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Quarta-feira,
18/7/2007
Escrever não é para amadores
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"Escrever não é para amadores. Tem que ter um olhar humano, angústia. E não é só vaidade. Escrevo para me vingar de algo. Escrevemos para estarmos abertos à possibilidades. Dizem que a voz do escritor somente aparece na fase adulta. Que voz é a sua? Onde se situa? Ao encontrá-la, você envereda no mistério", conclui o escritor Marcelino Freire, autor de Contos Negreiros, livro ganhador do Prêmio Jabuti (categoria contos, em 2006).
Os alunos do curso de criação literária da Academia Internacional de Cinema de São Paulo ouviram atentos às suas dicas. "Mensagem é para livro de auto-ajuda. Se tiver preocupado com isso, desista. O texto tem que ser uma verdade que pode ser falada ao ouvido". Para ele, não existe discurso sem conversa com leitor e eficiência por eficiência não diz nada. "O restante é um vôo no escuro. Tem foco no que quer escrever? Continue para ver se isso é verdade".
Sobre seu ritual na hora de escrever, afirma detestar pesquisar, mas procura sempre envolver novas palavras ao seu vocabulário. "Não gosto do conhecimento, mas das palavras. O ouvido aberto é importante". Marcelino também declara que não tem história para contar, apenas frases. "Encanto com faíscas. Se não termino um conto, perderia uma música. Escrevo e depois coloco elemento narrativo. Ajo dessa maneira porque não consigo ser linear. Tenho essa deficiência".
Conta ainda que gosta de reunir textos pelo que há de homogêneo neles, pois acredita que um livro não seja um depósito. "Contos Negreiros é sobre alguém que está chegando na cidade, para desabientados. Escrevo somente para eles", conclui. Já BaléRalé são contos com temática homossexual. "Me cerquei de livros sobre o tema". Angú de Sangue virou peça de teatro montada em Recife. Porém, Marcelino afirma ter sido uma exceção. "Escrevo pontuado, mas não me peça para adaptar. Não vou virar roteirista ou dramaturgo. Sou escritor".
Sobre o tema de seus livros em geral, revela que se trata apenas de um: da doença da comunicação, do cada um por si, do mundo da cidade. "Meus personagens são fudidos. Não dialogam. Não é angústia do que sou, mas dos outros, em busca de afeto".
Postado por Marília Almeida
Em
18/7/2007 à 00h59
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