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Domingo,
18/8/2002
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Redação
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Civilizações Diferentes
Mario Amato, em impagável entrevista à Veja:
"Sempre empreguei mulheres em meus negócios, com bons resultados. Mas precisamos admitir: elas são diferentes dos homens. Não têm a mesma capacidade física para agüentar o trabalho. Têm as regras e aqueles calores... a menopausa. Aí faltam ao serviço três dias, dez dias. O homem é um cavalo, tem outra força física. Eu, como patrão, sempre tratei as mulheres com mais delicadeza, senão elas choram. O homem, não. Ele grita, berra. São duas civilizações diferentes.
"Acho um horror essa mania de mulher nua em tudo que é lugar. Antigamente, quando a gente via o joelho de uma mulher, aquilo funcionava como uma motivação erótica. Lembro de uma moça muito bonita, a Zilá, que quando descia do bonde mostrava o joelho, e eu aproveitava o momento o máximo que podia. Hoje, com tanta mulher nua, o homem está perdendo o estímulo. É por isso que os homens estão impotentes. O que eles podem fazer? O pudor da mulher era um negócio que funcionava. Agora já tem até exposição de homem nu, e homossexualismo virou currículo.
"Qualquer que venha a ser o novo presidente do Brasil, não tenho planos de ir para casa dormir. De mais a mais, quero continuar a dar meus palpites."
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Julio Daio Borges
18/8/2002 às 15h11
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Van Gogh vu par Bacon
Francis Bacon homenageia Vincent Van Gogh, no Le Monde:
"Van Gogh s'était représenté marchant vite, son matériel de peintre sur le dos et à la main, coiffé d'un chapeau de paille, sur une route, entre deux arbres, devant un champ de blé et une prairie. Ses dominantes étaient l'ocre, le bleu et le jaune, posés en touches séparées ou plates, tantôt à la Signac, tantôt à la Gauguin. Dans les Bacon, il y a un homme - ou une ombre humaine -, le chapeau de paille plat, les deux arbres et le sac à dos. Le noir, l'outremer, le vert et le rouge sont projetés sur la toile avec des gestes brutaux, mélangés, écrasés, flagellés."
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Julio Daio Borges
17/8/2002 às 15h09
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O talento e o viço
Boris Schnaiderman sobre as cartas de Tchékhov, também no Estadão:
"'Ele diz: O talento e o viço vencerão tudo. O talento e o viço podem estragar muita coisa - isso é o mais certo. Além da abundância de material e de talento, é preciso algo mais, não menos importante. Em primeiro lugar, é preciso maturidade; em segundo, é indispensável ter o sentimento de liberdade individual, e esse sentimento só começou a despertar em mim há pouco tempo. Antes eu não o tinha; era substituído em sucesso por minha leviandade, negligência e desrespeito pelo trabalho.'
"'Escreva, pois, um conto sobre um jovem, filho de servo, antigo empregado numa mercearia, canto de coro, ginasiano e universitário que foi educado para respeitar a hierarquia funcional, para beijar a mão dos popes e para curvar-se às idéias alheias, que agradecia cada pedaço de pão, que foi açoitado muitas vezes, que ia às aulas sem galochas, que brigava, que torturava os animais, que gostava de almoçar na casa dos parentes ricos, que fingia diante de Deus e dos homens, sem nenhuma necessidade, simplesmente por ter consciência da própria insignificância - escreva como esse jovem espreme, gota a gota, o escravo que tem dentro de si, e como ele, ao acordar numa bela manhã, sente que em suas veias já não corre o sangue de um servo, mas o de um verdadeiro homem...'"
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Julio Daio Borges
17/8/2002 às 14h34
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Amusing Ourselves to Death
Sérgio Augusto sobre Neil Postman, em O mestre que quer virar a escola pelo avesso, hoje no Estadão:
"Nada supera a velha e boa escola. Se pública, tanto melhor. Só na escola que os indivíduos aprendem, entre outras coisas, que as necessidades individuais estão subordinadas a interesses do grupo. A escola civiliza e socializa. 'A sala de aula destina-se a domar o ego, a ligar os indivíduos a outros, a demonstrar o valor e a necessidade da coesão do grupo', argumenta Postman.
"'O papel que a nova tecnologia deve desempenhar nas escolas ou em qualquer outro lugar é algo que precisa ser discutido sem as fantasias hiperativas de chefes de torcida', acrescenta, deixando bem claro que considera o computador e suas tecnologias associadas acréscimos impressionantes a uma cultura. Mas é fundamental que saibamos não apenas como usá-los mas também como somos usados por eles."
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Julio Daio Borges
17/8/2002 às 14h29
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Separações é Amores II
Gramado chega a seu fim hoje à noite. Não se sabe o que vai acontecer em relação às premições, já que os dois últimos filmes - DURVAL DISCOS e SEPARAÇÕES - foram os mais aplaudidos da competição nacional. Um deles deve levar o prêmio do público. Aliás, SEPARAÇÕES é uma espécie de AMORES II, tratando dos mesmos temas e com personagens muito semelhantes ao filme anterior de Domingos de Oliveira. A diferença é que seu novo filme é mais maduro em termos de linguagem, com movimentação de câmera e tomadas que se distanciam de AMORES e da linguagem teatral - já que ambos são baseados em peças de teatro do prórpio Domingos. O público adorou.
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Lucas Rodrigues Pires
17/8/2002 às 14h02
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O Edifício de Coutinho
A sessão de hoje à tarde que fechou a competição de documentários esteve lotada. Ruim porque muitas crianças e outros que buscavam mais achar algum famoso fizeram barulho demais para quem estava vendo um filme de Eduardo Coutinho. EDIFÍCIO MASTER selou com chave de ouro e deve levar algum prêmio. Filme ou diretor, ou ambos (o mais provável). Coutinho sabe como ninguém arrancar depoimentos espontâneos e significativos de pessoas comuns que vivem num condomínio de mais de 250 apartamentos. O filme tem 10 minutos, e a infinidade de histórias e vidas comove quem o vê. Um senhor que conheceu Frank Sinatra cantou My Way para as câmeras de Coutinho; uma garota de 20 anos contou que faz programas e sustenta a família com isso; a garota que veio ao Rio estudar e muitos outros que fazem de EDIFÍCIO MASTER um filme belo.
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Lucas Rodrigues Pires
16/8/2002 às 18h39
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The Lost Club
Este endereço é sobre escritores menores, obscuros, esquecidos ou quase, da Inglaterra vitoriana e eduardiana; pelo menos um deles esteve próximo de ser um gênio (James Branch Cabell); os outros são pelo menos interessantes. Está em inglês. Dê uma olhada: The Lost Club. E depois me responda: por que todos esses escitores menores e esquecidos são tão melhores do que, por exemplo, Tom Clancy? O que há com o gosto das pessoas? Por que esquecer uns, que mereciam ser lembrados, e lembrar desta criatura? Por que ler o último livro do nutricionista ou socialite de sempre, quando se pode encontrar (com dificuldade, é verdade), nos sebos, os livros do Barão Corvo - ou de Charles Williams?
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Alexandre Soares Silva
16/8/2002 às 17h53
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The City of K.
A Praga de Kafka acaba de ganhar uma exposição no Museu Judeu, conta o New York Times:
"Prague the old crone, Prague the container of burned-out dreams and passions, Prague the circle that confines, Prague the most beautiful set; Prague, in the phrase of Ernst Pawel, one of Kafka's best biographers, 'his life's stage.' The intricate relationship between the real and the imagined city, the city that formed Kafka and the city that everywhere informed his fictions (even if it was seldom specifically named in them): this is a rich subject for an exploration of almost any conceivable genre, be it written, filmed, staged or exhibited.
"Exhibited it is. Yet 'The City of K.: Franz Kafka and Prague,' at the Jewish Museum, is no ordinary show of a writer's memorabilia. While the usual materials are all in evidence - manuscripts and ephemera (here, however, mostly all facsimile), photographs and early editions - they have been arranged into what Juan Insua, its curator, calls '12 Kafkaesque environments.'"
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Julio Daio Borges
16/8/2002 às 11h44
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11 de setembro
Para quem quiser se munir de material para a data, Jonathan Dube fornece uma série de links em sua coluna Preparing for Sept. 11. Complementa ainda com os seguintes endereços: Television Archive, September 11 Web Archive, e The New Yorker's Sept. 11 site.
(Lembramos que o Digestivo Cultural também publicou o seu Especial.)
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Julio Daio Borges
16/8/2002 às 11h00
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Morre Flávio Colin
Morreu na terça-feira, dia 13, Flávio Colin, um dos mais importantes quadrinistas brasileiros. Colin era considerado o único desenhista nacional a desenvolver um traço tipicamente nacional e, embora fosse desconhecido pela maioria da população, era cultuado por qualquer um que curtisse a nona arte.
Mais sobre Colin no site Omelete.
Seu traço era tão marcante que muitos que viam seu trabalho pela primeira vez achavam estranho e não gostavam. Foi o meu caso. Depois aprendi a apreciar o trabalho do mestre.
Uma curiosidade: na época em que fez quadrinhos eróticos para a Grafipar, no início dos anos 80, Colin tentou usar um pseudônimo. Sem sucesso, os leitores reconheciam imediatamente o seu desenho.
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Gian Danton
15/8/2002 às 19h03
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