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Segunda-feira,
19/8/2013
A aquisição do Washington Post por Jeff Bezos
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 493 >>>
O fundador da Amazon.com declarou, no ano passado, que os impressos não iriam durar mais 20 anos. Só que acaba de adquirir um jornal impresso, o Washington Post, e com dinheiro do próprio bolso. Ninguém entendeu, claro. Não é de hoje que o comportamento de jornais e de revistas tem sido errático. No Brasil, além da Gazeta Mercantil, recentemente acabou o Jornal da Tarde e o Estadão "minguou". Nos Estados Unidos, o maior jornal do mundo teve de vender suas instalações, em Nova York, e teve de se associar a um mexicano, Carlos Slim. Lá, as revistas morrem como moscas; aqui, inclusive os donos de revista. Enfim: a crise da imprensa não é um fato novo. Mas a aquisição de jornais, por bilionários, é. Começou a chamar a atenção com Warren Buffett, que se justificou dizendo que, para notícias locais, os jornais seguem imbatíveis. (Parece que, na reunião de seus acionistas, "funcionou".) E Rupert Murdoch, claro, já vinha colecionando impressos... (Mas ele fez isso a vida inteira!) Agora, Jeff Bezos? Vale lembrar que foi o mesmo sujeito que lançou o Kindle, estabelecendo um formato de livro eletrônico antes da Apple e antes de Steve Jobs. O que Bezos ― o mesmo varejista que "espreme" as margens das editoras ― pode querer com um dos títulos mais tradicionais dos EUA? Vale lembrar que o Washington Post derrubou um presidente, Richard Nixon, revelando ao mundo o escândalo de Watergate. É uma instituição da "América", como eles dizem. Mas à venda? Para alguns jornalistas, é como se um dos bilionários do Google tivesse arrematado a Biblioteca do Congresso. Ou como se Mark Zuckerberg, de repente, se tornasse "dono" de Harvard. Brasileiros reclamam das "famílias" que, aparentemente, "controlam" a mídia, mas os americanos já sentem falta das "dinastias" que, até ontem, "governavam" seu jornalismo. Imagine Eike Batista ― antes do estouro da bolha ― arrematando as Organizações Globo? Para alguns, é esse o nível de apreensão. Por outro lado, Jeff Bezos é um gênio. Do comércio eletrônico, ao menos. Tudo o que sabemos de "comprar na internet" foi a Amazon que inventou, ou aperfeiçoou. Jeff Bezos, como Steve Jobs, mudou o mundo. O que uma das mais brilhantes inteligências do século XXI pode fazer com uma indústria que remete ao século XIX? A pergunta volta sem resposta. Bezos, como Buffett, pode ter errado, também. Não há indícios de que os jornais vão se recuperar. E o que inviabiliza o formato é, justamente, haver instalações físicas: redações, impressão, logística... (Sendo que a "versão eletrônica" nunca pagou as contas...) Se Jobs não pôde salvá-los ― com o iPad ―, por que Bezos poderia?
>>> Why Donald Graham Sold the Washington Post to Jeff Bezos
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Julio Daio Borges
Editor
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