Não há escrita sem alarde. Ela é a terra do lavrador, um evento fatal. E um livro se remete para o outro, não apenas para si. Somos, enfim, responsáveis pelo que escrevemos. Com reflexões como essas, entrecortadas por frases e obras de diversos autores, Márcia Tiburi, filósofa graduada em filosofia e artes e mestre e doutora em filosofia pela UFRGS, além de autora de livros como Magnólia, discorreu sobre o significado da escrita para os alunos do Curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema de São Paulo.
Citando Roland Barthes, Márcia acredita que literatura é uma instituição. Conforme A teoria do romance, de Georg Lukács, afirma que ela cria um degrau de espírito que nos afasta da barbárie, é o chão de onde toda a cultura se ergue e nos asfasta da violência. E interrogou, deixando a resposta para cada um: a Internet vai salvar o mundo, o livro acabou?
Márcia também discorreu sobre a figura do escritor. "Hoje o escritor é provocativo, abre janelas, desimbecializa. O leitor não é imbecil, mas um escritor pode transformá-lo em um. Ele escolhe, mesmo sem escolher, a escrita e tem sempre um ritual para o seu ofício, que pode ser tanto colocar um chapéu, fazer silêncio ou tomar um copo de vinho". E lembra: "O escritor primitivo é maravilhoso, mas conhecer a estrutura não faz mal a ninguém".
Para ela, uma escrita política se relaciona com a democracia, partilha do sensível produzido pela literatura e é essencial a um país.
É isto que a literatura é. Uma ferramenta universal. Efetivamente, a escrita permite ao homem (e a mulher) se exprimir(em), tornar uma opinião pública. Ou seja, a visão e as opiniões do mundo inteiro são representadas na (com a?) escrita, e permitem ao homem de adquirir a cultura necessária não só para sua vida como também para sua edificação moral.