Digestivo nº 403 >>>
Depois da Economist e da New Yorker, chegou a vez da revista Time matar os jornais. Agora, das semanais mais importantes do mundo, só falta a Newsweek atestar o óbito. Humor negro à parte, mais do que diagnosticar o fato em si, a Time, através de um texto respeitável de Walter Isaacson, procura, como nenhuma outra antes, saídas. Que as tiragens em banca vêm caindo, todo mundo já sabe; que o número de assinantes vêm caindo, idem; que a publicidade vêm caindo, quase todo mundo... Desde o final do ano passado, a crise vem acelerando a queda nas vendas de anúncios em papel. E, para complicar a migração para o "on-line", na internet também. Ou seja: os jornais não conseguiram nem se manter no velho modelo de negócios (de cobrar por informação) e nem migrar para o novo (que não "suporta" o peso de suas velhas redações). Isaacson, na contramão da história, conclui que a mídia atual não vai conseguir viver de anúncios on-line e que a única saída, para a sobrevivência do jornalismo (e dos jornalistas), é cobrar pela informação eletronicamente. Isaacson refaz a trajetória desde os portais de conteúdo fechado, como a AOL (que cobrava por tempo de acesso), e suspeita que o erro, das empresas jornalísticas, foi ter aderido à Web (à chamada "internet aberta") e ter minado, ainda na década de 1990, a cobrança on-line por informação. Isaacson e a Time depositam suas esperanças nos "micropagamentos" (aquém do PayPal) e no já alardeado "iPod de textos", que tanto pode ser o Kindle 2 quanto pode ser um novo iPod touch, com tela maior. Falta convencer Jeff Bezos e Steve Jobs, e bilhões de potenciais leitores eletrônicos, como o próprio Walter Isaacson, que hoje se sentem lesados quando têm de pagar por informação...
>>> How to Save Your Newspaper
Os fatalistas do terceiro milênio já erraram no século passado: o rádio sucumbiria à TV, a TV à internet; os livros aos e-books. Pois até os discos de vinil resistiram aos CDs e esses resistirão aos MP3players. O que vemos é o surgimento de mais um meio de mídia, que encontrará seu espaço, tomando pequenas parcelas dos outros meios (alguém ainda assiste o mesmo número de noticiários na TV depois que surgiu a Internet?). O jornal abre espaço à reflexão, enquanto a internet se preocupa com a urgência da informação, sem se preocupar com a contextualização.
É muito cedo, Sílvio, para uma avaliação em caráter definitivo sobre a internet, que recém está engatinhando, tal como o cinema há cem anos. Não creio na sobrevivência dos jornais, pelo menos a longo prazo.
Os jornais sempre existirão, assim como as revistas. O que sempre aconteceu de melhor com a revolução tecnológica foi o poder de escolhas que as pessoas têm. Quem vai à banca de jornais continuará indo. É gostoso folhear o papel. A geração dos anos 50 e 60 continua lendo jornais. Vejo jovens também lendo jornais porque o mesmo (internet) também cansa.