DIGESTIVOS
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Sexta-feira,
16/1/2004
Caldeirão da História
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 158 >>>
Se o segundo Senhor dos Anéis (“As Duas Torres”, 2002) havia se centrado na crise existencial dos principais personagens (a começar por Frodo; chegando até Gollum/Smeagol – 100% computação gráfica), este terceiro tem a missão de encerrar a saga toda. Ou seja: há de haver tempo para eclodir (e vencer) todas as guerras; derrotar todos os vilões e consagrar todos os heróis; unir todos os corações apaixonados e devolver a paz a todos os recantos da Terra-Média. Portanto, haja concentração e haja emoção por parte do espectador. O final é, obviamente, feliz e o espetáculo, proporcionalmente, grandioso. Algumas pequenas delongas (como as cenas da família Sam – afinal, quem quer saber?) lembram aqueles recentes filmes que não sabem quando devem terminar (como dois de Spielberg: “A.I.” [2001] e “Minority Report” [2002]). Gandalf assume uma merecida primazia, neste terceiro episódio, fazendo as vezes de guerreiro e comandante militar, quando o reino de Gondor ameaça ser subjugado. Aragorn luta bravamente ao lado de Éowyn (a guerreira loira – a Anita Garibaldi da história), mas acaba ficando com a elfa Arwen (Liv Tyler – que já assume ares de matrona, longe daquela sensualidade perdida em “Beleza Roubada” [1996]). A dupla Merry e Pippin é separada e poupa-nos de suas travessuras (“Hobbits...”). Enquanto isso, Frodo e Sam passam por uma crise de confiança e, antes que o mundo acabe, conseguem destruir o anel, na Montanha da Perdição de Mordor. O longa é também, logicamente, uma demonstração de virtuosismo em matéria de efeitos especiais, mas, ao contrário da rocambolesca série Matrix, tem um argumento (roteiro) crível por trás. Ficamos conhecendo mais da paisagem da Nova Zelândia (onde a trilogia foi “ambientada”) e desfrutamos mais um pouco da rica imaginação de Tolkien, ao criar toda uma variedade de criaturas e de seres ignominiosos. A “paz” reina, igualmente, nos nossos corações, ao sairmos da sala de projeção; depois de tanta exaustão e de – a exemplo da saga Guerra nas Estrelas (atenção, produtores, não vão cair na mesma tentação!) – as possibilidades desse universo terem se esgotado.
>>> The Lord of the Rings
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Julio Daio Borges
Editor
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