Nos corredores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, um projeto de formação de leitores começou bem de mansinho. Um office boy pediu um livro emprestado, a moça emprestou, depois outro office boy achou legal e pediu também e a corrente ficou infinita. O resultado é que isso se tornou um projeto com sustança e a Márcia, funcionária do TJMG, defendeu uma monografia emocionante de especialização contando essa história e entrevistando os rapazes.
Mas o projeto mais lindão de que eu já ouvi falar é o da Borrachalioteca, em Sabará (MG, bem ao ladinho de Belo Horizonte). O Marcos Túlio encheu a borracharia de livros e o pessoal da comunidade lê avidamente o material. A coisa toda ficou tão importante que o esquema virou um projeto, com apoios bacanas e tudo. Amanhã, dia 29 de janeiro, a Borrachalioteca (ou Instituto Cultural Aníbal Machado) inaugura mais um espaço, desta vez no presídio municipal de Sabará.
O que deixa a gente arrepiado nesses projetos? A mansidão deles e a capilaridade como eles avançam sobre populações que não conseguem decidir as coisas. Discutir cultura, formação de leitores, cultura digital etc. etc. é lindo, mas, como diz o prof. Marcelo Buzato (Unicamp), em geral, quem quer discutir e decidir sobre isso é o "incluído". Enquanto rolam os fóruns e as festas, regadas a política e notebooks, os 70% de "analfabetos funcionais" do país arranjam suas bibliotecas onde elas surgem.
Em pleno feriado de São Sebastião, padroeiro da cidade, o Rio de Janeiro viveu uma tarde de festa, com o lançamento da antologia Canções do Rio: a cidade em letra e música (Casa da Palavra, 2010, 136 págs.), com seis ensaios sobre diferentes vertentes da música carioca ― das marchinhas ao rock, passando pelo samba e pela bossa nova ―, e sua influência determinante na música popular brasileira. Os textos são assinados por autoridades no assunto: Nei Lopes, Hugo Sukman, Silvio Essinger, Sérgio Cabral, Ruy Castro e João Máximo (os cinco últimos, na foto acima, ao lado do escritor e jornalista Marcelo Moutinho, o organizador do livro).
O lançamento, no coração do Rio de Janeiro, contou com a presença maciça de amantes da cultura carioca, que lotaram o local numa entusiasmada confraternização, abrilhantada por uma roda de samba e uma tarde gloriosa de céu limpo. O evento marcou, também, o aniversário da Livraria Folha Seca, uma das responsáveis por devolver o brilho àquele canto precioso da cidade que, assim como a música carioca, é patrimônio de todos os brasileiros.