Arnaldo Jabor é o Galvão Bueno da política e da cultura: faz lá o dele, gritando como pode e se indignando bastante, inclusive a favor. Aliás, coisa bem interessante essa de se indignar a favor. Chega a ser uma revolução na arte da polêmica: concordar com tudo, mas balançando a cabeça de um lado para o outro, dizendo "tsc, tsc, tsc".
Jabor se faz de analista da pós-modernidade, muito embora pareça que a pós-modernidade seja uma invenção dele para justificar, como sintoma, a própria verborragia, quase sempre chamuscada de erudição. E o riso vulgar a contento. E cinismo, também. E um terno desalinhado às vezes. E bastante cuspe enquanto fala.
Volta e meia, ele fala de novidades como a "des-referencialização" do real, o fim das fronteiras, a falência de utopias e ideologias. Repete o mantra (agora a gente tem que usar essa palavra, "mantra", quando fala de alguma repetição, já viram?) da inexistência de esquerda e direita, da necessidade de ultrapassar o maniqueísmo. Engraçado. Se não me falha a memória, em 82,6% de seus artigos, Jabor faz reduções do tipo "Antigamente" versus "Hoje".
E justamente sua melhor qualidade - a de ser ex-cineasta brasileiro, num País em que todo mundo é cineasta wannabe - também está indo pro brejo: ele está rodando outro filme. Sugeriram como título Eu te odeio, mas ele achou que era elogio.