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Quinta-feira,
16/6/2005
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Redação
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O único assunto do Brasil
Hoje, para que uma revista venda, seja ela de negócios, computador ou artesanato em macramê, é preciso ter uma celebridade na capa, senão, não vende. Para que alguém visite um site, há que se falar alguma coisa sobre um famoso em algum lugar, de preferência com fotinha. O sucesso de um evento, convenção ou prêmio, depende do ator global que vai apresentá-lo. O próprio Pânico, bola do momento, começou com um repertório de quadros de humor próprios, mas só explodiu quando Vesgo e Ceará começaram a perseguir os famosos. Seja em situação de humor, de vexame, de constrangimento ou horror, o interesse que temos, real, genuíno, intenso e mobilizador, é sempre pelas celebridades. (...) Está acontecendo em muitos lugares do mundo, mas no Brasil é flagrante.
Rosana Hermann, no Blônicas.
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Julio Daio Borges
16/6/2005 às 08h06
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Antes tarde do que nunca
Do Zé, cujo Arquivo Z linca pra nós.
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Julio Daio Borges
15/6/2005 às 11h06
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Micos, muitos micos...
Sou um neófito no mundo dos blogs. Para divulgar o meu, comecei a enviar e-mail para sites de literatura, para pessoas que escrevem neles, para um fórum de divulgação e para antigos colegas e professores da faculdade. Confesso (que vergonha) que enviei o endereço do meu blog até para e-mails de jornais e revistas. Juro que não sou louco; sei que nem vão ligar, mas, tentar não custa nada. A única coisa que pode acontecer... Simplesmente, "deletarem" meus recados.
Já recebi dois e-mais, pedindo para "não mandar mais nada". O primeira pessoa disse não me conhecia e que tinha mais de duzentos alunos e que não podia receber mensagens de desconhecidos; prejudica seu trabalho. Entendi o seu lado e não vou mais incomodá-lo. A outra pessoa, uma antiga professora, que não me conhece mais, disse: "Quem é você? Não estou interessada no que você diz ser literatura. Não envie mais nada para mim; não estou interessada". Compreendi o recado. Aliás, se tenho o direito de gostar ou não de um livro ou outra coisa qualquer, os outros também possuem o mesmo direito de não gostar do que escrevo. A rejeição faz parte da vida e do nosso crescimento como pessoa.
Enfim, continuo a viver, a escrever, a blogar e pagar micos, muitos micos...
Dudu Oliva, no seu Idéais e Histórias, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
15/6/2005 às 08h34
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O Homem-bomba
Eu bem que tentei ficar longe do mar de lama, mas ele me pegou. Foi ontem. À noite.
Cheguei da Casa do Saber, conversei com a Carol e, entre um danoninho e outro, liguei a televisão.
Cultura, SBT, Globo. Lá estava, como não poderia deixar de ser, o Roberto Jefferson, no seu depoimento para a CPI dos Correios.
Me impressionou. Não pelo mar de lama (não entendo como as pessoas ainda podem se espantar), mas pela presença cênica, pela força, pela convicção.
A CPI está saindo e será essa repercussão toda por causa dele, Roberto Jefferson. É um grande ator e está mobilizando as atenções da mídia pelo seu carisma e pela personificação do que em política não mais existe.
Não importa que esteja do lado errado, não importa, até (como querem alguns), que não tenha razão. Ele é convicto, ele é verdadeiro (ou verossímil), ele está vivo (!).
Porque os politicos, em geral, estão mortos por dentro; porque a política brasileira, em geral, está morta por dentro. Porque a sociedade morreu, porque a mídia (o jornalismo) não mais existe, porque nós, em nas nossas vidinhas simples, sempre desistimos.
Eu tenho essa atração pelo homem-comício, como o Nélson Rodrigues tinha (aliás, que bela crônica ele escreveria...). Reconheço, por exemplo, a importância do Hélio Pellegrino, por causa disso. Do Glauber Rocha (mais do que do cineasta Glauber Rocha) etc.
No Brasil, tivemos grandes homens-comício. Para o bem e para o mal: Assis Chateaubriand.
Acho que, como o PC, vão é matá-lo. Digo, o Roberto Jefferson. Será "queima de arquivo". O sistema não perdoa esse tipo de afronta. E agora já foi... Não dura. Acompanhem comigo.
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Julio Daio Borges
15/6/2005 às 07h31
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Internet2
Yes, there is another Internet. The term "Internet" simply refers to a network of computers. The one that most of us use is Internet1, or the "commodity Internet." Internet2 was created nearly a decade ago by academics at research universities as a noncommercial prototype-something like what the Internet was back when just a few university researchers were logged on to ARPANET.(...) Like the commodity Internet, Internet2 comprises servers, routers, switches, and computers that are all connected together. Routers decide which way to send information, and servers handle Web site requests and store information for retrieval. What makes Internet2 so different is that it has many fewer users and much faster connections.
Alexander Russo, na Slate.
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Julio Daio Borges
15/6/2005 às 07h31
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Alles mit Gott
Sensationeller Fund in den Beständen der Weimarer Herzogin Anna Amalia Bibiliothek: In einer Sammlung alter Drucke wurde eine bisher unbekannte Komposition Johann-Sebastian Bachs von 1713 entdeckt. Wie durch ein Wunder entging das Dokument dem verheerenden Brand vom vergangenen September.
Ou em "inglês":
Sensational find in the existence that Weimar duchess Anna Amalia Bibiliothek: In a collection of old pressures an unknown composition Johann Sebastian of brook was discovered of 1713. As by a miracle the document escaped the devastating fire from past September.
Ou em "francês":
Découverte sensationnelle dans les stocks de la duchesse de Weimar Anna Amalia Bibiliothek : Dans une collection de vieilles pressions, une composition Johann-Sebastian de ruisseau de 1713, inconnue jusqu'ici, a été découverte. Comme par un miracle le document est allé au-devant du feu dévastateur de septembre passé.
Na Der Spiegel, com transcriação do Babel Fish, o site dos Irmãos Haroldo (tá bom, eu sei que estou ficando chato com esse negócio de Bloglines; prometo que paro no próximo...).
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Julio Daio Borges
14/6/2005 às 11h45
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Enquanto ela escolhe a roupa
O que fazer enquanto a sua mulher, amante ou namorada se arruma para sair?
Aí está uma das grandes questões da humanidade. Sorte tinha Adão, que pegou o mundo ainda sem muitas opções no vestuário e longe, muito longe da praga da indústria fashion.
Mesmo assim, Eva demorava horrores para escolher a parreira mais fresca, a mais enfeitada, aquela com detalhes e nervuras que lembram a costura de um Ronaldo Fraga, de um Hercovitch, nossos modernos estilistas.
O que fazer enquanto ela põe roupa e tira roupa, mulher alterada, doida demais, peça por peça do armário?
Põe e tira, vai ao espelho, pede a sua opinião... Liga para pedir a opinião da melhor amiga - afinal de contas você, velho macho conservador não entende nada dessas modinhas -, volta ao espelho, muda só a parte de baixo, agora muda só a parte de cima, troca o brinco, o colar novo, "ah, esse não combina"...
Não adianta você, caramigo, dizer que está ótimo, dizer que nunca viu mulher tão linda, dizer que nunca a viu tão deusa, dizer que é a mulher da sua vida, a que se veste melhor, a de gosto estupendo, a mais francesa das francesas, a bonequinha de luxo posando na frente da Tiffanys, a Audrey das Audreys, Catharenin Deneveuve, Juliette Binoche...
De nada adianta. Ficamos falando sozinhos nesse momento ímpar do mulherio.
O que fazer?, então, como perguntava o velho Lênin antes neoliberal e capitalista?
Relax, meu jovem, relax, caro mancebo, tranquilidade, cabrón. Como não tem remédio e nem nunca terá, o jeito é retomar tempo perdido a nosso favor. Já tive mulheres que demoravam o tempo de um jogo de futebol - com prorrogação e morte súbita - para escolher a "roupa certa". Vi muitas decisões de campeonato graças às dúvidas fashion da costela amada. Gracias.
Puta[s?] escritores, como o velho Hemingway, deixaram grandes obras graças às demoras das "patroas". Grandes inventores, idem. O humorista Grouxo Marx agradeceu publicamente à sua mulher por deixar-lhe livre para criar ótimas piadas nestes intervalos. Os exemplos são muitos. Meu amigo Pereira, velho porco chauvinista, volta à infância e monta castelos e castelos de legos. Rebelo, chapa de Curitiba, aproveita para treinar tirar ao alvo... E assim espera o mundo macho.
E quando ela, além da dúvida da roupa, diz que está gorda?
Xico Sá, no Blônicas (uma dica da Déa).
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Julio Daio Borges
14/6/2005 às 11h20
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É a que fica
Tem coisas na vida - lugares, empregos, pessoas - que nos empolgam de cara. Tudo parece perfeito e feito sob medida. Não demoramos a nos apaixonar, a nos sentir bem, a nos alegrar com todas as virtudes aparentes e escondidas. Que vista linda da janela! Que cidade acolhedora! Quantos colegas interessantes, que chefe encorajador! O tempo passa e a satisfação não esmaece, e nos sentimos de fato gratos pela nossa sorte de ter encontrado um emprego, uma cidade, um apartamento, uma pessoa assim.
E há, claro, o oposto. Aquele lugar onde chegamos e, imediatamente, temos a sensação de ter cometido um erro. As coisas começam a dar errado - não por nossa culpa, mas por azar. Os colegas são antipáticos. O vizinho é barulhento. A cidade é fria e fechada, cinza todo dia, e o carro rente à calçada passa bem em cima da poça espirrando água suja sobre nós como um presságio. Conhecemos alguém e a conversa trunca, cometemos gafes sem saber; dizemos algo e somos mal-interpretados, e a resposta da pessoa nos soa também errada. Tudo é um desastre. Queremos dar tempo ao tempo, mas o tempo passa e temos saudades de outros lugares, pessoas, ocupações.
Ocorre, então, que o tempo passa ainda mais. Passa mais. E mais. Muito imperceptível. Sabe como é, vão-se as semanas e meses, entra o inverno, os dias encurtam, essas coisas todas mudam e nem notamos, felizes que estamos, ou então insatisfeitos.
Um dia a gente se pega meio de mau-humor no caminho para o emprego perfeito. Deve ser coisa de lua, ou os hormônios, ou esse trânsito especialmente ruim. A gente chega ao trabalho e o mau-humor não passa. A gente espera, tem paciência. Mas a irritação cresce. Aquela secretária solícita agora nos dá nos nervos. O computador trava toda hora. Dá enjôo só de pensar na comida do refeitório. A cidade nova já exauriu todas as suas atrações. As palmeiras bonitas que ladeiam a avenida central parecem empoeiradas e marrons. Já cansamos de ir ao mesmos restaurantes. Aquele novo amigo sensacional apronta com a gente. Tudo parece errado, e, emboscados, nos perguntamos: como raios viemos parar aqui? Como é que, no fim, tudo acaba na mesma, com tanta imensa insatisfação?
Pois há aqueles casos em que já começamos, de cara, infelizes. Sofremos. Insistimos e sofremos mais ainda. Mas o tempo passa também. Aquela pessoa meio antipática revela qualidades insuspeitas. Só precisava mesmo de tempo para nos conhecer e se abrir. Ou então finalmente compreendemos as sutilezas de nossas respectivas linguagens, e, assim, nos entendemos melhor. Ficamos melhores no emprego, nosso trabalho é reconhecido. Aquela cidade inóspita abre encantos ocultos que agora conseguimos navegar com mais destreza. Temos até um restaurante preferido onde somos clientes habituais e nos chamam pelo primeiro nome. Demorou. Parecia tudo errado de início. Parecia burrice insistir no erro. E no entanto não conseguimos entender como é que não enxergamos, de cara, o quanto tudo estava tão certo para nós.
Do recém-inaugurado blog da Daniela Sandler (porque a Dani vai embora...).
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Julio Daio Borges
14/6/2005 às 10h12
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Réquiem reloaded
"Ótimo, ri sozinha em frente ao computador, olhando pela janela a chuva e o dia odioso que esta fazendo. Minutos de prazer."
Da Renata Linhares por e-mail.
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Julio Daio Borges
13/6/2005 às 18h11
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Com-por
E então com-porei meu destino: porei folhas secas no chão pra que meus caminhos se renovem; porei fogo na lareira pra que meu coração se aqueça; porei flores na janela pra que meus sentidos se aguçem; e porei o mar na minha frente pra que minha sede mergulhe. E farei de cada dia um ano inteiro com-posto de muitas estações.
Da Carol, do Ensaio Vespertino, que linca pra nós.
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Julio Daio Borges
13/6/2005 às 16h57
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Julio Daio Borges
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