Quem viu, gostou. Quem perdeu, só poderá ver em 2008. O 15º Anima Mundi terminou no último fim de semana, em São Paulo, com destaque acalorado para os russos.
Alexandr Petrov, vencedor do Oscar do melhor curta de animação em 2000, por O velho e o mar (adaptação do clássico de Ernest Hemingway), levou a premiação pelo melhor filme eleito pelo júri profissional em 2007: Moya Lybov (Meu amor).
Absolutamente artesanal, o curta vencedor foi produzido em pedaços de vidro pintados a óleo e fotografados quadro a quadro. Petrov mergulhou os próprios dedos na tinta, imprimindo ao trabalho uma atmosfera impressionista, plenamente viva. Tarefa que consumiu três anos do artista.
Moya Lybov contraria todo o aparato digital disponível para a animação moderna, desde a padronização de traços e cores até a inserção de novos formatos, como o 3D. Embora o roteiro do curta fosse denso e bem amarrado, não foi o escolhido pelo júri popular, que preferiu outro russo como o melhor do Anima 2007: Lavatory love story, de Konstantin Bronzit.
O trabalho de Bronzit, outro mestre da animação, traz um roteiro mais espirituoso, característica que a platéia popular ainda privilegia, sem contar a originalidade e a expressividade visual. A própria linguagem da animação favorece esse clima humorístico ao grande público, deixando as impressões mais acuradas com os jurados profissionais.
E como já se previa, Até o sol raiá, curta brasileiro de Fernando Jorge e Leanndro Amorim, mostrou que a animação nacional está alcançando níveis superiores de maturidade e sofisticação - tanto na trama quanto no visual. Não por menos, o trabalho dos pernambucanos venceu dois prêmios: melhor curta brasileiro e melhor primeira obra.
Tantos outros agradaram mas não levaram, tamanha a diversidade de boas produções selecionadas nesta última edição. O festival cresce a cada ano e estimula os incentivos para a animação nacional. Não dá para perder.
Taís, tive a oportunidade de ver o premiado Lavatory Love Story, do Bronzit, e tenho que concordar que o público pode ter se deixado levar pelo história repleta de humor, mas a animação não fica atrás, com seus traços talvez já batidos, e que lembrem outros desenhos clássicos, mas de uma delicadeza sem igual. A animação consegue explorar todos os seus ângulos, restritos, mas ainda encantadores. E viva os russos, que cada vez mais percebo serem difíceis de decepcionar em qualquer arte, assim como os coreanos (que, logicamente, também estavam no Anima Mundi com uma bela animação).