"A imprensa escrita atravessa a pior crise da história. Não apenas na França, mas por quase todo o mundo, jornais, incluindo o Le Monde diplomatique, são confrontados, há três anos, com uma queda constante do número de leitores. Isto enfraquece o equilíbrio econômico, coloca em risco sua sobrevivência e pode, portanto, ameaçar a pluralidade de opinião das democracias. As dificuldades por que passa, por exemplo, o diário francês Libération são sintomáticas de um estado geral alarmante da imprensa. Quais seriam as causas principais disso tudo?"
Ignacio Ramonet, diretor-presidente do jornal francês Le Monde diplomatique, fala sobre a Internet "que abalou a totalidade das práticas culturais (música, livro, cinema, televisão), e não poupa o campo da comunicação", e as estratégias de sobrevivência da publicação no editorial de janeiro (versão em português disponível na edição brasileira).
Elisa, não creio que a sobrevivencia dos impressos esteja ameaçada pela opção internet; mas vejo que a possibilidade de informação por novos canais afetaram a viabilidade economica de empresas que, travestidas de informativo diário, transformaram-se em veículos de propaganda e marketing, canais de opinião, classificados ideológicos e todos os demais vícios da boa e da má imprensa. Esse conceito seguramente está ancorado no valor patrimonial do jornal e alegoricamente à prática democrática do acesso a informação. A grande imprensa deve encarar a internet como um desafio, adaptar-se aos novos tempos e rever seus compromissos com os leitores; questionando a qualidade da informação que produz. A migração dos leitores aponta para uma insatisfação com a imprensa careta e ordinária que vem celebrizando o mais vil e se distanciando da atenção dos seus leitores. Hoje a internet é o controle remoto do leitor, democracia em tempo real e se a informação do Le Monde Diplomatique não resiste, zap!