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Quarta-feira,
16/3/2005
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Redação
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Por que votar em Bussunda?
Porque é um empregão! Quatro anos, quem sabe até mais, com ar condicionado, cafezinho, secretária, imunidades, os caraminguás no final do mês e amplas possibilidades de sanear definitivamente as combalidas finanças de nosso candidato.
Mas por que Bussunda? Por acaso a boneca já perguntou alguma vez por que Gastone Righi? Por que Aecinho? Por que Dasso Coimbra? Genoíno? Então não enche o saco.
A palavra do candidato
E onde eu entro nisso? Pois é... Este ano completo 26 anos e nunca tive uma carteira de trabalho, tenho um nome a lazer. Há mais de 6 anos entrei na faculdade e estou longe de terminar, mamãe não larga do meu pé... e não dá mais grana. Pois é... tá foda.
Eu sei que a situação está difícil para todo mundo, mas é que eu tenho mais chance, galera. Tenho a imprensa do meu lado. Não custa dar uma forcinha. Além do mais, para mim bastam as mordomias, o salário e a aposentadoria no segundo mandato. Prometo que não vou roubar.
Eleitor, temos um encontro marcado para o dia 15 de novembro, mas liga antes pra confirmar, sei lá, de repente eu viajo...
Bussunda em 1988, depois da Abertura, em O melhor do jornal O Planeta Diário, quando o Casseta & Planeta era engraçado.
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Julio Daio Borges
16/3/2005 às 10h18
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Declaração de Direitos Humanos
Angeli roubado da página do Eugênio Braga, que também linca pra nós.
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Julio Daio Borges
16/3/2005 às 09h49
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Entre a ordem e o caos
1 - ter sempre água na cabeceira, antes de dormir;
2 - abrir a janela (lateral) do quarto (de dormir) e ouvir crianças brincando, ver as manhãs de céu azul desbotado cruzado por passarinhos;
3 - tomar café da manhã. Acompanhada;
4 - nas tardes de quinta, zapear pelos canais a cabo, encontrar invariavelmente o canal de filmes antigos e assisti-los com um gosto doce de riso de infância, fazendo guerra de pezinhos no sofá psicodélico;
5 - planejar sessões de DVD aos sábados, com mais riso, pipoca e refri. Discutir o filme e discordar de todo mundo só de pilhéria, só para ser do contra, rindo secretamente da indignação levantada e, depois, confessar, ou não, que foi tudo molecagem. Isso pode ser muito divertido nessas ocasiões;
6 - fazer comidinhas para as pessoas de quem gosto, ou, quando saio à rua, comprar pirulitos, docinhos, qualquer coisa assim só para fazer surpresa quando chegar a casa. Ou seja, trazer um gostinho de paraíso para a boca dos que quero bem;
7 - arrumar um jeito de ajustar receita e despesa ou de ganhar mais dinheiro e deixar de ser perdulária;
8 - ajudar a reclamar do calor seco só para ter o prazer de concordar com os outros (chego a ver até um meio sorriso, porque a concordância sempre leva a uma certa cumplicidade, ainda que na reclamação vazia), mesmo que o calor daqui me seja muito mais suportável que o que me fazia transpirar a borbotões em Blu e no RJ;
9 - acalmar meus ânimos, serenar minha alma e tirar de cada um só o que me pode dar, só o que gosto, maravilhar-me com isso e desprezar o que as pessoas têm de menos agradável como se fosse tudo criancice, birra tolinha de quem quer se afirmar meio mauzão, bandido de filme de faroeste com bigode postiço e pistola d' água (é difícil, mas gostoso, praticar tolerância);
10 - fazer da literatura, dos bichos e das pessoas que tenho no agora meus bons companheiros até o futuro, enquanto não durmo, enquanto espero o que não vem, enquanto espero as noitinhas de quarta-feira, enquanto espero outubro, tirando qualquer "tom de desespero", cultivando a harmonia, abrindo portas pra alegria. E só.
Angie em La Renarde Flaneuse, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
16/3/2005 às 09h37
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O retorno dos que não foram
A ressurreição deste blog é uma homenagem ao Pedro Doria, que reclamou sua ausência, no ano passado, em cadeia de rádio e TV.
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Julio Daio Borges
16/3/2005 às 08h30
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Apenas manter a loja
A idéia de que aquilo que a gente coloca num livro vai ter um efeito poderoso é cada vez mais difícil de sustentar. Com o passar dos anos, parte dessa capacidade para continuar escrevendo se reduz a viver com a expectativa de ficar desapontado. É o oposto do capitalismo. No capitalismo, a gente quer que o nosso negócio seja bem-sucedido, e, à medida que ele vai tendo sucesso, a gente parte para comprar um negócio ainda maior. Na arte de escrever é quase o contrário. A gente quer apenas manter a loja. Provavelmente, a gente não vai tão bem neste ano como foi no ano passado, mas, apesar disso, vamos manter a loja funcionando.
Norman Mailer, ontem no Estadão
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Julio Daio Borges
2/2/2003 às 18h23
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Meu destino é pecar
Sou filha de canadense e francesa; os homens me acham bonita e se viram na rua, fatalmente, quando passo. Uns olham, apenas; outros me sopram galanteios horríveis, mas já estou acostumada, graças a Deus; há os que me seguem; e um espanhol, uma vez, de boina, disse, num gesto amplo de toureiro: "Bendita sea tu madre!". Lembrei-me de minha mãe que morreu me amaldiçoando e senti um arrepio, como se recebesse, nas faces, o hálito da morte. Bem, acho que meu tipo é miúdo, não demais, porém. E foi isso talvez que levou certo rapaz a me dizer, pensativo: "Se você cantasse, daria uma boa Mme. Butterfly". Há mulheres, decerto, menores do que eu. Mas gosto de ser pequena, de dar aos homens uma impressão de extrema fragilidade e de me achar, eu mesma, eternamente mulher, eternamente menina. Às vezes, não sempre, tenho uma raiva de umas tantas coisas que existem em mim e que atraem os homens. E, nessas ocasiões, desejaria ser feia ou, pelo menos, desinteressante, como certas pequenas que impressionam um homem ou dois, e não todos. O que acontece comigo é justamente o seguinte: eu acho que impressiono, se não todos, pelo menos a maioria absoluta dos homens. Mesmo homens de outras regiões, quase de outro mundo, se agradam de mim. Inclusive aquele marinheiro norueguês, alvo e louro, que me olhou de uma maneira intensa, uma maneira que me tocou tanto quanto uma carícia material. Tenho vinte e poucos anos e devo dizer, não sem uma certa ingenuidade, que vivi muito mais, que tive experiências, aventuras que mulheres feitas não têm. Para vocês compreenderem isso, precisavam me conhecer como eu sou fisicamente, isto é, ver os meus olhos, a minha boca, o modo de sorrir, as minhas mãos, todo o meu tipo de mulher. Se vocês me conhecessem assim - eu poderia dizer: "Esta é a história da minha vida".
Suzana Flag, no Portal Literal
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Julio Daio Borges
31/1/2003 às 11h22
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Aniversário
O aniversário é uma espécie de trégua, concedida pelo mundo ao aniversariante. Durante vinte e quatro horas, as pessoas te tratam com a maior indulgência - a mesma que você concede a si próprio nessa data. Ninguém vai te lembrar, por exemplo, que você tem marcas na face, que há contas a pagar atrasadas ou que o seu projeto de vida é um fracasso.
Durante o seu aniversário, as pessoas são obrigadas a pensar em você. Em alguma hora. Nem que seja contra a sua vontade. Ou então a mandar cumprimentos automáticos, mesmo sem pensar nada.
É o dia em que você tem de encarar a própria idade. Não tem como fugir. Aquele número está lá. Como uma realidade que se abre. E à qual você vai ter de se acostumar.
É também o dia de ficar sem graça. De não ter muito o que falar. De se sentir, incomodamente, o "centro das atenções". De se surpreender com as homenagens. E até de chorar.
O aniversário, no fundo, não é nada. (O dia em que você saiu da barriga da sua mãe? E daí? Grande coisa.) O aniversário é uma maneira de se estar com as pessoas. E de demonstrar coisas que, não se sabe bem por quê, só se demonstram nessas datas.
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Julio Daio Borges
29/1/2003 às 14h40
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Um clone meu
É claro que vou produzir um clone meu tão logo possa; é claro que todo mundo vai se clonar tão logo possa. Vou para as Bahamas, Nova Zelândia, Ilhas Canárias; vou pagar o preço pedido (questões morais e financeiras sempre contaram muito pouco perante a reprodução). Vou ter provavelmente dois ou três clones, como quem tem dois ou três filhos; entre os nascimentos, vou permitir um intervalo adeqüado (nem muito curto, nem muito longo); homem maduro que sou, terei o comportamento de um pai responsável. Farei com que meus clones tenham uma boa educação; então vou morrer. Morrerei sem prazer, pois não desejo a morte. Através de meus clones, alcançarei uma certa forma de sobrevivência que não será de todo satisfatória, mas superior àquela que crianças comuns me trariam. Por enquanto, é o melhor que a tecnologia ocidental pode oferecer.
Essa eu tive de roubar do Pedro Doria. É originalmente uma citação de Michel Houllebecq, autor de Plataforma e Partículas elementares.
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Julio Daio Borges
29/1/2003 às 12h24
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Cacá Diegues e os jornalistas
"São sete horas da manhã / Vejo o Cristo na janela (...)"
Confesso-me um ignorante em matéria de Cacá Diegues. Só vi os filmes a partir da década de 90, dos quais não gostei de nenhum, e não me lembro de ter visto Bye, bye, Brasil (1979) ou os demais filmes anteriores. Na verdade, dada essa minha ignorância congênita, eu nem deveria estar comentando cinema brasileiro. Mas estou. E eu não tinha nada para gostar de Cacá Diegues, mas gosto. Desde ontem.
Ontem, nós jornalistas (waaal, nunca pensei que fosse falar isso), assistimos a Deus é brasileiro, no Espaço Unibanco de Cinema. Como vocês podem perceber, gostei. É uma das mais belas declarações (plásticas) de amor ao Brasil. As locações partem da foz do rio São Francisco (AL), passam por Pernambuco e acabam no Jalapão (TO). Mas não era isso que eu queria contar. Estou me adiantando na minha nota... Se gostei ou não, agora não importa.
Logo em seguida, houve uma feijoada e uma coletiva. É interessante notar como os meus colegas jornalistas escondem o ouro. Por mais que o filme seja desbundante, ninguém sai da sala desbundando - e mesmo que saia, ninguém diz que foi realmente desbundante. A tática é dizer que foi "legal" - e apontar algumas falhas (para não passar por alienado). Depois, se o filme se revelar efetivamente desbundante, o sujeito diz que, passada aquela "primeira impressão", também achou a mesma coisa. O que não vale é declarar, logo de cara, sua admiração. "Vai que a crítica descobre que o filme é uma porcaria, e eu dou o maior fora", essa é a mentalidade do jornalista médio brasileiro.
Na coletiva, a mesma coisa. O ideal é não perguntar nada. Primeiro, para não falar bobagem e tomar uma chamada do(s) entrevistado(s) (acontece quando as perguntas são idiotas). Segundo, para guardar suas idéias para o final. Ou seja: não dividi-las com ninguém, muito menos com os colegas. "Vai que alguém rouba a minha idéia...", assim pensa também o periodista médio brasileiro.
Eu, como sou um novato na máfia, e acho que vou sempre ser, fiz tudo errado. Me desbundei na saída e, durante a coletiva, cumulei os entrevistados de perguntas. Entreguei o meu ouro e as minhas idéias, de bandeja. Agora já era.
Assim, se vocês lerem, nos jornais, nas revistas ou nos sites, algo sobre o roteiro que João Ubaldo Ribeiro detestou escrever, saibam que fui eu que perguntei. Se lerem também que Cacá Diegues ficou lisonjeado com a declaração de Paul Auster, mas que não enxerga muita ligação entre Bye, bye, Brasil e a Trilogia de Nova York, idem. Ou ainda, se toparem com a afirmação de que Diegues adoraria ver um novo filme de Arnaldo Jabor, mesma coisa. Por último, se se contar que ele ficou constrangido por ser, ao mesmo tempo, sogro do Pedro Bial e crítico do Big Brother, podem ter certeza de que fui eu que perguntei.
Enfim, tudo isso é uma bobagem, pura vaidade, mas eu quis, mesmo assim, publicar.
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Julio Daio Borges
23/1/2003 às 08h23
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A Casa é de Daniela Escobar
Os espectadores de A Casa das Sete Mulheres já repararam como a atriz Daniela Escobar está maravilhosa na minissérie? Sempre que ela aparece em cena parece que o mundo ao redor dela pára, a música soa lentamente e parece que a câmera não se cansa de exibir seus dotes... Para quem não sabe, a atriz é mulher do diretor Jaime Monjardim, e este deve ser apaixonadíssimo por ela, porque ele capricha quando a cena envolve a mulher... Nada foi mais lindo na minissérie do que ver Daniela Escobar tomar banho de cachoeira com uma espécie de camisola branca... Como o mundo visto pelos olhos dos apaixonados tem mais cor e sabor...
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Lucas Rodrigues Pires
22/1/2003 às 14h03
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