Digestivo nº 436 >>>
Se o Sony Reader ameaçava conquistar mais rápido os leitores brasileiros de livros eletrônicos, a Amazon não deixou o Kindle para trás e resolveu liberar seu uso para quase o mundo todo. Se antes o leitor eletrônico da maior livraria da internet só funcionava perfeitamente nos Estados Unidos — porque exigia conexão via rede de telefonia celular (e "não conversava", por exemplo, com a rede do Brasil) —, agora a Amazon está anunciando que o Kindle poderá "baixar" livros tanto em São Paulo, quanto no Rio, quanto em qualquer outro lugar, do nosso País, onde haja um sinal para celular. A novidade é auspiciosa, sobretudo para os consumidores de livros em inglês, que, se tudo der certo, não terão mais de desembolsar um alto valor pelas edições importadas (mais o frete, mais a espera). O anúncio promete o desembarque, seguro, de lançamentos, em língua inglesa, em segundos, por uma fração do preço (livros eletrônicos são mais baratos do que livros impressos), mesmo no Brasil. Embora a revista Super Interessante de setembro tenha indicado — em matéria especial sobre livros eletrônicos — que a Câmara Brasileira do Livro está preocupada com o avanço da nova tecnologia, o fato de não haver lançamentos em português ainda disponíveis, no site da Amazon, é um indício de que as vendas, de volumes impressos, não tendem a ser afetadas pelo Kindle no nosso País. Mas é uma questão de tempo até que isso aconteça. Quais serão os próximos passos de editoras, livrarias e distribuidoras brasileiras? Talvez esses passos já estejam sendo dados, mas a chegada do Kindle, agora, obriga todo um setor a apertar o passo. Vale dizer que, entre as indústrias atingidas pela digitalização (e pela internet), a do livro impresso foi uma das que menos sofreu, ao contrário da indústria fonográfica, da cinematográfica (DVDs) e até mesmo da gráfica (de revistas e jornais). O compartilhamento de PDFs na rede não prejudicou a venda de exemplares como, digamos, a troca de arquivos MP3 prejudicou o formato CD. O teste dos cinco sentidos, que vinha salvando o livro impresso da digitalização, vai ser posto à prova, como nunca, com a internacionalização do Kindle.
>>> Kindle Wireless Reading Device (6" Display, International Wireless, Latest Generation)
Para estudantes seria ótimo. Substituir aquela montanha de livros didáticos por um tablet. Será que as editoras teriam interesse em substituir os livros-texto e livros de exercícios por arquivos digitais? Como eles fariam para impedir que os livros sejam compartilhados (como se a gente não tivesse feito isso com as xerox...)?
Acho fantástico que a tecnologia desenvolva instrumentos como o Kindle, que permitem o armazenamento de um grande volume de dados em um dispositivo portátil. Porém, pra mim, não se podem fazer comparações entre o Kindle e um livro comum. Nada substitui a sensação gostosa de carregar o livro, folhear a página, o cheiro de livro novo e ter os papéis nas mãos.
Acho o Kindle e demais leitores eletrônicos uma ótima pedida, leio livros em PDF baixados no PC, mas não estou disposto a gastar dinheiro com eles. Se for para gastar, será com o impresso. Valorizo muito a estante com livros.