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Segunda-feira,
25/8/2008
A Promessa da Política, de Hannah Arendt
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 379 >>>
Lamentavelmente aprendemos sobre política lendo os jornais e vendo os telejornais, e não poderia haver pior iniciação. A mídia, espetaculosa como sempre, não dá nenhuma formação política, fica, ao contrário, seguindo as agendas, os interesses e, no Brasil, os escândalos dos políticos. Política — espera-se — deveria ser algo mais que o PT, mais que o funcionalismo público, mais que as Comissões Parlamentares de Inquérito. Mais que as nossas eleições, mais que os "debates" televisivos, mais que o Horário Eleitoral Gratuito. Quem não agüenta mais ler os primeiros cadernos das nossas gazetas, ouvir os comentaristas repetitivos de todos os dias e assistir aos âncoras feito marionetes eletrônicos, um alívio é "dialogar" com Hannah Arendt, através de A Promessa Política — conforme está escrito: a ponte entre duas de suas obras-primas, Origens do Totalitarismo e A Condição Humana. Enquanto nossos representantes não sabem nem falar direito a própria língua, Arendt resgata Sócrates e Platão até Marx, até o famigerado século XX, num percurso desde os ideais mais altos da história da humanidade até às realizações rastejantes de nossos pseudo-representantes. Trocamos o convívio de sindicalistas, ONGs e "politicamente corretos" em geral por espíritos como Martin Heidegger e Karl Jaspers, interlocutores constantes de Hannah Arendt, quando não diretamente presentes, sugeridos nas entrelinhas. Fora que a introdução de Jerome Kohn já vale o livro (e, inclusive, compensa aquela espiadela na livraria, na dúvida entre levar e deixar o volume). Se as nossas faculdades não tivessem se convertido num novo ninho de "líderes" espetaculosos, com programas políticos bem definidos, poderíamos aconselhar a formação universitária — mas Hannah Arendt está hoje menos lá do que em A Promessa da Política. Entre pegar interpretações de segunda mão, mestres mais interessados na retórica do MST e estudantes querendo "viajar" mais que estudar, esta coleção de ensaios e textos pode valer por anos perdidos entre jornais vetustos, subservientes radialistas e telejornalismo apenas oficioso. Eis, uma rara promessa — política — cumprida.
>>> A Promessa da Política
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Julio Daio Borges
Editor
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