Neste final de ano, o jornal de literatura contemporânea O Casulo irá completar dois anos de existência. E não foram poucos os desafios que esta publicação foi se impondo ao longo de cinco números. Como a quarta edição, dedicada à literatura de hoje feita na América Latina; ou mesmo a quinta - reservada ao exercício da crítica de poesia -, onde diversos autores deram a cara a tapa, mas também vestiram luvas de pelica...
Talvez o maior desafio dos editores Eduardo Lacerda e Andréa Catrópa esteja na nova fase a ser inaugurada na edição número seis, que terá lançamento na proxima sexta-feira (10 de agosto, a partir das 19h30) na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, em São Paulo.
Uma edição voltada aos alunos do ensino médio da rede pública paulistana. O cantor, músico e compositor Zeca Baleiro é o entrevistado desta edição. E o time de poetas que demonstra como é parte da produção poética contemporânea brasileira é composto por Angélica Freitas, Marcelo Montenegro e Ronald Polito.
A especificidade desta edição, assim como do número sete previsto para novembro de 2007, foi possível graças ao apoio do VAI - Valorização de Iniciativas Culturais - projeto da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo.
Com um bocado de paciência e insistência O Casulo passa, nos números seis e sete, de uma tiragem de três mil exemplares para 30 mil exemplares (seria a maior tiragem de uma publicação literária no Brasil?). A distribuição será gratuita, inclusive em bibliotecas públicas e escolas de ensino médio da rede pública da cidade de São Paulo. Também serão organizadas 20 oficinas de criação literária e o "1º Concurso Saia do Casulo" para alunos do ensino médio.
Quem sabe mais importante do que o direcionamento tomado por ora, seja o fato de que o editorial esteja aberto a captar diversos questionamentos sobre a literatura hoje - algumas vezes de maneira didática devido ao direcionamento proposto -, não só para os estudantes, como também para o público em geral. O que é poesia hoje? Quais os pontos de contato entre ela, a música e a literatura? O que haveria de novo e possível a ser feito?
Andréa ainda aponta: "outro dia, o professor Roberto Zular observou uma coisa interessante: nós poetas estamos usando a Internet quase sempre como usamos os suportes impressos. De fato, pouco fazemos hoje que seja poesia especificamente para o meio eletrônico, ou seja, que aproveite as potencialidades do som, da imagem em movimento etc. Será que temos medo de não sermos sérios?".
O Casulo, ainda que firmado em prensa, lança os dados do novo e quem sabe realize o impensável. 30 mil exemplares de papel-jornal em tempos de internet. Seria, portanto, remar contra a maré? Não se pensarmos que o meio impresso, apesar de convencional, tem suas vantagens e se ajusta à proposta. Resta saber como a própria publicação irá explorar as possibilidades do blog neste número e lidar com seu formato daqui em diante.
Para ir além O Casulo - Jornal de literatura contemporânea - lançamento da edição número 6 - Dia 10 de agosto, às 19h30 - Biblioteca Alceu Amoroso Lima - Rua Henrique Schaumann, 777 - Pinheiros - São Paulo.
Muito boa a matéria, Elisa! Adorei a definição do Casulo 5 e seu exercício crítico onde os "autores deram a cara a tapa, mas também vestiram luvas de pelica". Beijos
Fazer um jornal impresso hoje em tempos de internet é prova de coragem. Daí que dou os parabéns aos criadores de O Casulo, Andréa e Eduardo, que, aliás, gentilmente me mandaram vários números. Vida longa e muito sucesso ao projeto como um todo.