Em 1998, criei meu primeiro site apenas para divulgar o livro que então iria lançar. O serviço de hospedagem era gratuito e não trazia propagandas, uma novidade maravilhosa. Gostei tanto que usei o mesmo Angelfire para hospedar o site oficial da escritora Hilda Hilst, com quem passei a residir em outubro daquele ano. Em 2000, comecei a elogiar o serviço além da medida e, claro, dancei, pois logo em seguida encheram-me as páginas com mil e uma propagandas que seguem aumentando ano após ano. Ainda em 2000, cansado de ver meu site assemelhar-se a um macacão de fórmula 1, comecei a dividir um serviço de hospedagem brasileiro com dois amigos, o fotógrafo Dante Cruz e o VJ Alexis Anastasiou. Uma hospedagem paga que funcionava e que eu vivia... elogiando.
Tudo correu muito bem até 2002, quando instalei o Movable Type, um gerenciador de conteúdo que passou a consumir em excesso o processamento do servidor. Em suma, eu mal havia lançado meu primeiro blog e já foram me expulsando. Por mim, tudo bem, afinal, estávamos os três - eu, Dante e Alexis - sempre a vagar por terras distantes uns dos outros, o que tornava o pagamento da mensalidade uma enorme dor de cabeça. De fato, vaquinha remota não funciona, a conta sempre sobra para apenas um dos interessados. Isto é, se alguém se lembrar de pagar. E tome site bloqueado pra lá e "eu já paguei agora é a sua vez" pra cá. Putz... Decidi, pois, em 2003, finalmente abandonar nosso ProjetoSSi.com.br e iniciar a carreira solo. Só que pagar sozinho R$ 29,90 ao mês me pareceu, quando comparado a um serviço estrangeiro, um valor demasiado elevado, principalmente ao considerar a enorme diferença de espaço de HD e de taxa de transferência de dados. Webhosting no Brasil é uma piada de tão caro e de tamanha pobreza de recursos. (Compare: na hospedagem brasileira, além de pagar taxa de inscrição de R$ 30,00, o valor da trimestralidade era de R$ 89,70, ou seja, R$ 358,80 por ano, com a taxa, R$ 388,80. Isso com apenas 500Mb de HD e 25GB de transferência de dados. Nos EUA, pago R$ 118,80 por ano, sem taxa, e tenho 2GB de HD e 40GB de transfêrencia. Sacou?) E, por isso, fui para a JKAHosting.com, uma empresa norte-americana. A anualidade deles não daria para cobrir sequer quatro meses de hospedagem no nosso Brasil, o país dos impostos. Uma pechincha! No entanto, o espertão aqui, à guisa de experiência, começou pagando apenas seis meses. Pensaram o quê? Que eu era bobo? Nããão.
E foi ótimo, o blog funcionou perfeitamente. Logo, ao final daquele semestre, confiante e cheio de elogios (escritos em meu blog e em alguns fóruns), paguei por mais um ano. E não é que a partir daí o diabo do serviço começou a dar mil problemas? Sim, eu era um bobo mesmo. Os bugs e downtimes eram tão numerosos que meu inglês, de tanto reclamar com o suporte técnico, ficou afiadíssimo. Muito embora, ao cabo daquele ano, minhas mensagens se assemelhassem mais a um roteiro do Tarantino que a um diálogo oxfordiano: "Hey, dude, where is my database? What is going on, you mother fuckers? What did you do to my fucking script, you cock suckers?" Enfim, minha relação com a JKAHosting terminou feito o divórcio litigioso do casal Rose. Os caras me odiavam de coração e certamente se arrepiavam quando recebiam meus e-mails. E sei disso porque o serviço foi ficando cada vez pior, uma vez que eu já havia pago a anualidade e eles estavam pouco se lixando se eu iria ou não permanecer até o fim. Sim, permaneci só de birra, aumentando meu carma digital... putz.
Quem utiliza blogs e sites gratuitos não faz idéia da dificuldade que é encontrar um novo serviço de hospedagem. É preciso pesquisar em mil e um fóruns especializados, ler centenas de depoimentos e escarafunchar dezenas de diretórios voltados ao tema - tal como o FindMyHosting.com - e sair escrevendo "webhosting tal sucks" e "webhosting tal rocks"" Google afora, enfim, a maneira mais rápida de descobrir se o serviço é confiável ou não. Há sempre alguém achando que este serviço rocks e aquele outro sucks. Foi através deste complexo procedimento que encontrei, em 2005, meu atual serviço de hospedagem, o RoutHost.com. Um ótimo webhosting, diga-se de passagem, o qual levei, malgrado meu, dois anos para elogiar. (Eu sou burro mesmo.) Escrevi, digamos, uma nota apologética no início deste ano - no meu blog e em fóruns (again) - e obviamente tudo começou a desandar. Por que eu não me segurei, cazzo? Por que não resisti? Comigo tudo se passa como se um webhosting eficiente fosse uma garota linda, inteligente, gostosa e com um grande senso de humor, algo assim que clama por elogios. "But your site is causing load issues in the server", passaram a me escrever. E esta semana, após mil e uma trocas de e-mails educados - sim, agora sou um gentleman com qualquer suporte técnico, pois o serviço melhora 100% - esta semana minha conta foi ainda assim suspensa, não tenho siteanymore. Adeus, 1800 visitantes por dia! Sou novamente um "sem-blog". Sinto-me tão leve que não consigo parar de cantar...
Caiporismos à parte, é melhor você parar de elogiar esse pessoal, meu caro. Não caberia um processinho no traseiro hipertrofiado desse pessoal, não? É grave o que eles fizeram, ficamos todos órfãos desse blog genial que vc mantinha e eles descumpriram acintosamente a parte deles no contrato. Mas já é consolo poder lê-lo aqui até que a pendenga seja resolvida. abração