Ele pediu para ela levar a vida adiante e ela levou, mas se ele tivesse pedido para ela esperar, ela teria esperado. Se fosse para enlouquecer, ela teria pirado. Nada seria difícil demais.
Ele teria dado todas as rosas no dia dela, mas todas ainda não seriam o bastante porque o que ele quer dar não tem nome, não tem tamanho, não existe nem quando é grande demais. Ela sabe, ela chora, ela espera. Um mundo de cores e sonhos que ventam, que fogem, que chegam e se vão.
Eles sabem.
Ela tece vestígios de amor e ele finge que não é com ele só pra ouvir ela cantarolar baixinho seu nome no meio da imensidão. Um vazio tão grande de fundo e um mundo prestes a explodir diante deles.
Eles esperam.
Ele pára de respirar para que ela tenha um pouco mais da vida dele pra ela. Ela sabe. Morrem num sopro e se deixam levar pelo tempo. Pela sorte. Por amar.
Os amores impossíveis, que não são tão impossíveis assim, têm uma particularidade singular. Todos, indiscultivelmente, trazem algum sofrimento aos amantes. Digo não tão impossíveis, porque na maioria das vezes, um componente do par ama mais que o outro. E o que ama mais está sempre pronto para a qualquer momento, voar e viver o amor possível. Basta o outro abrir os braços e ter coragem de encarar tudo o que for possível.
Todos são possíveis desde que haja coragem na entrega, mas cada vez mais criamos uma grande cadeia de operações distanciadoras, por medo das situações frustrantes que acompanham esse encantamento...