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Sábado,
26/1/2008
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Redação
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Dylan no Brasil
Dado como morto artisticamente nos idos dos anos 1980, após sua conversão ao catolicismo, Bob Dylan passou parte da década seguinte, a de 1990, no limbo ― ainda que tenha lançado álbuns excelentes como World Gone Wrong (1993) ―, até ressurgir com uma trinca de discos excepcionais, sendo o último deles o bluseiro Modern Times, lançado em 2006.
Desde Time Out of Mind (1997), que levou três prêmios Grammy, Dylan vem fazendo jus à carreira brilhante que construiu desde o começo dos anos 1960, quando era apenas um jovem fã de Woody Guthrie querendo um lugar ao sol entre os cantores folk de Greenwich Village. Depois dos primeiros e gloriosos anos de carreira, em que concebeu clássicos absolutos do rock como Highway 61 Revisited (1965) e Blonde on Blonde (1966), e se tornou baluarte da geração anti-Vietnã, Bob viveu momentos de altos e baixos. Mas ainda assim sempre foi um artista prolífico, que produziu discos importantes em diferentes períodos de sua trajetória como músico.
Reverenciado por artistas dos mais variados estilos, Dylan transformou o cenário musical dos anos 60 ao introduzir poesia à música pop de então. Lennon e McCartney estão entre os artistas que tiveram na figura de Bob Dylan uma influência direta e decisiva para sua arte. Antes de conhecer Dylan, os Beatles eram uma banda que exalava romantismo pueril ― e isso não é uma crítica. Foi só após o contato direto com Dylan, que antes mesmo dos rapazes de Liverpool ficarem conhecidos já era um artista consagrado, que o grupo incorporou a postura combativa do ídolo, criando a partir daí a parte mais substancial de sua obra ― não por acaso os Beatles conhecem Bob no verão de 1964 e depois disso lançam obras-primas como Revolver (1966) e Sgt. Pepper's (1967).
Nos dias 05, 06 (São Paulo) e 08 (Rio de Janeiro) de março o público brasileiro poderá conferir um pouco da história desse senhor de 66 anos que continua a fazer música relevante depois de quase 50 anos de estrada. Será, quem sabe, a última oportunidade de ver Robert Allen Zimmerman por aqui.
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Luiz Rebinski Junior
26/1/2008 às 10h08
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Feuerbach e o cristianismo
Numa época em que autores como Richard Dawkins e Christopher Hitchens são best-sellers globais, ainda é interessante ler o clássico A essência do cristianismo (Vozes, 2007, 344 págs.), de Ludwig Feuerbach, que a editora Vozes lançou ano passado, senão, por outra, para subir o nível do debate. Interessante até mesmo para crentes, diga-se de passagem. Feuerbach (1804-1872), filósofo e antropólogo alemão, não é nenhum Nietzsche, e sua abordagem da religião (especificamente do cristianismo) não é "somente negativa, e sim crítica". O que ele pretende em sua filosofia ― que influenciou de maneira decisiva seu conterrâneo Karl Marx ― é separar a essência "verdadeira" da religião (ou seja, a antropológica), da "falsa" essência (a teológica).
Segundo Feuerbach, a religião, em si, é um sentimento natural do homem. Não se pode tomar precipitadamente sua afirmação de que "a religião é a cisão do homem consigo mesmo", pois logo em seguida ele explica que tal é "uma cisão do homem com sua própria essência". Em outras palavras: "se realmente a essência divina, que é o objeto da religião, fosse diferente da do homem, não seria possível uma cisão". Elementar.
Para o leitor de A essência..., já a partir da apresentação do tradutor e também filósofo José da Silva Brandão, é rápida e certeira a conclusão de que Feuerbach não é um anticristo, mas antes um teólogo humanista. O que não quer dizer que tenha sido um pensador benquisto pela Igreja. Pelo contrário, o livro fez com que ele perdesse a cátedra e fosse jogado no ostracismo.
É que, se por um lado temos a essência verdadeira, antropológica, da religião, onde o homem se relacionando com Deus nada mais é do que o homem relacionando-se consigo próprio, com o seu íntimo, de outro temos a religião "no sentido mesquinho da plebe teológica", aquela que seqüestra o sentimento religioso dos homens e o arregimenta em benefício próprio, fazendo com que a religião perca seu valor real.
Como está escrito na conclusão dessa obra de difícil mas valiosa compreensão: "Quando a moral é fundada sobre a teologia, o direito sobre instituição divina, então pode-se justificar e fundamentar as coisas mais imorais, mais injustas, mais vergonhosas".
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Daniel Lopes
25/1/2008 às 17h18
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Baratas
As baratas têm sido duramente atacadas.
Elas não mordem, não fedem e nem entram na sua bebida. Quem dera todos os convidados fossem tão bem comportados.
Os antigos egípcios chegavam até mesmo a venerar a barata como um símbolo do Sol. Bem, na verdade, aquilo era um escaravelho, mas se você venera um inseto, venera todos.
Não faça nada a respeito das baratas. Não há nada que você possa fazer mesmo.
P.J. O' Rourke, citado pelo desculpe a poeira, um bom blog que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
25/1/2008 à 00h40
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Aguardando I'm Not There
Enquanto I'm Not There, de Todd Haynes, não estréia oficialmente (prevista para março de 2008) vale a pena lembrarmos três filmes imperdíveis (em DVD) que retratam Bob Dylan como ele realmente é.
No direction home (2005)
Lançado em DVD duplo em 2005, é a biografia definitiva de Bob Dylan dirigida por Martin Scorsese, e como cinema-verdade capta o espírito de um dos maiores artistas da música americana de todos os tempos e também o clima da cena musical americana e londrina do meio da década de 60, através de documentários da época, como aquele realizado por D. A. Pennebaker. Mostra a trajetória de Dylan desde as suas participações nos movimentos de afirmação da sociedade civil contra a truculência do Estado até a turnê londrina onde ele teve a ousadia de introduzir a guitarra na sua folk song transformando-a em folk-rock. Dylan está presente generosamente relatando a sua saga. É afirmação do cinema como retrato de uma época e sua força para enfrentar a barbárie.
Dylan Speaks (2006)
O ano de 1965 foi um marco para a música mundial. O rock dava sinais de transformação com a afirmação dos Beatles e a aparição de bandas como Who, Byrds, Moody Blues, o embrião da psicodelia do Pink Floyd e a tentativa de afirmação dos Beach Boys. E é lógico, Bob Dylan também estava em processo de mudança. Esta entrevista, à época transmitida pela TV, deu-se em dia 3 de dezembro, na cidade de Berkeley, São Francisco, o local do burburinho da nascente contracultura. Dylan fala durante 50 minutos, respondendo às perguntas, quase sempre com evasivas e ironias, de figuras conhecidas como Allen Ginsberg, Bill Graham e um platéia de jornalistas embasbacados. É mais uma mostra da força que carrega uma seqüência de imagens.
Dont look back (2006)
Dirigida por D. A. Pennebaker, esta película de 1967, lançada em 2006 em DVD, acompanha a turnê londrina de Bob Dylan de 1965, portanto um ano antes de eletrificar o seu folk song. Temos aqui um Dylan irriquieto nas memoráveis cenas de bastidores. Dylan compondo, Dylan batendo boca, Dylan fumando (e como fuma!) e especialmente Dylan no palco. Os flagrantes das cidades londrinas dos anos 60 são memoráveis. A perseguição dos admiradores está lá e Dylan atende a diversos generosamente, discute com eles, argumenta, reservando o mau humor para a imprensa, sempre uma pedra no seu sapato. Donovan, Joan Baez e seu fiel escudeiro, Albert Grossman também estão presentes. É uma mostra de como o cinema consegue fazer muito mais do que um retrato de uma figura pública e se transformar num documento de época, de importância histórica.
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Antônio do Amaral Rocha
24/1/2008 às 07h11
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Coisas que eu ouvi
Gosto de música brega dos anos 70. Pronto. Falei. Quase todo mundo que me conhece já sabia, mas quem não sabia ficou sabendo. Isto é praticamente um atestado de mau gosto, mas, em minha defesa, digo que só ouço músicas péssimas com fone de ouvido, para não incomodar meu semelhante. Ou sozinha. Ouvir alto e cantar junto, só mesmo no trânsito, onde posso incomodar apenas os motoboys. Mas eles merecem, então tá tudo certo.(...)
Kelly, no Coisas que eu acho, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
24/1/2008 à 00h35
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Dicas bacanudas para 2008
Dentre as várias resoluções para 2008, uma delas já vem me trazendo frutos. Este ano decidi que, ao invés de mandar tantos e-mails, tentaria resolver as pendências com quem trabalha comigo pessoalmente.
Desde então, sempre que tenho alguma dúvida, sugestão ou problema a ser resolvido com alguém, levanto o meu "bumbum" da cadeira e vou até a sua mesa. Vocês não imaginam o quão este simples gesto se mostrou produtivo!
Além da agilidade na hora de resolver questões que poderiam ficar paradas por dias nas lotadas caixas de e-mails, esta nova prática é também bastante saudável, um exercício físico considerável (aqui os funcionários ficam lotados em diferentes escritórios, relativamente afastados um dos outros, de acordo com a área e função que atuam).
Percebi também que a minha relação com os colegas ficou muito mais próxima e fortalecida, o que é fundamental na hora de resolver questões mais complicadas e que precisam sair da rotina normal e "pular" a tal burocracia.
Isto tudo é apenas uma prova que, às vezes, pequenas mudanças de comportamento podem trazer grandes benefícios! Pense nisso.
D., no 1 day stand, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
23/1/2008 à 00h27
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Desenhos de Reunião
Gustavo Mini, no seu blog, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
22/1/2008 à 00h21
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Caixa Dois, sem eufemismos
Nesta boa adaptação da peça de Juca de Oliveira para o cinema (que chega agora em DVD), Bruno Barreto procura se manter fiel ao original (na medida do possível), conduz a trama com agilidade e ainda conta com um elenco competente. Destaque para a atuação de Fúlvio Stefanini como Luiz Fernando, o banqueiro corrupto. Com humor, mas sem caricaturar seu personagem, ele conduz o espetáculo e ainda dá boas deixas para Cássio Gabus Mendes e Daniel Dantas brilharem.
O tema da malandragem é latente e o "jeitinho brasileiro" fica exposto até o osso através da classe média. O personagem chave para essa discussão é o de Angelina (Zezé Polessa), uma austera professora de primário que se vê milionária de uma hora pra outra. É aí que sua honestidade é posta à prova e traz à tona a realidade brasileira de que tudo pode se dar o tal "jeitinho". O desfecho da história conduz ao nosso retrato tragicômico de celebração da malandragem, sem ser moralista, mas permitindo a discussão ética. No final, todo mundo tenta se colocar na situação do filme, buscando justificativas para poder aceitar a bolada milionária sem se sentir corrompido. São estas "justificativas" que melhor definem o jeitinho brasileiro.
Interessante lembrar que a peça data de 1994 e, 14 anos depois, ainda se mantém bastante atual, exceto pela troca da moeda, que era uma constante na época, e que teve de ser revista. A única coisa desatualizada é o nome do filme, já que o novo truque dos políticos brasileiros é o eufemismo. Em 2005, Delúbio Soares resolveu inovar e renomeou o caixa dois para "recursos não contabilizados". De lá pra cá, a política brasileira foi arrebatada por esta cínica enfermidade, mas, graças ao bom senso, o nome original foi mantido.
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Diogo Salles
21/1/2008 às 11h29
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Lost
(...) eu sou mesmo uma alma perdida na web. É tudo muito infinito, um link aponta para quinze outros novos links, e cada um deles para outros tantos, numa progressão geométrica de sites, blogs, fotologs sem limite, sem fim, sem edição. Com tanta informação na minha frente, não sei por onde começar, na maioria das vezes. Me revolto com o fato porque, ainda que fosse possível ler tudo o que se publica de bom, o que de fato seria retido e transformado em conhecimento?(...)
Paula, d'o vidro de caramelo, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
21/1/2008 à 00h09
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Carnaval, um festival de artes
O brasileiro é realmente um privilegiado em termos de festividades, pois logo após as festas de final de ano e o início das férias de verão, vem o carnaval, que pode ser considerado a maior festa popular ao ar livre do mundo. Tendo como "comissão de frente" a incorrigível alegria da nossa gente, ele apresenta-se como um autêntico abre-alas da indústria de turismo e garoto-propaganda das nossas exportações. Samba, trilha sonora do Brasil.
O carnaval, a arte e o mundo dos negócios são destaques do mesmo carro alegórico. O processo de evolução do nosso carnaval transformou-o numa autêntica ópera de rua, ou, como querem outros, no mais criativo e democrático Festival de Artes do planeta. O carnavalesco, protagonista do núcleo de criação da escola de samba, está comprometido com a verdade ao associar a arte às circunstâncias históricas e geográficas. A imaginação e a emoção simbolizam o corpo e alma do artista. Da mais famosa passarela ― a Marques de Sapucaí ― à mais simples viela, a nossa musicalidade desfila a sua maior riqueza: a diversidade de seus ritmos, como o samba, originário do batuque africano.
Ao lado da música, a literatura se faz presente com o samba-enredo que pode reescrever o nosso descobrimento ou relembrar os ciclos do nosso desenvolvimento e a pintura retratar o colorido da nossa flora e da nossa fauna. A escultura homenageia as nossas celebridades, as artes plásticas fazem o lixo se transformar em luxo. A dança exibe todo nosso "jogo de cintura". Os nossos artesãos mostram a sua genialidade com o aproveitamento de nossos recursos naturais; a arquitetura também se faz presente, especialmente revelando os carnavalescos como verdadeiros "arquitetos sociais". A fotografia, o cinema, artes cênicas e gráficas, todas elas se fazem presentes na fantasiosa corte do Rei Momo.
O carnaval, que possui a magia de transformar artistas em passistas e passistas em artistas, é responsável pelo mais abrangente acervo da nossa cultura popular. Senão, vejamos. Redescobrindo a nossa história, nada tem escapado à sensibilidade dos carnavalescos que, da tradição à globalização ou da tragédia à comédia, têm retratado nossos usos e costumes ― festa para os mais diversos meios de comunicação. A nossa geografia tem sido motivação para os compositores explorarem os milhares de quilômetros de nossas belas praias, o imenso "mar verde" da selva Amazônica, o paraíso ecológico do Pantanal, as serras e cachoeiras do sul, a biodiversidade da mata atlântica e todas as riquezas naturais deste país continente.
No campo empresarial o destaque fica para o formato empreendedor de gestão que faz da ousadia, da criatividade e da empregabilidade ― soma das competências e habilidades ― o tripé de um modelo exemplar de organização competitiva. O mundo dos negócios ainda tem que se conscientizar que somente um ambiente de trabalho prazeroso poderá produzir a Excelência. O prazer, no seu mais refinado conceito, é a energia (insubstituível) que gera vencedores. Até a modernidade do Terceiro Setor, com sua responsabilidade social através do voluntariado, de há muito faz parte do "DNA" das escolas de samba, e de outras agremiações similares, que têm desenvolvido excelentes projetos especiais, que vão da pedagogia à tecnologia, contribuindo para reduzir os índices de exclusão social.
A elevação da expectativa de vida, a nova estrutura do mercado mundial de trabalho e as mudanças de estilo de vida das pessoas são tendências que elegem a indústria do turismo como um dos mais promissores empreendimentos do futuro. Ao som dos seguidores do lendário Mestre André ― bateria nota 10 ― encerramos com o nosso cautelar grito carnavalesco: vamos explorar o turismo, não os turistas.
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Postado por
Faustino Vicente
18/1/2008 às 03h46
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