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Segunda-feira,
12/10/2009
Anjos e Demônios, o filme, com Tom Hanks
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 436 >>>
Se O Código Da Vinci foi uma adaptação atabalhoada do best-seller, cercada de enorme expectativa, a versão cinematográfica de Anjos e Demônios, por parecer menos pretensiosa, funciona como entretenimento de primeira (agora em DVD). Esqueça a erudição forçada do primeiro filme; esqueça as explicações pormenorizadas, e intermináveis, do personagem de Tom Hanks; e esqueça, ainda, o desejo frustrado de misturar blockbuster com alta cultura. No segundo filme, Hanks passa menos por uma "enciclopédia ambulante" do que por um homem de cultura; as explicações ainda existem, mas, como alguém já se disse, elas "casam" melhor agora com a trama e, principalmente, com a velocidade dos acontecimentos; e, para completar, Anjos e Demônios não parece "alta cultura para dummies", ou um "milkshake de humanidades" para quem não gosta de ler; o filme não vai transformar ninguém em "literato" — e nem pretende —, mas vai envolver o espectador numa boa aventura, com final surpreendente. (Não é, exatamente, "sétima arte", mas está OK para cinema.) Para os fãs de Dan Brown, a ordem dos livros não bate — mas Ron Howard, o diretor, preferiu assim, porque, no cinema, o público já conhece o herói (logo, esperava uma sequência — não uma aventura prévia). Fora isso, Howard observa, acertadamente, que muitas pessoas leram Anjos e Demônios depois de O Código Da Vinci (por causa do sucesso deste). No mês que vêm, coincidentemente ou não, chega às nossas livrarias O Símbolo Perdido, a sequência anunciada do Código, que demorou cinco anos para ser composta e que apresenta mais uma aventura do professor Langdon. Poe inventou, sem querer, as histórias de detetive; e o detetive clássico, para nós, é Sherlock Homes, de Arthur Conan Doyle. É habilidosa, portanto, a capacidade de Brown em transformar um scholar (ou wannabe) em detetive. Numa época de ostentação, e ainda de culto à imagem, é, de certa maneira, reconfortante que alguém possa acreditar que um estudioso ainda consiga salvar o mundo... O irônico, disso tudo, é que essa crença se espalhou graças a um "arrasa quarteirão"... e nada indica que seus cultores tenham recebido a mensagem — alimentando o desejo, saudável, de saber mais e conhecer, mais profundamente, o mundo.
>>> Anjos e Demônios
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Julio Daio Borges
Editor
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