São Paulo terra da garoa, da garota, do catador de lixo, do empresário milionário, do nordestino sonhador. São Paulo dos poetas, dos literários, dos jornalistas, dos que madrugam. São Paulo das diversidades, das adversidades, das inúmeras tribos, do teatro, da madrugada agitada que começa já na terça-feira e se estende até domingo dando um breve cochilo na segunda-feira.
São Paulo em um junho onde aconteceu a maior parada gay do mundo. São Paulo de todos nós, não necessariamente Paulos, mas também Marias, Antônios, Jaymes, Renatas, Zés; e ainda dos que não têm nem um nome, muito menos um olhar.
São Paulo pra tomar chá no pátio do colégio e pensar na vida. Pra visitar o novo café do Centro Cultural Banco do Brasil e deixar escapar alguns saltantes pensamentos. São Paulo onde há muito mais que um "outro eu" proposto por Lacan, onde descansam Nietzsches adormecidos, ainda ocultos e onde amanhecem tantos Joyces, boêmios, indiscutíveis em suas odisséias particulares. Onde o pão fresquinho faz par com a manteiga amanhecida, onde o café é um vício, o cigarro, um veneno e a poesia, apenas mais uma possibilidade. São Paulo, acima de tudo, pra andar de tênis, munido de uma boa câmera digital numa manhã de domingo.
São Paulo por um momento de Anish Kapoor e sempre de Oiticica, das experimentações de Lygia Clark e das inquietações de Clarice Lispector. São Paulo do português exemplar de Bento 16 contrastando com o vergonhoso e desprezível de Lula.
São Paulo em um mês colorido de junho, pra conferir, alguns desses olhares e sensações, dentre tantos outros e tantas possibilidades mais. Com o coração, indico alguns insights para este junho:
Museu da Língua Portuguesa: Clarice Lispector - A Hora da Estrela
Com curadoria de Júlia Peregrino e Ferreira Gullar, a exposição pretende revelar as diversas facetas da controversa escritora que morreu há 30 anos. O Museu da Língua Portuguesa está comemorando um ano de sucesso.
MASP: Darwin - Descubra o homem e a teoria revolucionária que mudou o mundo
A mostra traz diversos objetos e criaturas do biólogo Charles Darwin (1809-1882), formulador da Teoria da Evolução. No MASP até 15 de julho.
Pinacoteca do Estado de São Paulo: Niobe Xandó - A Arte de Subverter a Ordem das Coisas
Trata-se de uma retrospectiva com 182 obras desta artista pioneira do realismo fantástico brasileiro. Até 24 junho.
Pinacoteca do Estado de São Paulo: Imagens do Soberano - Acervo do Palácio de Versalhes
Exposição organizada pelo Museu do Palácio de Versalhes na França. Todas as obras foram reproduzidas especialmente para o Palácio e representam a autoridade do rei e sua família.
Além de várias mostras fotográficas que percorrem os corredores da Pinacoteca. Até 05 de agosto.
Estação Pinacoteca: Leo 50
No ano em que o artista cearense Leonilson completaria 50 anos, a Pinacoteca celebra sua obra com uma exposição na Estação Pinacoteca.
A mostra apresenta 96 desenhos, originalmente publicados na Folha de S. Paulo, entre 1991 e 1993. A exposição pretende ampliar as possibilidades de leitura e compreensão da obra do artista, revelando aspectos de sua produção. Até 20 julho.
MAM - Museu de Arte Moderna de São Paulo: Modernidade Negociada: Um Recorte Da Arte Brasileira Nos Anos 40
Explora a produção de artistas que não seguiam os cânones do primeiro período do modernismo brasileiro, quando a temática predominante era de caráter nacional-populista, sob o patrocínio de Getúlio Vargas. São cerca de 40 trabalhos de Oswaldo Goeldi, Alberto da Veiga Guignard, Aldo Bonadei e Lygia Clark. No MAM até 08 de julho.
Centro Cultural Banco do Brasil: Antônio Manuel - Fatos
A exposição sintetiza de forma instigante a múltipla produção artística de Antonio Manuel, de 1960 até hoje. São cerca de 70 obras, entre as quais estão uma instalação inédita realizada exclusivamente para ocupar a rotunda do CCBB São Paulo e a construção de uma série de Muros, criada para dialogar com a arquitetura do espaço. Curadoria de Paulo Venancio Filho. Até 08 de julho.
Instituto Tomie Ohtake
Mostra de gravuras de um dos mais importantes artistas brasileiros: Iberê Camargo. Até 05 de agosto.
Galeria Nara Roesler
Brigida Baltar reúne desenhos, objetos e fotografias. Até 30 de junho.
Fundação Maria Luisa e Oscar Americano
A casa possui um acervo de 1.500 peças, entre pinturas, mobiliário, prataria e louças. Entre os destaques estão uma série de oito quadros do holandês Frans Post e telas de Candido Portinari e Lasar Segall. Maiores informações pelo telefone (11) 3742-0077.
Mesmo não morando em Sampa, vale a pena fugir para cá todos os finais de semana. Aqui, tudo acontece, tudo começa. Boas dicas, vou conferir cada uma delas.
Confesso que gostei do começo do texto, cheio de sensibilidade, em que qualquer bom paulistano se identifica, e ainda mais quando vi meu nome lá escrito. Mas em uma frase um sentimento de estranheza cobriu tudo o que eu havia lido antes: comparar o português do Bento 16, um estrangeiro, com o do ex-presidente Lula, dizendo que o do primeiro é exemplar e o do segundo é vergonhoso e desprezível, me soou bem estranho. Ideologias à parte, e quando se cita no próprio texto os nordestinos que pra São Paulo vieram, o português de Lula, impróprio talvez em certas ocasiões, é o mais original e exemplar do que certas palavras decoradas de um Papa. Comentário desnecessário!