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Quarta-feira,
20/8/2008
Vinicius de Moraes Reeditado pela Companhia das Letras
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 378 >>>
E Vinicius teve sua cota de homenagens, ultimamente, nos 90 anos de seu nascimento (em 2003). Mas, agora, a Companhia das Letras está fazendo algo que realmente interessa — reeditando suas obras, em ordem, com capas originais de décadas atrás. Nesta primeira leva, além do clássico Poemas, Sonetos e Baladas (1946), acrescido do nunca mais editado Pátria Minha (1949; manualmente por João Cabral de Melo Neto), surge a preciosidade O Caminho para a Distância (1933, o primeiro livro — renegado — de Vinicius). Se no primeiro volume encontramos os bastante conhecidos "Soneto de separação", "Soneto de fidelidade", "Soneto do amor maior" e "Soneto de quarta-feira de cinzas", no último um quase anti-Vinicius surge, espiritualizado, melancólico e místico. Capaz de versos premonitórios como: "Virá o dia em que eu hei de ser um velho experiente/ Olhando as coisas através de uma filosofia sensata". Ou de uma consciência precoce do ofício da poesia: "A vida do poeta tem um ritmo diferente/ Ela o conduz errante pelos caminhos, pisando a terra e olhando o céu". Ou capaz, ainda, de evocações como: "No olhar aberto que eu ponho nas coisas do alto/ Há todo um amor à divindade". O Vinicius posterior — mundano, inconseqüente e bon-vivant — obviamente se arrependeria desta primeira obra — quase pia, virgem, imaculada ainda. Mas, mesmo renegando seus motivos, é possível encontrar um autor de 20 anos, já senhor do seu estilo, que, inclusive, justificaria: "Seus defeitos de idéia [do livro] são os meus defeitos de formação. Seus defeitos de construção são os meus defeitos de realizador". Antônio Carlos Secchin, com sabedoria, concluiu no posfácio: "(...)num determinado momento, esta foi a melhor poesia que ele logrou produzir". O Caminho para a Distância demonstra que, ao contrário do que pensam seus imitadores bêbados, houve um longo caminho até o letrista da bossa nova.
>>> O Caminho para a Distância - Poemas, Sonetos e Baladas - Nova Antologia Poética
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Julio Daio Borges
Editor
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