Digestivo nº 358 >>>
John Neschling e sua Osesp estão para as orquestras brasileiras assim como Heloisa Fischer e seu VivaMúsica! estão para as publicações sobre música clássica no Brasil — ambos provocaram uma revolução no mercado em menos de dez anos. Heloisa caiu na tentação da revista (mensal), virou conceituado guia (anual) e agora se consagra, novamente, com sua Agenda VivaMúsica! (mensal; uma mistura da primeira com o segundo), que completa sete anos. Se Neschling nos deu uma sala de padrão internacional e uma orquestra que pode excursionar pela Europa, Heloisa tirou o aspecto centenário das publicações de música erudita, aposentando a carranca, espanando o mofo dos concertos e rejuvenescendo as platéias, numa linguagem atual, com projeto gráfico arejado, mostrando que existe vida além da música popular. Sua Agenda promove o milagre de preencher quarenta páginas mensais com programação de música clássica só no Rio de Janeiro (imagine-se do que Heloisa seria capaz se viesse para São Paulo ou se, mais ainda, sua Agenda abarcasse todo o Brasil, como o seu guia, só que num ritmo mensal...). E as iniciativas da marca VivaMúsica! não ficam só no papel. A partir de 2008, por iniciativa do grupo de Heloisa Fischer, fica instituído, em 5 de março, o dia da música clássica, coincidindo com o aniversário de Villa-Lobos. Apesar da recorrente nostalgia dos anos 60 de Júlio Medaglia na Cultura FM, temos temporadas como nunca tivemos e até um programa de calouros (comandado pelo mesmo Medaglia) que permitiu ao crítico Irineu Franco Perpétuo ser reconhecido na rua! Se a música clássica, no Brasil, vive um dos seus melhores momentos é porque tem, como bastião, Heloisa Fischer, que, além do VivaMúsica!, milita, de segunda a sexta, nas rádios MEC FM, CBN e na própria Cultura FM.
>>> Agenda VivaMúsica!
"A nostalgia dos anos 60, de Júlio Medaglia". Bem, fui ao texto. O maestro compara Buarque com Dylan, Gil com Marley e Veloso com Jagger. Cinismo ou falta de critério? As duas primeiras comparações abrem um labirinto onde um abismo fatal aguarda quem entrar ali. Eu,hein! Mas como Dona Dialética topa qualquer parada mesmo, digo que poucas composições de Keith Richards e Mick Jagger bastam para evidenciar o que Raul já dizia: a linha evolutiva da música popular brasileira é uma realidade útil, e muito, mas muito relativa. Abrações do Mário!!!