Digestivo nº 332 >>>
O Mexilhão talvez seja a maior prova de que os tradicionais restaurantes de frutos do mar nunca caem de moda na capital. Ainda que tenhamos visto a ascensão e a queda de casas como o Dalmo Bárbaro (que tentou estender, no Itaim, seus domínios, para além do Guarujá), o Mexilhão está desde 1970, com a mesma chef francesa, servindo iguarias como a Casquinha de Siri, que praticamente lançou em São Paulo, Coquilles Saint-Jacques, Moqueca de Camarão, Bacalhau ao Forno e sua Paelha à Mexilhão (para duas pessoas), na mítica rua Treze de Maio, no bairro da Bela Vista. O Mexilhão não parece preocupado com as novas tendências da alta gastronomia, prefere garantir a qualidade – altíssima, como gostam de frisar os proprietários – de seus produtos, buscando peixes e frutos do mar nos lugares certos: lagostas, por exemplo, no Nordeste; pescadas e linguados, no Sul; lulas, no Rio e em Santa Catarina; camarões, desde Cananéia até o Espírito Santo; e o Salmão – por quê não? – no Chile. E em vez de chamar arquitetos renomados para redesenhar o interior e a fachada, o Mexilhão prefere manter os bem-sucedidos motivos náuticos, como quadros de conchas, nós de marinheiro, até o aquário com peixes ornamentais direto da Austrália e um autêntico timão de navio, para recepcionar a clientela, que é especialmente restaurando a cada reforma. E, em meio a tantas especulações sobre processos de conservação (por conta da inauguração do portentoso Porto Rubayat), o Mexilhão garante o frescor e a qualidade do que serve com um frigorífico especialmente projetado para a casa, onde peixes e frutos do mar são limpos e guardados a vácuo. Por essas e por outras, a experiência no Mexilhão é única. E vale cada centavo.
>>> Mexilhão
Bom texto. Deu água na boca e saudades. Fui uma das primeiras clientes do Mexilhão e permaneci fiel, indiferente às novidades, nouvelles (et anciennes) cuisines. Talvez tenha sido a maior glutona da casa, invictamente só devorando seu magnífico camarão na moranga. Outros bons restaurantes, em outros países, em outro Brasil... Mas é de São Paulo, onde não moro mais, uma das pouquíssimas boas lembranças dessa cidade autofágica: o Mexilhão ocupa um enorme espaço em meus sonhos gustativos. Mandem lembranças!
Desde pequena meu pai me levava pra almoções no mexilhão, às vezes ia a tiracolo, de bicão, qdo ele se reunia com os amigos lá, às vezes iamos os dois matar a fome rapidinho! Meu pai se foi e esse é um dos lugares q sempre volto pra lembrar da nossa amizade! Grande restaurante!!!