Digestivo nº 477 >>>
Para quem ainda duvida do papel que as chamadas mídias sociais desempenharam, ultimamente, no Egito, e, mais recentemente, na Líbia, deveria ler apenas o prólogo de O Efeito Facebook, de David Kirkpatrick, pela editora Intrínseca. Em breves páginas, Kirkpatrick explica como uma singela comunidade no site de Mark Zuckerberg, que se dizia cansada das FARC, redundou em passeatas históricas, na Colômbia, e na posterior soltura de reféns como Íngrid Betancourt, num gesto inédito dos terroristas para com o povo. A imprensa tem dificuldade em aceitar que exista uma ferramenta mais eficiente — que ela própria — ao discutir os interesses das pessoas, arregimentar multidões e, como no caso desses países, transformar efetivamente a sociedade. O que os impressos, o rádio e a televisão sustentaram por décadas, a internet conseguiu derrubar em poucos anos. Basta lembrar que os jornais têm séculos e o Facebook... menos de dez anos. A internet representa melhor os interesses de todos. Para se manifestar na imprensa, é preciso se submeter a uma casta (hoje, uma burocracia): os jornalistas. Para se manifestar na internet... é virtualmente mais difícil não se manifestar! Aproveitando a interligação, sem precedentes, que redes como o Facebook proporcionam, questões são levantadas em segundos e movimentos se formam, eletronicamente, em instantes. Nos jornais, um protesto ficaria, no máximo, relegado à "seção de cartas". Os jornalistas não são mais os juízes supremos do que interessa à opinião pública, e esse fato produz um incômodo profundo. Ninguém mais lê os jornais para saber o que pensar, uma vez que a ação está no Twitter, e, nesses países, nas ruas! Quem tentou ler a cobertura pífia da nossa imprensa, constatou que alguns segundos de Al Jazeera, na internet, transmitiam muito mais informação do que páginas e páginas de press-releases (de anteontem) traduzidos das agências de notícias. Nossos jornalistas monoglotas acreditam que a nossa imprensa está fazendo seu trabalho, mas qualquer pessoa que conheça os rudimentos do inglês consegue perceber que ficamos a anos-luz dos acontecimentos... Fora que existe um princípio de subversão, inerente à rede, que não combina mais com o paternalismo de regimes ditatoriais, nem de editores da velha mídia. Do mesmo jeito que povos não querem mais ser dirigidos por tiranos, cidadãos querem ter acesso irrestrito ao conhecimento, não aceitam mais filtros, nem, muito menos, uma casta de verdadeiros burocratas da informação. O sucesso de iniciativas como o WikiLeaks comprova: os antigos meios de comunicação perderam sua função de fiscalizar o poder; só resta aos cidadãos interferir diretamente no processo, através da internet, mudando o estado de coisas. A imprensa morreu, como sempre. E a internet renasceu, mais uma vez.
>>> AJE
Boa noite! Em outro comentário que fiz, neste mesmo local, já se discutia a preocupação de certas pessoas, com relação as dúvidas quanto a sobrevivência dos jornais convencionais. No entanto me lembro da indignação de alguns. Não têm como ignorar os fatos relatados no texto, são verdadeiros e têm ajudado muito no mundo em que vivemos hoje. Isso é evolução de tecnologia, e o que é melhor, para o acesso de todos, não tendo espaço para discriminações, ainda ocorre, é claro, mas os indivíduos colocam os seus pontos de vista "sem censura". Obviamente que temos que ter bom senso e responsabilidade nos compartilhamentos de relações. Existem os babacas, é claro. Mas atente a uma coisa: é a liberdade de expressão, que aliada a responsabilidade, tem ajudado muita gente e aberto os olhos de muitas pessoas, e povos inteiros. Agora sim, sem restrições com acesso a informações numa velocidade fantástica. Gosto dos jornais escritos, tanto é que os leio, mas não dá para comparar...