Digestivo nº 441 >>>
"Jovem fundador leva um 'pé' da própria empresa nos anos 80, retorna nos 90, e na próxima década — enquanto sente o bafo da morte duas vezes, passa por um forte escândalo financeiro e refaz sua linha de produtos —, torna-se a personalidade dominante em quatro indústrias diferentes, bilionário várias vezes, e o presidente da empresa mais valiosa do Vale do Silício". Assim abre Adam Lashinsky, editor da Forbes, que, em sua última edição, acaba de eleger Steve Jobs, fundador e presidente da Apple, o "CEO da década". Jobs, sugere Lashinsky, é o ser humano mais próximo, em nossa época, de ter o toque de Midas. Nos últimos dez anos, redefiniu, simples e apenasmente, três mercados: o de música, o de filmes e o de celulares (sem contar o impacto em seu mercado de origem, o de computadores). Além de homem de negócios, Jobs é hoje uma celebridade. Alguém que conseguiu levar seu slogan — Think different — ao pé da letra, impondo um design de bom gosto, invadindo o "varejo" com lojas elegantes e redefinindo até o papel da propaganda. O que o move, segundo Larry Ellison, CEO da Oracle, um amigo próximo, não é o dinheiro — mas, desconfia a Forbes, sua paixão pela Apple (seu "primeiro amor") e uma possibilidade de, através dela, efetivamente mudar o mundo. Se em 2000, quando Jobs lançou a estratégia do "digital lifestyle", a Apple valia 5 bilhões na bolsa, hoje, menos de uma década depois, ela vale 170 bilhões de dólares (um pouquinho mais que o tão falado Google). Já Jobs, quando vendeu a Pixar à Disney em 2006 por 7,5 bilhões, tornou-se, magicamente, o maior acionista "pessoa física" da empresa que detém os direitos do Mickey. "Será que ele vai se sentir tão confortável no mainstream, nos próximos dez anos, quanto se sentiu no underground, nas décadas passadas?", indaga a mesma Forbes. Larry Page e Sergey Brin, os dois fundadores do Google, recentemente declararam, à revista New Yorker, que Steve Jobs é seu herói. E o mundo se pergunta, neste momento, qual será o próximo passo do gênio... Se ele sempre evitou se expor, e guardou seus segredos até o último minuto, não temos como adivinhar, resigna-se a mesma reportagem da Forbes.
>>> The decade of Steve
O problema para ele é que essas revistas comerciais têm uma tremenda duma mufa. Quem aparece na capa tem que ir na benzedeira para tirar a catiça. Vamos virar uma cachaça para tirar esse quebranto que a Forbes pôs nele.