Na sala de imprensa, vejo Sergio Rodrigues atendendo a um pedido de Ancelmo Gois, d'O Globo. Eduardo Carvalho também freqüenta o lugar, mas permanece alheio às necessidades dos jornalistas que, ao meu lado, comentam quais mesas devem participar. "Você faz aquela". "O Caco Barcellos não vem". "Preciso mandar o texto para o jornal depois do almoço". Esse tipo de conversa é bastante comum por ali.
Enquanto isso, perto do começo da coletiva com o escritor francês Pierre Bayard ― autor do livro Como falar dos livros que não lemos? ― uma nova categoria de repórteres se faz presente no encontro com Neil Gailman: o jornalista-fã. O autor nem precisou contar piadas para que ganhasse o riso dos que ali estavam para entrevistá-lo. Mais do que isso: ao final, muitos correram para pedir autógrafo. E depois reclamam dos blogueiros...
Na coletiva, Bayard respondeu com ironia à pergunta inicial feita por este repórter: "Por que devemos ler o seu livro?". Para o autor, o importante não era efetivamene ler o livro, mas, sim, comprar o livro. Segundo Bayard, que também assinou romances policiais, o fundamental é que as pessoas, de alguma forma, entrem em contato com a leitura. E, por tabela, rechaçou a idéia do cânone, tal qual defendida pelo crítico Harold Bloom. "São os leitores que devem construir seu próprio cânone", concluiu.
No ano passado estive na bela FLIP. Acabei não frequentando as coletivas (preferi dar prioridade às mesas) e não vi essa tietagem. Mas só de ler, já sinto vergonha pelos "profissionais da escrita"...