"Quem não está vendo Paraíso Tropical? O título já é de uma originalidade marcante. Mas vejam o salto dado em termos de complexidade da trama. Normalmente, numa boa novela brasileira, dois homens, pai e filho, por exemplo, disputam uma mesma mulher. Na novela seguinte, dá-se uma reviravolta criativa: duas mulheres, mãe e filha, disputam o mesmo homem. Em Paraíso Tropical, num golpe genial de criatividade, a mesma mulher disputa os mesmos homens consiga mesma. Não é fantástico? A boa e a má, ambas igualmente gostosas, lutam pelo galã. Imaginem o que isso permite em termos de combinações. Antes, a mocinha só podia ser mostrada em cenas picantes com o seu par romântico. Isso era decepcionante, pois reduzia em muito as possibilidades que incendeiam a imaginação dos telespectadores. Agora, graças a essa sacada original, a mesma gostosa pode competir consigo mesma e cair nos braços do mocinho, do bandido, do jovem, do velho, do rico, do pobre, de tudo mundo. É uma grande festa combinatória."
Mulheres de Areia de Ivani Ribeiro já tinha feito isso em 1973 com Eva Wilma, nos papéis das gêmeas Ruth e Rachel, e em 1993, com Glória Pires. Glória Pires aparece agora na novela, mas em outro papel. Uma boa idéia, mas nada original, apesar do sarcasmo do comentário acima... Preferia uma história que falasse mais de como o Gilberto Braga aprendeu sobre a classe alta brasileira indo tomar Coca-Cola no Pérgola. Cultura popular brasileira é sensacional!
A grande surpresa dessa novela é surpresa também até para o Gilberto Braga, autor de Paraíso Tropical: a popularidade dos personagens do núcleo mais perverso da trama, Bebel (Camila Pitanga), Olavo (Wagner Moura), Marion (Vera Holtz) e Taís (Alessandra Negrini). Em suas próprias palavras: "A grande surpresa, ao menos para mim, é que eles não são vistos propriamente como vilões. Acho que muita gente perdeu completamente o sentido de ética. A coisa está feia, viu?"