Digestivo nº 357 >>>
Existem, basicamente, duas alternativas ao gênio: ou construir uma obra genial; ou ganhar muito dinheiro. (Está descartada, aqui, a hipótese do suicídio — e, também, a do "gênio incompreendido".) Enquanto a obra não vinha, seis jovens do MIT deram quatro anos de golpes nos cassinos de Las Vegas e ficaram milionários (antes dos trinta anos). Foi na década de 90 e a história toda, com todos os truques explicados, está em Quebrando a banca, de Ben Mezrich, pela Companhia das Letras — em abril num cinema perto de você... São trezentas páginas para ler sofregamente, acompanhando a ascensão de Kevin Lewis, e da sua equipe de calculadores de cartas; tendo por fim, a seus pés, a Cidade do Pecado. Embora não seja uma peça de alta literatura — é mais do jornalismo, com preparação de Vanessa Bárbara (da Piauí) —, o relato de Mezrich deixa a saudável impressão de que o gênio ainda pode tudo; sobretudo, na nossa época, o gênio matemático... E quanto mais alto — já dizia o ditado —, maior a queda: a máfia de Las Vegas podia demorar a perceber (foram anos de "assaltos"), mas a vingança viria a cavalo — e Kevin Lewis, nosso herói aparentemente indomável, sofreria um baque. O gênio poderia continuar vencendo o sistema, ou se conformaria com uma vida normal? É, igualmente, uma grande questão de Quebrando a banca, para além dos ganhos, para além das sacadas. Continua cabendo no mundo quem já teve o mesmo mundo à sua disposição? Em que medida o dinheiro relativamente fácil dos cassinos poderia corromper Kevin e seus colegas? Felizmente, não há uma resposta — e o fato de Ben Mezrich deixar a vida dos personagens em aberto (Kevin Lewis, por exemplo, nasceu em 1972) só confirma que alguns dilemas existenciais podem ser complicados até para gênios do MIT. (Se ainda é possível quebrar a banca? Kevin diz que sim, no último capítulo...)
>>> Quebrando a banca