Dois anos, duas Flips (com a minha participação) e muita decepção, para não falar tristeza, com parte da platéia desta feliz e sempre surpreendente festa literária.
Poxa vida, observei, tanto em 2006 quanto em 2007, o respeitável público vaiar autores pelo seu posicionamento político ou econômico. Isto é muito feio!
Uma das "tomatadas" aconteceu na mesa composta por Robert Fisk e Lawrence Wright, quando o primeiro ofendeu o segundo, ao asseverar que a questão postulada era idiota e, ainda, cutucou: "só podia vir de um americano".
Ato contínuo, a platéia apoiou Fisk e o resultado: vaias para Wright.
Assim foi que, imediatamente, me lembrei da mesa composta por Christopher Hitchens e Fernando Gabeira, na Flip de 2006, onde o mesmo aconteceu. Gabeira, como Fisk, achou que estava em um duelo. Conseqüência: tentou humilhar Hitchens. Pior, o respeitável público chancelou! Resultado: "ovos" em Hitchens.
Repito, nada pode ser mais feio do que ver pessoas esclarecidas, a maioria, acredito eu, jornalistas ou representantes da filosofia humanista, apoiarem tudo o que é contra os EUA, o maior vilão da história.
Por exemplo, Fisk, o adorador de carnificina (quem estava lá reparou na carga dramática que ele imprimiu na leitura de seu livro onde descreveu cenas horríveis de guerra), infantilizou a questão de Wright, demonstrando não só imaturidade frente à questões propostas, bem como deixou escapar com seu "pseudo-brilhantismo" o verdadeiro cerne da questão: discutir a cultura anti-americana e os motivos de uma guerra invisível.
Odiar todos os americanos não é meio maniqueísta? Por acaso todos os americanos assinaram uma "declaração" de quererem destruir o mundo, em especial o Brasil?
Será que não há uma pontada de ciúmes against EUA? Sei lá, pode ser sonho meu, mas será que não gostaríamos de ser os EUA?
Pois bem, a mim parece que o respeitável público repete a postura da juventude dos anos 60, esperneando chavões sem a menor contextualização fática, como a que o FMI é o único culpado pela crise brasileira (e não os nossos próprios governantes e o povo, por que não?) e que todo americano é burro e egoísta!
Vamos cair na real?
Desta forma, restam duas reflexões ao respeitável público, a primeira nas palavras de Sören Kierkegaard, "a inveja é admiração sem esperança" ou vaiar ratificando pensamentos tão antigos e retrógrados são a escusa intelectual de hoje em dia?
Fazia tempo que eu não via uma crítica tão lúcida, sobre esse tipo de comportamento. Realmente, vaia só cabe, mesmo, em campo de futebol, jamais num encontro de gente inteligente
Ótimo texto. Triste saber que ainda tem gente com preguiça de pensar - inclusive em reuniões de pessoas supostamente inteligentes. Céus! É o fim do mundo!
Lamentável pessoas desse escalão com atitudes de zé povinho... Depois o povo segue essa atitude e ninguém sabe por quê... Educação é a base de qualquer relação!