DIGESTIVOS
>>> Notas >>> Cinema
Quarta-feira,
6/5/2009
O Escafandro e a Borboleta, com Mathieu Amalric
Julio
Daio Borges
+ de 6300 Acessos
|
Digestivo nº 414 >>>
Se você escreve e reclama de falta de tempo ou inspiração, depois de assistir a O Escafandro e a Borboleta, filme de Julian Schnabel, vai perceber que está reclamando de barriga cheia. O longa se baseia no livro que o ex-editor-executivo da revista Elle compôs depois de sofrer um forte derrame e ficar totalmente paralisado, com exceção de alguns movimentos da cabeça e da pálpebra do olho direito. Sofrendo da síndrome de "locked-in", Jean-Dominique Bauby saiu de um coma de 20 dias para acordar "prisioneiro do próprio corpo", sem conseguir engolir, falar ou articular gestos simples que lhe permitissem uma comunicação mínima com o mundo exterior. Graças à paciência de médicos e outros profissionais da área de saúde que o atenderam, Bauby aprendeu a se comunicar apenas piscando o olho direito. Enquanto alguém pronunciava as letras do alfabeto para ele — da mais frequente, na língua francesa, para a menos frequente —, Bauby ia piscando até compor cada palavra, cada frase, cada parágrafo. O livro, com suas memórias antes e depois do hospital, demorou dez meses para ser composto. Foram necessárias, aproximadamente, 200 mil piscadas de seu olho direito; e a média do tempo para formar cada palavra, nesse processo, foi de 2 minutos. O Escafandro e a Borboleta, o volume lançado em março de 1997 na França, vendeu 150 mil cópias na primeira semana e tornou-se, igualmente, um best-seller através da Europa. Jean-Dominique Bauby, no entanto, não pôde desfrutar do sucesso de sua obra, pois veio a falecer apenas dois dias depois da publicação, de pneumonia. No filme, Mathieu Amalric (que fez, recentemente, o vilão do último 007) está exemplar no papel, permitindo a Schnabel injetar uma certa dose de ironia, no dia a dia trágico do personagem, beirando, inclusive, o humor negro. O Escafandro e a Borboleta, no fim das contas, é uma grande história de superação — para quem escreve e para quem não escreve.
>>> O Escafandro e a Borboleta
|
|
Julio Daio Borges
Editor
Quem leu esta, também leu essa(s):
01.
Por uma comunicação mais lenta, um manifesto de John Freeman (Internet)
02.
Here Comes Everybody, de Clay Shirky (Internet)
03.
Coleção Folha 50 Anos de Bossa Nova (Música)
04.
Deus fala em Caps Lock (Literatura)
05.
Menos fé e mais razão (Imprensa)
* esta seção é livre, não refletindo
necessariamente a opinião do site
|
|
|