A poesia é, simultaneamente, fruto do trabalho e do talento, talvez mais daquele do que deste. E lembramos aqui as palavras de Goethe: a obra de arte é 99% de suor e 1% de gênio. Nenhum poeta jamais matou a inspiração, nem mesmo o antilírico e realista João Cabral de Melo Neto. Se a tivessem assassinado, quero dizer, a inspiração, a poesia estaria morta. Convém apenas esclarecer que a inspiração não é um transe mediúnico, mas um longo e complexo processo, a um tempo metal e emocional que me parece indispensável à criação artística. Mas não é só de inspiração que vive um poema. Ela é apenas, quando o é, um ponto de partida que pode (ou não) levar um poema até o fim.
Ivan Junqueira, o último que eu conheci na Fliporto, em entrevista, de novo...