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Quarta-feira,
30/1/2008
Fragmentos para a História da Filosofia, de Schopenhauer
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 352 >>>
Arthur Schopenhauer achava que ler uma História da Filosofia, em vez de ler direto os filósofos, era como deixar que alguém mastigasse a nossa própria comida — mas também escreveu a sua, ou quase. São os Fragmentos para a História da Filosofia, que a Martins Fontes publicou em 2007, na sua coleção dedicada a Schopenhauer. O Mestre de Nietzsche começa sério, falando dos pré-Socráticos, em seguida de Sócrates e Platão, mas, quando chega em Aristóteles, não nega o impulso do ad hominem e classifica O Filósofo da Idade Média de falastrão, acusa-o de dar palpites demais sem se aprofundar em nada. No fim, sua História da Filosofia acaba mais interessante pelas críticas que elabora do que pelos elogios raros. Schopenhauer desmascara, por exemplo, Espinosa, dizendo que a base de seu pensamento é bem anterior a ele. Também desbarata os exércitos de seus contemporâneos, a começar por Hegel, que, volutaria ou involuntariamente, desviou a atenção do mundo de Schopenhauer. Kant, de quem o autor se considera continuador, merece um capítulo inteiro só para si. Schopenhauer, na verdade, termina redirecionando toda a História da Filosofia para encaixar a sua própria, como o desfecho (ou ápice?) de toda tradição ocidental. Perto do fim da vida, amargurado e relativamente desconhecido, pode-se dizer que o Mestre de Nietzsche escreveu também o seu Ecce Homo. Mas, ao contrário do delírio irreversível do autor de Zaratustra, desfrutou ainda de alguma consagração.
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Julio Daio Borges
Editor
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