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Quinta-feira,
24/3/2005
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Redação
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Profissão: jornalista cultural
É difícil você entrar [no curso superior] com alguma certeza. As pessoas entram muito novas na faculdade. Não sei se vale a pena escolher a área que se quer muito cedo. Na verdade, as pessoas que eu conheço acabaram se definindo no meio do caminho ou quando saem, dependendo do que conseguem fazer, e aí investem naquilo e tal, se apaixonam pela coisa. Mas é difícil porque às vezes você escolhe uma área e pensa "ah, eu quero fazer cultura, eu quero fazer cultura, eu quero fazer cultura..." e não percebe que o mundo de jornalismo cultural é muito pequeno e você pode se frustrar, especialmente aqui em Brasília. São muito poucos os espaços e é quase um acaso que você entre para fazer o que gosta assim, de cara. É preciso estar preparado para aproveitar o que surgir.
* * *
A graduação [nos cursos de jornalismo] é uma coisa louca, onde os alunos não querem saber de comunicação, só querem se formar como jornalistas ou publicitários, ou o que quer que seja, e a disciplina nunca aparece como deveria. Ela é prejudicada pela deficiência dos próprios cursos e currículos, e pela angústia dos alunos, que querem ter logo o diploma. Então, da forma como as pessoas têm saído das universidades, da faculdade, eu não acredito nessa reserva de mercado [conferida pelo diploma]. Acho que os cursos não têm formado jornalistas ou comunicadores.
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[Dica:] Leia. Leia. Leia. Leia. Leia. Leia Machado de Assis. Leia Machado de Assis. Leia Machado de Assis. Leia Machado de Assis (risos). Vá atrás de conhecimento, vá atrás de saber, é isso que vai fazer a diferença. Leia para poder saber escrever, para poder conhecer e para poder ter uma visão mais ampla de mundo. E não fique angustiado na faculdade em correr atrás da prática, pelo contrário. Corra atrás do que você não vai ter para o resto da sua vida e não ache que estudar Teoria da Comunicação é bobagem, porque não é.
Sergio Sá, meu colega de CPFL, em entrevista num site só de jornalistas de Brasília.
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Julio Daio Borges
24/3/2005 às 16h14
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A conversa
Eu já quis fazer jornalismo popular. Depois não quis mais. Depois voltei a querer. E hoje acho que a questão nem é mais entre o jornalismo popular e um jornalismo mais de elite. O fato é que, a cada dia que passa, me vejo menos como jornalista. É triste, não posso negar. Afinal, foi a carreira que eu escolhi, há longos dez anos. Ainda tenho mais um tiro, uma única bala para um alvo não muito fácil. Depois disso, quem é que sabe?
Polzonoff em "Tudo sobre jornalismo", como ele mesmo diz, "não revisado" e "in progress".
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Julio Daio Borges
24/3/2005 às 15h17
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Excelentes blogs
A tarefa de montar uma lista, seja ela com cinco, dez ou quinze endereços de blogs que pudessem ser considerados "excelentes" é complicada. Eu me recuso a nomear "os melhores" por uma questão ideológica: melhor em quê? Não dá para comparar um blog de cinema com um que fale sobre tecnologia. Então decidi primeiramente estabelecer os parâmetros do que seriam "excelentes blogs" e depois eleger "Dez Excelentes Blogs".
1. Blogs têm que ter originalidade: já existem blogs circulando pela blogsfera há vários anos, não há mais desculpas para repetir as fórmulas estilo "meu diário". Blogs também deixaram de ser considerados apenas "exercícios de ego" e são hoje levados a sério por universidades, empresas e pela imprensa, a ponto de a Apple querer processar um blog.
2. Blog sem RSS feed não é mais um blog que mereça ou vá receber muita atenção: o excesso de informação e a necessidade de filtrar a informação que vale a pena ler fizeram com que o RSS tenha se tornado obrigatório para quem quer escrever e ser lido.
3. Blog que se preza precisa ser atualizado sempre.
4. Ainda prefiro blogs "independentes", desconfio de todo blog corporativo ou corporativista que apareça por aí.
Tendo estabelecido alguns parâmetros, segue uma primeira lista do que eu considero Dez Excelentes Blogs da Blogsfera, com a descrição de seus méritos, sem nenhuma ordem em particular. Lembrem-se: essa lista não é uma lista definitiva, não pretende ser uma lista dos "melhores". Blogs aparecem e desaparecem, outros bons blogs surgem, a internet muda, o mundo muda, tudo muda o tempo todo.
Dani Cast, em seu já clássico MadTeaParty.
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Julio Daio Borges
24/3/2005 às 09h04
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Conversando no Bar
Fui passar o Natal com a Elis e depois da ceia, da troca de presentes, ela sentou-se numa cadeira e começou a chorar, dizendo que se sentia muito sozinha em São Paulo, que era muito nova e que não estava feliz. E disso eu entendia, porque eu também não estava bem em São Paulo. Vendo ela chorar eu pensei que para ela estar fazendo aquilo na minha frente, só poderia ter um motivo. Iria nascer uma grande amizade. E foi o que aconteceu.
Mais do que qualquer coisa, Elis era um mito para mim. Quando a ouvi pela primeira vez cantando minha música, a voz dela entrou dentro de mim, do meu coração, do meu sangue. Ela, inclusive, em um programa de TV, reclama que eu não falei nada sobre a gravação, mas eu nem tinha como falar. Eu até chamei ela para tomar alguma coisa num boteco, mas ela disse que não era pessoa de tomar coisa em boteco e então acabei nem falando para ela se eu tinha gostado ou não. Mas para mim, para meus amigos, para minha família foi uma festa.
Todas as mulheres da minha vida são ciumentas, menos Elis. Porque ela tinha certeza que o lugar dela estava certo e que ninguém iria mexer. Depois que eu a conheci, todas as minhas músicas foram feitas para Elis e ela sabia disso, portanto não sentia ciúmes. Mas quando eu fazia uma música e dava para Elis gravar, eu causava um reboliço, todas as outras cantoras ficavam com ciúmes.
Milton Nascimento, num depoimento para o especial do Globo.
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Julio Daio Borges
23/3/2005 às 11h31
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Caneando o blog
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Falta absoluta de grana. Falta mais do que absoluta de grana e uma certa tendência a uma inexplicável abstinência alcoólica.
Tudo isso, somado às aulas de dança (esse sim um vício incurável) tem me deixado tranqüila inclusive para canear este blog sem culpa nenhuma.
Estou aqui, lendo a micro biografia que Leminski fez de Jesus e estou na paz de Deus.
É um bom lugar.
Aleluia!
* * *
Parem imediatamente de usar mais de um ponto de exclamação depois das frases.
Não é nada com alguém que já tenha comentado neste blog, mas para todo mundo que navega pela Internet.
(...) Quer saber? Economizem, de uma vez por todas, o ponto de exclamação.
Fica a impressão de que qualquer m... impressiona vocês.
Isso não passa de uma grande demonstração de ignorância e deslumbramento. (...)
* * *
Amanhã tenho prova de figurino do Boleiros 2. Pediram para levar alguma coisa minha.
Vou levar uma das produções da minha mãe, que pra quem não sabe, é uma excelente artesã e faz coisas lindas de vestuário, bijus e decoração.
Ela vai ficar toda prosa quando vir uma de suas crias enfeitando sua cria de verdade na tela do cinema.
Sem Gelo de Fernanda D'Umbra (que o Mário Bortolotto havia indicado, mas onde eu nunca havia entrado - até hoje).
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Julio Daio Borges
23/3/2005 às 09h00
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Internet difundindo livros
De acordo com enquete realizada no mês de fevereiro no site da CBL [Câmara Brasileira do Livro], jornais e revistas ainda são os principais meios por onde os leitores se informam sobre as novidades do mundo literário. De um total de 537 participantes, 190, ou 35%, responderam que usam os veículos de comunicação impressos para se manterem atualizados. Surpreendente foi a participação da internet que ficou em terceiro lugar, tecnicamente empatada com a tradicional visita a livrarias (22% a 23%). "Isso prova que a internet não é inimiga dos livros ou da leitura como alguns apregoam. Quase todas as editoras e livrarias de pequeno, médio e grande porte possuem sites, disponibilizando a compra de livros on-line", explica o vice-presidente de comunicação da CBL, Marino Lobello. Os demais colocados na pesquisa foram os "informativos de editoras ou livrarias" (9%), "por meio de pessoas conhecidas" (7%) e, em último lugar, "pelo rádio ou TV" (4%).
"Boletim nº 375", de 21/3/2005, da CBL
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Julio Daio Borges
23/3/2005 às 08h30
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Biografia do orvalho
A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.
Xiru Sander Scherer citando Manoel de Barros, cujo Andarilho Freak linca pra nós.
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Julio Daio Borges
22/3/2005 à 00h02
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Política em perguntas
Todos devem - e fazem - política. Ninguém vive sem participar do que acontece no dia-a-dia. Fazemos política inclusive quando "cruzamos os braços" e "ficamos de fora". Quem se omite consente com a situação, aceitando-a como ela é. (...)
Não há como não fazer política. Todos nós nascemos "políticos" porque nascemos não apenas para viver, mas para conviver (viver em relacionamento com os outros). Podemos, ficar à margem, olhando sem participar. Nesse caso, agimos com irresponsabilidade porque deixamos que os outros façam - bem ou mal - com o nosso direito de delegar a uma determinada pessoa um poder de comando.(...)
O voto tem tudo a ver com a política. (...) Não existe voto mal dado, os juízos de valor são subjetivos.
Guilherme Ibraim em O Binóculo, que, em algum lugar também, linca pra nós.
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Julio Daio Borges
22/3/2005 à 00h01
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O site da cultura brasileira
Navegando pelas ondas virtuais, abrindo para os viajantes de todo o mundo um porto seguro da Cultura Brasileira. Estaremos modulando arte com muito amor 24 horas (...).
Os arquivos de textos estão prontos, ou quase, e podem ser acessados em português, e já estamos trabalhando para disponibilizar em inglês e espanhol.
Essas páginas representam um resumo de assuntos culturais. Você vai poder pedir em breve, através de cadastro pessoal, informações mais detalhadas por e-mail (...).
Por fim, estamos finalizando a página do Fórum de Debates, que em breve estará disponível. Nele você vai poder discutir e fazer reflexões sobre a cultura brasileira, não só nos limites das artes culturais como artesanato, livros, discos, pinturas, instrumentos musicais, dança, circo, teatro, plásticas, mas fundamentalmente cultura como instrumento de transformação social (...).
Tomem logo seus lugares, juntos vamos retemperar a saúde de nossa alma brasileira!
Brasil Cultura, que, em algum lugar, linca pra nós.
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Julio Daio Borges
22/3/2005 à 00h00
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Essa menina
Vai querer? Cinqüentinha. Trepo legal pra caramba. Treze anos, antes que tu pergunte. Pareço menos, né? Teve um cara que me deu dez, mas tava bêbado e vesgo. Tu vai me cagüetar? Hein? Fala, coroa... Vai me entregar? Tá balançando a cabeça. Não gosta de falar, né? Tô entendendo. Tu pode falar o que quiser e também não falar se quiser, só não vale sermão, sacou? Teve um cara lá onde eu morava que passou uma semana mudão. Todo mundo fofocava. De repente, ele deu um chute na porta de um barraco, e não sobrou neguinho em pé. Passou fogo geral. Olha eu brilhando, viu? Foi o farol do carro que passou, meu chapa. Mas diz... vai querer? Sou limpa, tomo banho todo dia lá no posto, os caras deixam, mas de qualquer jeito tu vai usar camisinha, valeu? Não vai pegar nada porque eu não tenho doença, tô há pouco tempo na zona, fodia mesmo era com o pessoal lá de casa, mas sabe como é, depois saltei fora. Faz tempo que não pinto lá. Larguei o barraco. Já não deve ter ninguém vivo. É gente morta no meio da subida todo dia. Agora sou menina de rua. De Copacabana. Chique pra caralho, né? Gosta de rap, hein, gente fina? Vai ficar aí me olhando, chapado, diz logo senão vou me mandar. Tô cobrando alto? Tô cobrando legal, né? Tem menina aí tirando o dobro. Assaltaram o pau dos caras. Foda é diversão. Uma vez, na hora de gozar, um cara começou a gritar: ai, minha mãe!... Me esculachei de rir, e ele me olhou por cima dos olhos. Fiquei com medo de virar paçoca nas patas dele. Mas vai, fala, tô te explorando? Um galo, cara. Diz... Faço por quarenta, pronto, e não se fala mais. Vamos lá? Gostou da minha saia? Roubei de uma loja; moleza. Ela não roda que é pra grudar nos utensílios, tá sabendo, né, malandro?... E das minhas pernas? O que tu achou? O pessoal diz que é roliça; é o que rola, né? Tu acha que meus peitos vão crescer? Tô cansada dessas bostinhas... Valeu a balançada de cabeça! Eu trepo pelos ares, sabe qual é? Vou mostrar quando chegar lá. Vôo parapélvico, tá na moda, já viu? Faço cada pirueta legal, foda de bailarina, padedê, me ensinaram quando viram a minha evolução. Tu vai gostar, eu empolero legal. Teve uma vez que custou, mas também eu tinha cheirado. O cara dizia para eu descer e eu lá em cima dos joelhos dobrados dele, me equilibrando, tentando dar um mortal. Brilhei outra vez, sacou? Manero, né? Mas e aí? Não vai dizer nada? Tá me olhando assim por quê? Ih, de repente, zoou no meu ouvido: tu é tira? É veado? Fala aí, ô meu... Já tô perdendo muito tempo... Tempo é dólar. Já dava pra ter dado uma bimbadinha... O que eu faço com o dinheiro? Como é que eu advinhei que tu queria saber, né? Foi teu esfrega-esfrega dos dedos. Dou a grana pro meu irmão, ele compra o pó e eu fico com a rapa. Daí, com a rapinha, eu fico pancadona. Então vou sozinha lá pra praia, me deito, e fico toda langostosa na areia. Ninguém advinha o meu jeito de ser feliz. Comida e roupa eu roubo ou ganho. Sabe que tem muita madame beneferenta por aí, befemerenta, perebenta, sei lá como se diz... Mas aí, cara, tu ainda não decidiu? Tu é brocha? Ou prefere garoto? Voltou a balançar a cabeça, hein? Tu gosta de falar por ela, né? Balança sim, balança não. Prefere coroa? Qualquer mulher serve, né? E aí? Vamos lá! Meu irmão tá me esperando, tenho que passar a grana pra ele. Não posso demorar, ele tem sopro na cabeça. Tu nem calcula. Outro dia ele teve uma viração que eu nem te conto, cara. Levei uma coça que tô até hoje com os dedos do pé extraviados. Ele sempre começa a bater por baixo, por isso meu pé tá nesse estrago. Ah! Mas como é que isso não cruzou minha idéia?... Tu deve ser gringo! Não deve ter entendido porra nenhuma do que eu falei... Dou na minha cara, sim. Mereço uns tabefes. Que que tu tá mexendo no bolso? Vai pintar sujeira, meu camarada? Papel? Pra quê? Tá escrevendo. Veja só. Quer que eu leio? Claro que sei.
Tu é mudo... Legal... Como é que tu faz na hora de gozar? Trintinha, vamos lá!
Livia Garcia-Roza em Restou o cão.
(Porque hoje este blog está pornográfico...)
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Julio Daio Borges
21/3/2005 às 15h28
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