O livro Guerreiros Paraolímpicos ― Vida e magia (Thesaurus, 2008, 200 págs.), de Patrícia Osandón, começou, para mim, com uma linda frase: "que os atletas paraolímpicos possam trazer nova luz à sua vida".
A dedicatória da autora sintetizou minha leitura. Tive uma nova luz. Percebi o quão mesquinho e derrotista é reclamar por pouco. Percebi, também, que força de vontade é o sobrenome desses atletas. As histórias narradas no livro demonstram pessoas que não só superaram a deficiência física, mas também a desigualdade social. A maioria dos atletas vem do sertão do Nordeste e são de famílias não abastadas. É impressionante que consigam treinar e, ainda por cima, se destacar.
A autora faz um breve relato da história dos atletas, da origem das suas deficiências e descreve-os em suas rotinas, tudo em ordem alfabética (sem discriminação, portanto), não se esquecendo jamais de passar uma mensagem: otimismo!
O livro realça a humildade e a trajetória vencedora dos atletas, lembrando de dar voz própria a eles. Rivaldo Martins, bicampeão mundial de Ironman, categoria Physically Challenged, em 2001 e 2003, que teve a perna esquerda amputada após um acidente de ônibus, faz o seguinte depoimento: "o processo de inclusão social tem ajudado bastante. Mas, infelizmente, muitas coisas têm que ocorrer por pressão. Não adianta ficarmos falando palavras lindas, se não há acessibilidade e condições para que a pessoa com deficiência possa viver. É preciso que as leis sejam cumpridas de verdade".
Se por um lado o método de relato chega a ser cansativo, por outro lado reforça e conscientiza o papel do atleta, que, mais do que alguém comprometido com a competição, é alguém comprometido com a sociedade.
Sim, é o atleta paraolímpico que tem uma grande parcela de responsabilidade no processo de baixar a carga de preconceito, fazendo a sociedade conscientizar-se que o que importa é a sua personalidade e não sua pseudolimitação.
Um ponto que merece destaque é o capítulo denominado "Quinto Elemento". A autora traz diversos depoimentos de personalidades de diferentes áreas, tais como Bernardinho (do vôlei) e Mauricio de Sousa (dispensa apresentações), para mostrar como cada um pode fazer sua parte no difícil e vagaroso processo de integração social.
Acima de tudo isto, a autora tenta e consegue despertar em nós a seguinte pergunta: qual é o nosso papel na sociedade?
Se você estava achando que a pergunta era "o que você faz pelos deficientes?" é melhor começar a ler o livro o mais rápido possível. Mais de 24,5 milhões de pessoas precisam de você!
Daniel, parabéns pela resenha! É sempre preciso que mais pessoas como você e a Patrícia Osandón abram nossos olhos para a infundada discriminação contra os deficientes físicos, e o papel de cada um de nós na construção de uma sociedade mais humana.