DIGESTIVOS
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Segunda-feira,
27/9/2004
Ah! Você é de ninguém...
Julio
Daio Borges
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Digestivo nº 194 >>>
Algumas lendas rondam “Elis&Tom” (1974, álbum histórico, relançado agora, em CD e DVD-áudio, pela Trama). Uma delas se refere à disputa entre os arranjadores, Tom Jobim e Cesar Camargo Mariano. Depois de muitas diferenças internas, ficou acertado que cada um faria metade do disco. Jobim optou por uma abordagem mais sinfônica, dos temas mais dramáticos (“Modinha”, “Por toda a minha vida” e “Retrato em branco e preto”); já Mariano imprimiu sua assinatura mais “jazzy”, sem orquestra e com enfoque no piano (“Só tinha de ser com você”, “Brigas, nunca mais” e “Fotografia”). Coube a Elis Regina fazer a amarração entre esses dois universos. Saiu uma obra-prima. Outra lenda que corre a respeito é sobre a formação da intérprete: Nelson Motta afirma que ela detestava bossa nova, fazia pouco do canto de João Gilberto e não queria nem saber de Tom Jobim quando começou. Sérgio Cabral, em sua biografia do maestro, conta que Elis&Tom tiveram uma porção de desentendimentos durante a gravação – mas ela saiu. Um clássico. É, então, no mínimo estimulante, em termos musicais, que Cesar Camargo Mariano tenha se encarregado de remasterizar “Elis&Tom” depois de 30 anos, tendo como pano de fundo todas essas tensões passadas. Aliás, como ele mesmo confessou, no programa de Arrigo Barnabé, na Cultura FM, redescobriu estupefato as matrizes originais e se viu impressionado com a qualidade, geral, e com a importância daquele momento fundamental, na História da música brasileira. Além do disco em si, que obviamente já vale a inclusão em qualquer discoteca nacional que se preze, esse relançamento traz alguns extras, como era de se esperar. O maior deles é “Bonita”, a faixa-bônus não originalmente presente no álbum. Uma bela canção de Tom que acabou pouco conhecida no Brasil, por causa de sua letra em inglês. Depois, há também uma segunda versão para “Fotografia”, mais acelerada e suingada que a primeira. Por último, Mariano inseriu pequenos trechos de estúdio, entre conversas e marcações de tempo, estendendo alguns “takes” que antes haviam sofrido “fade out”. É um pequeno banquete para os admiradores de Elis&Tom. Que, mesmo não tendo participado desse evento, teriam certamente aprovado – e se desentendido menos.
>>> Elis&Tom
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Julio Daio Borges
Editor
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