um dia eu estava no meu quarto lendo um livro e ouvindo música clássica quando me veio à cabeça que eu ia morrer. tinha dezesseis anos. a música que eu ouvia não tinha nada a ver com morte. no meu quarto, sozinho, a casa dos meus pais. no livro que eu lia ninguém morria ou estava prestes a. lembro que a janela estava aberta e a rua lá fora, silenciosa. eu tive uma impressão assim bastante vívida de que caralho eu vou morrer. usava drogas, mas não naquele dia. eu bebia muito, mas não naquele dia. tive a exata, nítida, claríssima impressão de que ia morrer. eu não estava ressacado. e tive certeza: eu vou morrer. fechei o livro, desliguei o som e esperei.