Digestivo nº 339 >>>
Com a passagem da exposição sobre Darwin pelo Masp, a Geração Editorial relançou sua biografia que causou, em 1995, furor e que foi, inclusive, best-seller nacional. Richard Dawkins, uma eminência no assunto hoje, nos conta que, diferentemente de gênios do humanismo como Freud e Marx, Darwin e Einstein extrapolaram, com suas “teorias”, o nosso planeta, a ponto de o evolucionismo de um e a física do outro serem aplicáveis para além da Terra (ao contrário dos pais, respectivamente, da psicanálise e do comunismo, cujas teorias se restringem “apenas” à humanidade). E o mérito do livro de Adrian Desmond e James Moore, publicado originalmente em 1991 em língua inglesa, está em justamente humanizar o gigante que foi Charles Darwin. Desde o jovem colecionador de besouros que abandonou a medicina até o autor da retumbante Teoria da Evolução – a qual guardou inicialmente para si, num sofrimento que durou vinte anos –, o volume supera as seiscentas páginas, mas num estilo tão saboroso, rico e encantador que Darwin: A vida de um evolucionista atormentado tende a mobilizar nossas leituras como poucos lançamentos hoje. Nietzsche, em Além do Bem e do Mal, caçoa do “mecanicismo” de pensadores anglófonos como Darwin, Locke e Hobbes, evocando, em sua defesa, Hegel e Kant (e Goethe), mas o século XX chegou (Nietzsche morreu em 1900), o século XX passou, e Darwin parece que continua. E se Darwin encontra atualmente um bravo soldado em Dawkins, Locke encontra em Steven Pinker, e Hobbes, a qualquer momento, vem novamente à tona... Freud tem sido sensivelmente abalado pela neurociência, Marx, ainda, pela queda do Muro de Berlim, mas nada indica que – entre as alardeadas “três bestas do apocalipse” – Darwin sofra algum abalo sísmico. Conhecer suas idéias, e sua vida – assim como ambas as de Einstein, também –, deveria ser obrigação de qualquer ser humano. E a biografia de Desmond e Moore estão aí, mais uma vez, para quem quiser atender ao chamado.
>>> Darwin: A vida de um evolucionista atormentado
Darwin é atualíssimo e sua teoria resiste à investigação porque é basicamente montada a partir de fatos, não de suposições. É difícil atacar Darwin no seu próprio terreno, os que tentam se dão mal e apelam, biblicamente, para as maldições. E Richard Dawkins parece ter toda razão sobre as religiões. Uma dupla da pesada.
Darwin não foi um grande gênio, nem mesmo um projeto de um...Foi apenas, um assaz curioso, que pousou seus olhos sobre a reta da especulação científica. Sua "teoria" é plausível, porém, restrita a uma época ordinária. Sua "teoria" não é de escarros merecedora, porém, bem distante da realidade antropológica.