamente precoce, Alisa executou bravamente Beethoven, soube conferir brilho a Brahms, respeitou Debussy e, com apoio de Feghali, ofereceu um bis com um denso Chopin (a história do folheto evocava o compositor fragilizado dos últimos anos...). José Feghali, além de exímio ao seu instrumento, revelou-se simpaticíssimo. É curioso: os músicos, nos Concertos BankBoston, se sentem tão à vontade que não é raro vê-los conversar com a platéia. O auditório permite. E não é uma “explicação” técnica (ou didática), à la Neschling, mas, sim, um bate-papo franco – sobre a obra a seguir, também, mas, sobretudo, abordando um “estado de espírito” e uma situação (a postura de Daniel Taylor, portanto, não foi exceção). Outro ponto interessante: os assinantes dos Concertos parecem se conhecer de longa data – sentam-se lado a lado e cumprimentam-se no intervalo. Para além da música de qualidade, não é à toa que a temporada BankBoston tem a fama de ser a mais civilizada. Oxalá a fusão com o Itaú não desfaça essa mágica.
>>> Concertos BankBoston
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Julio Daio Borges
Editor
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