Digestivo nº 386 >>>
Se, nos nossos tempos, a cultura é reativa, preenchendo espaços onde os deixam vagos, a economia é ativa, assumindo sempre o papel de protagonista, explicando não só a atividade humana, mas produzindo crises e projetando (ou não) o futuro. Ninguém tem notícia de uma debacle cultural recente — talvez a televisão (ou qualquer outra "mídia de massas") —, mas o presente cataclismo econômico, para além de produzir um mal-estar entre seres pensantes, pode nos reconduzir à barbárie (e, não, no sentido figurado), extinguir en passant a humanidade e, quem sabe, até inutilizar o planeta para as baratas. Por isso, a importância de um Paul Krugman, alguém que, transcendendo o "economês" televisivo (e radiofônico) típico do Brasil, traduz a realidade usando chaves econômicas, dominando a matéria, mas, também, a língua, numa quase tradição humanística perdida — quando os humanistas, se é que eles ainda existem, se perderam em "ismos", não se recuperaram jamais do Muro de Berlim e acreditam conseguir explicar o momento histórico sem as ciências exatas ou até mesmo sem as ciências... O fato político de combater Bush foi importante, sim — algo que hoje não impressiona ("chutar cachorro morto"), mas que tem seu lado visionário, nas batalhas da época da "exuberância", que Krugman, como poucos, detectou (e denunciou). Como se disse muito por aí, é um dos poucos prêmios Nobel que a audiência, exatamente, sabe para quem foi. Enfim, uma personalidade com estofo — não um acadêmico mal barbeado, nem um arrivista de reality show. O século XXI precisava começar a reconhecer seus heróis.
>>> Paul Krugman
Repetindo o que escrevi acima: a lucidez de Paul Krugman foi premiada pelo bom senso dos mais lúcidos. Precisávamos de mil Paul Krugmans em nosso governo brasileiro, para ver se as coisas andariam melhores. A inteligência e compreensão global dos acontecimentos é o que o destaca das figuras comuns. Ele é uma exemplo para expurgar as pobres cabeças pensantes dos políticos que, infelizmente, são eleitos no Brasil por nós mesmos, porque simplemente não há escolhas melhores, e votar em branco não é programa...
Julio - MARAVILHOSO artigo sobre Krugman!!! Sempre fui fã dele e agora sou sua, pela maestria de, em poucas palavras, resumir a importância do nosso novo Nobel, iniciando também o não menos importante ato de reconhecer nossos reais heróis!!! Abraços da Malu
Boa ideia! Krugman merece um Nobel... pela maestria e pelo cinismo com que representa a esclerosada esquerdopatia global. Sem me alongar, e a estrondosa chinelada que tomou de Niall Ferguson?