Digestivo nº 424 >>>
Alex Atala merece toda a consagração que vem recebendo nos últimos anos. Os elogios de Ferran Adrià, o melhor chef do mundo, e a inclusão do D.O.M., na lista dos melhores restaurantes do mundo (segundo a revista Restaurant), não são obras do acaso. São resultado de talento, pesquisa e realizações crescentes durante esta década dos anos 2000. O Dalva e Dito, portanto, só vem coroar o trabalho de Alex Atala em prol da cozinha brasileira, num espaço que, além da gastronomia, constrói uma atmosfera inteira de amor ao Brasil, desde a arquitetura (de Marcelo Rosenbaum) e o paisagismo (de Gilberto Elkis) até a música ambiente (de Nara Leão a Fernanda Takai), até as fotos de Pedro Martinelli e o grafite de Derlon Almeida (no salão de bar). As opções de entrada ("Creme de Palmito com ervas caipiras", "Salada de músculo de boi, feijão fradinho e ervilha torta" e "Cuscuz Paulista com camarões e salada"), bem como as de prato principal ("Sela de cordeiro" e "Assados preparados na rôtissoire", "com acompanhamentos caseiros"), e as de sobremesa ("Açaí com banana e guaraná", "Sorvete de tapioca e granolinha" e "Creme de chocolate com Priprioca") podem dar a falsa impressão de simplicidade, mas escondem técnicas de preparo, processamento e armazenamento de última geração, que podem, inclusive, ser conferidas na cozinha habil e elegantemente integrada ao salão principal. No meio da sofisticação do bairro dos Jardins, na esquina da Barão de Capanema com a Padre João Manuel, Alex Atala conseguiu inaugurar um refúgio, onde podemos retornar ao Brasil profundo, recriado segundo o rigor de um dos chefs mais promissores do mundo. Que Dalva, a primeira estrela a surgir, e Dito, o São Benedito (padroeiro dos cozinheiros), continuem levando Alex Atala sempre mais longe, junto com a nossa gastronomia, a nossa cultura e o nosso País.
>>> Dalva e Dito
Bem que poderia, num futuro que inclua minha existência, haver nas revistas de notícia, nas manchetes dos jornais, nos anúncios de TV, nos panfletos de movimentos sociais, em todos os meios culturais e nas rodas de bate-papo, nada mais do que a troca de boas conversas. Esta foi uma troca de boa conversa, Julio. Isto importa na vida. Informações que não mudam minha vida, apenas acrescem.