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Segunda-feira,
15/3/2004
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Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 166 >>>
Jair Rodrigues, que andava orbitando demais em torno da carreira dos filhos (Jair de Oliveira e Luciana Mello, depois do seu estouro na Trama), se redimiu – adivinhe só – num disco de bossa nova. Quem o viu escancarar a voz durante o show comemorativo dos 450 anos de São Paulo, em dueto com um Caetano Veloso meio perdido (sob os olhares embevecidos da Prefeita – que pensava ter redescoberto a América; quase 40 anos depois...), imaginava que Jair Rodrigues não poderia ser salvo após a plástica. Mas o CD (“A nova [?] bossa por Jair Rodrigues”), gravado entre maio e junho do ano passado (embora tenha sido lançado agora), parece imune (ou simplesmente anterior) a todo o circo armado. O cantor está extremamente sóbrio; com domínio total sobre o repertório de tantas décadas: Tom Jobim e Vinicius de Moraes (“aquelas”); Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli (as melhores surpresas: “Rio” e “O Barquinho”). Também Ary Barroso (“Isto aqui o que é?”; “Aquarela do Brasil”) e Adoniran Barbosa (“Saudosa Maloca” – antecipando-se aos arroubos da Prefeita). E como ninguém é de ferro, lá está o intérprete em dupla com o filho: “Falso Amor” (que o ex-Jairzinho entoa em inglês [“Fake Love”]). Se João Gilberto sempre insistiu em chamar a bossa nova de samba, Jair Rodrigues sempre insistiu em cantar a bossa nova como se fosse samba. Seus trejeitos, seus passos, sua impostação são de sambista – o que deve ter encantado Elis Regina, no “Fino da Bossa”, que – no início – detestava (quem diria...) bossa nova. O vozeirão do duo não combinava com as palavras assopradas pelo herói de “Chega de Saudade”. (Agora imagine o ajuntamento de um estridente Jair Rodrigues com um sussurrante Caetano Veloso – só poderia ser obra de Marta Suplicy.) Mas, entre festejos, chuvas e trovoadas, o “Jairzão” se salvou; e seus fãs poderão se regozijar, novamente, sem traumas.
>>> A nova bossa por Jair Rodrigues - Trama
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Julio Daio Borges
Editor
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