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Segunda-feira,
22/12/2008
O Suplício do Papai Noel, por Claude Lévi-Strauss
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 395 >>>
Papai Noel nem sempre foi essa unanimidade que todos bem conhecemos. Em meados do século passado, em Dijon na França, ele foi incinerado por um grupo de padres, na frente de um orfanato, numa tentativa, extrema, de banir esse símbolo do Natal, então associado ao consumismo norte-americano. Como se sabe, a igreja perdeu mais essa batalha e Papai Noel ressuscitou, dias depois, na prefeitura da mesma cidade, em todo seu esplendor, sem nenhum arranhão. Quem nos lembra desse episódio hoje cômico, ontem lamentável, é Claude Lévi-Strauss num ensaio que usa o Papai Noel como tema, recém-editado pela Cosac Naify. A imagem do bom velhinho se consagrou no mundo inteiro não porque os Estados Unidos fossem superpoderosos, mas simplesmente porque, como mito, ele conseguiu galvanizar lendas, desde as indígenas — nas aldeias que presenteavam suas crianças — até as do Império Romano — nas festas em homenagem a Saturno em dezembro —, passando pela árvore mágica associada ao Rei Artur e pelo fausto dos monarcas, em seu manto vermelho e em suas peles para proteção. Lévi-Strauss ficou conhecido, entre nós, por conta de Tristes Trópicos e por sua passagem pela USP, no momento de sua fundação, mas a editora de O Suplício do Papai Noel nos relembra que o célebre antropólogo completou 100 anos — isso mesmo — no último 28 de novembro. Nos aniversários redondos da Universidade de São Paulo, ele é sempre convocado para rememorar seus feitos como professor e suas expedições entre os silvícolas. Lévi-Strauss demonstrou — neste pequeno livro, de novo — que entender a alma selvagem é entender a alma da civilização, a alma do mundo, ponto.
>>> O Suplício do Papai Noel
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Julio Daio Borges
Editor
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