Eu cresci ouvindo que no Brasil, em se plantando, tudo dá. Então ficava com uma pulga atrás da orelha: e azeitona, porque não dá (pelo menos não em escala comercial)? Confesso que nunca procurei me informar, mas acreditava que era uma questão de temperatura, altitude, latitude, qualquer coisa assim. Lendo o livro Azeite: História, produtores, receitas (Editora Senac, 2006, 288 págs.), de Luciano Percussi, percebi que o que nos falta não é clima adequado e, sim, vontade. Afinal, conforme explica Percussi, as oliveiras gostam de chuva, mas também suportam bem climas áridos e resistem a fortes secas. Não se afetam muito com a temperatura, desde que não se elevem acima de 40 graus e não caiam abaixo dos sete graus negativos.
No capítulo "O Azeite no Brasil", Percussi diz que algumas versões dão conta de que as primeiras oliveiras chegaram ao País com os colonizadores, mas que a corte teria mandado acabar com as árvores para que a produção brasileira não rivalizasse com a portuguesa. Outra variante é de que a chegada das oliveiras no Brasil tenha acontecido há cerca de 200 anos. Na década de 1930 um imigrante português iniciou uma pequena produção em Campos de Jordão, em São Paulo. Depois de sua morte, ninguém continuou o negócio e a plantação foi abandonada. Atualmente existem oliveiras espalhadas em vários pontos do país, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Pernambuco. A maior parte das plantações tem caráter de pesquisa ou de pequena produção para consumo pessoal do proprietário. É uma pena, porque somos o décimo maior país consumidor de azeite e precisamos importar tudo o que usamos.
Pesa o fato também de que somos o país do curto prazo e as oliveiras não são plantas imediatistas. Tanto que os antigos, na Europa, costumavam plantar uma oliveira quando nascia uma criança. E ambas cresciam juntas. Os olivais demandam grandes terrenos de plantação, porque precisam de um espaço razoável entre uma planta e outra. Uma oliveira leva cinco anos para dar os primeiros frutos e tem o auge de sua vida produtiva dos 20 aos 100 ou 150 anos. Depois disso ainda vive, e muito, embora dê menos azeitonas. Torço muito para que um dia uma produção de azeite vingue neste país. Se algum empreendedor endinheirado estiver lendo esta coluna, deixo até uma dica dada por Percussi para iniciar a produção com mais chance de sucesso: compre um bom pedaço de terra na cidade de São Joaquim, em Santa Catarina, e invista no ouro líquido do Mediterrâneo.
Boa tarde; é muito bom saber que temos mais entusiastas na questao comercial do cultivo de azeitonas no Brasil, principalmente para a produçao de azeite. Sou de Maria da
Fé, no Sul de Minas, onde existem plantações e anos de pesquisa em olivicultura; lá temos oliveiras plantadas e, no proximo ano, já teremos uma boa safra. Comercializamos mudas de olivas vindas da Espanha, que produzem com 3 anos e exigem menos tempo de frio para frutificarem. Agradecemos sua citação e o entusiasmo para com o nosso azeite brasileiro, qualquer informação estamos a disposição. Obrigado!
Hugo Gonçalves
OlivaBrasil
Nota no Jornal Zero Hora, segunda, 29/01/2007, pág. 3: "Azeite Gaúcho: Depois do vinho, pode ser que o azeite invada o Pampa gaúcho. Empresários italianos visitaram Bagé recentemente e entregaram 2 mil mudas de oliveiras - que deverão dar origem a outras 40 mil - ao município. Os visitantes pretendem incentivar a produção de oliveiras no sul. Cada muda será vendida a R$ 30,00. Para preencher um hectare com a cultura é necessário o plantio de 200 mudas."
Interessante essas informações, e sou um apreciador de azeitonas e azeite de oliva, muito bom os conselhos para quem tem dinheiro e começar uma produção dessas aqui no Brasil, especialmente no Sul!