Estava eu no Tuca, teatro da Puc, discutindo sobre dívida da instituição, de mais de 80 milhões de reais, com o banco Bradesco e com o banco Real, com meus colegas, quando uma menina (maior e capaz), da minha classe, ou seja, que estuda Direito comigo, pega o microfone e diz: "a culpa da Puc estar neste buraco é do FMI e do BIRD".
Metade da platéia aplaudiu, a outra metade consentiu! Me senti um idiota! Como é que a culpa poderia ser do FMI e do BIRD? Em primeiro lugar, eles sabem que a Puc existe? Eles ajudaram no desvio de dinheiro da universidade? Já sei, houve a formação de uma quadrilha: o Reitor, o Bird e FMI bolaram juntos o plano. Até porque 80 milhões de reais é muito dinheiro para FMI!
No ventre desta história está o que eu vou levar da faculdade. Você entra na faculdade achando que o mundo é pequeno: seu colégio, o clube e quiçá o cursinho, mas não é! As pessoas têm histórias de vida diferentes. Acreditam em coisas diferentes, mas principalmente possuem medo de crescer!
Digo isto, porque a garota ao repetir o discurso de que a culpa é do FMI faz o mesmo que a criança que não vai ao banheiro à noite porque tem medo do monstro embaixo da cama: não enfrenta a realidade.
Não sejamos ingênuos: o FMI não está nem aí com a Puc. Esta precisa de seriedade no ensino, transparência na prestação de contas e, principalmente, moralidade administrativa em todos os atos! Se você acha que não é só a Puc que precisa disto, não é mera coincidência.
A Puc é um retrato do Brasil em pequena escala! Pessoas querendo levar vantagem, pessoas levando vantagem e, óbvio, esquemas de corrupção. Mas nem tudo está perdido: há bons professores e cursos reconhecidos. Como em qualquer lugar, há pessoas que defendem idéias retrógradas porque não querem enfrentar a realidade.
A redoma da infância ainda não desapareceu.
Se há pessoas que acham que o Lula não sabia da corrupção em seu governo, qual é o problema de estudantes acharem que a Puc está falida porque o FMI quer?
Na verdade este é o problema do Brasil: desculpas tangentes, de pessoas intelectualizadas, que em vez de enfrentarem os problemas, se escondem embaixo da saia da mamãe.
Ora, estudem, entendam de economia e administração de empresas para ver como tanto a Puc, quanto o Brasil podem desenvolver políticas econômicas ou sociais sustentáveis com a realidade fática!
Criticar é fácil. Criticar citando frases dos anos 60, mais ainda! Nem criatividade, você teve!
Por outro lado, a diversidade cultural tem seu lado extremamente positivo. As pessoas têm idéias diferentes de sucesso, status e o contraste sócio-econômico pode te ajudar a perceber que determinados comportamentos tidos como normais para você não o são em outras famílias.
O choque da realidade pode te fazer acordar para a dificuldade de atingir seus sonhos ou te fazer sair do conto de fadas que você vivia! Enfim, amadurecer.
No mesmo sentido, o grande aprendizado será aprender de uma vez por todas a respeitar o diferente. As idéias contrastantes das suas não são necessariamente incorretas! Mas cuidado, conforme colocado no início deste artigo, há muita gente defendendo frustrações de décadas passadas.
Mas, o mais importante, é notar que cada um, é cada um. Respeite e tire o seu melhor.
Clap clap clap clap! Realmente, é mto fácil sair culpando os "monstros capitalistas" antes de avaliar a situação. Esse discursinho "de esquerda", para mim sempre esteve pra lá de fora da realidade, mas hoje está mais do que nunca. Também acho que se as pessoas tivessem um mínimo de educação (não estudo, mas aquela que se aprende em casa) não teriam capacidade de fazer algo como a corrupção, simplesmente porque "minha mãe me ensinou que é errado", sem haver necessidade de estudar as possíveis teorias sociológicas decorrentes disso. Infelizmente o brasileiro já se acostumou com a corrupção. E "a zelite" é que pagam o pato.
Ah sim, a culpa é sempre de um outro alguém. Enquanto isso, a classe média, que muito poderia contribuir, com exemplos ou mobilizações - pois não lhe falta acesso à informação -, demonstra um certo desinteresse, e olha apática a desforra dos políticos e dos dirigentes das instituições nacionais.
E metade do auditório aplaudiu! Esta é a parte mais triste da coisa. Frases feitas que não dizem nada ou irreais são a papinha oferecida nas grandes faculdades hoje em dia. Salvam-se alguns cursos, alguns professores... Mas a grande maioria é esta porcaria que se vê!
Abs.